Domingo, 11 de maio de 2008. Em pleno Estádio da Luz, na última jornada de um campeonato pouco memorável para o Benfica (4.º lugar), Rui Costa tem um dos dias mais memoráves da carreira: o último.

O «maestro» pendura as botas aos 36 anos depois de uma carreira riquíssima que o levou a inúmeras conquistas em Portugal e por Itália, onde representou a Fiorentina e o Milan entre 1994 e 2006.

Rui Costa encerra a carreira numa receção ao V. Setúbal, ganha pelos encarnados por 3-0. O 10 das águias, como comprova a crónica do Maisfutebol, andou a noite a cheirar o golo que abrilhantaria ainda mais o adeus. «Continuava no seu festival privado, com túneis aos adversários e assistência, mas a baliza e o golo pareciam cada vez mais distantes», escreveu o jornalista Nuno Travassos.

Fernando Chalana, técnico interino que substituiu José Antonio Camacho dois meses antes, tirou o médio aos 84 minutos, quando o resultado era ainda de 2-0. Não muito longe de registar uma enchente (54 mil), o Estádio da Luz dedicou-lhe uma tremenda ovação, estendida ao final da partida, no relvado e, mais tarde, na sala de imprensa, onde os jornalistas fizeram também questão de prestar tributo a um dos melhores jogadores portugueses de sempre.

Depois de terminada uma longa carreira, Rui Costa deu quase de imediato o tiro de partida de outra: a de dirigente desportivo, que mantém no Benfica. «A única coisa que vos posso dizer é que não vou para o banco! Não tenho o mínimo jeito para treinador. Não tenho espírito para fazer vida de treinador, de estar sempre de malas prontas, de andar para aqui e para ali. Descobri isso quando estava no estrangeiro. Terminando a minha carreira, queria ficar no meu país, junto da minha família», disse na altura, garantindo que nenhum cargo que pudesse vir a ocupar lhe daria mais prazer do que aquele que tão bem desempenhou ao longo de quase duas décadas dentro das quatro linhas.

A 11 de maio de 2008, o Benfica e o futebol português ficavam órfãos do maestro, que semanas depois escolheria o nome do seu sucessor. «Falei ontem com o Kaká, mas ele não está para aí virado», brincou Rui Costa. O novo dono da camisola 10  seria Pablo Aimar, também ele com um percurso bonito na Luz.

Foi há dez anos.