Efeméride é uma rubrica que pretende fazer uma viagem no tempo por episódios marcantes ou curiosos da história do desporto, tenham acontecido há muito ou pouco tempo. Para acompanhar com regularidade, no Maisfutebol.

Travassos, Albano, Peyroteo, Vasques e Jesus Correia: os nomes marcaram uma era no Sporting e no futebol português. Conhecidos como «os Cinco Violinos», jogaram juntos entre 1946 e 1949, com uma eficácia demolidora, que tornou mítica a equipa verde e branca. A orquestra, conduzida por Cândido Oliveira, era de tal forma afinada que, no dia 15 de fevereiro de 1948, há 67 anos, os cinco magníficos foram responsáveis por 12 golos num jogo só.
 
Na temporada de estreia da famosa linha avançada dos Leões, 1946/47, o Sporting conseguiu o feito histórico de ter marcado 123 golos em 26 jogos, uma média de 4,7 golos por jogo. Só Peyroteo marcou 43 destes tentos, sagrando-se o melhor marcador do campeonato.
 
Na época seguinte, o Sporting tentava conquistar o bicampeonato, mas o título estava a ser disputado taco a taco com o Benfica. Até à 12.ª jornada, os leões tinham sido derrotados pelo Belenenses, Benfica e FC Porto.
 


Chegamos então ao dia 15 de fevereiro de 1948. No Stadium de Lisboa, já chamado de José de Alvalade após as obras do ano anterior, teria lugar o encontro com o Lusitano de Vila Real de Santo António, referente à 13.ª jornada, a última da primeira volta.
 
Enquanto o Sporting se mantinha no topo da classificação, alternando com o Benfica, o adversário algarvio andava pelo fundo da tabela. Para vermos a diferença entre ambas as equipas, basta dizer que, no final da época, o Sporting foi campeão, com 20 vitórias em 26 encontros, cinco derrotas e um empate, e uma relação de golos de 92 marcados e 40 sofridos. Já o Lusitano VRSA, que terminou a temporada em 12.º, em 14 equipas, venceu apenas sete jogos, empatou três, e perdeu 16, com um balanço de 29 golos marcados e 78 sofridos.
 
Ainda assim, e apesar de os resultados nessa altura apontarem frequentemente para goleadas, resultados de 12-0 não eram muito frequentes. Mas acabou por ser esse o veredicto do marcador nesse dia, naquela que se tornou na maior goleada do Sporting na época em causa.
 
E como para marcar 12 golos num jogo não se pode perder tempo, Jesus Correia encetou a contagem logo no primeiro minuto. Peyroteo fez o segundo aos 7 minutos, e Jesus Correia voltou a fazer o gosto ao pé aos 19 e aos 29 minutos. Antes, aos 28, Albano, de grande penalidade, tinha marcado também. Chegámos assim ao intervalo com um volumoso 5-0, mas a sinfonia ainda nem ia a meio.
 
Logo a abrir a  segunda parte, Travassos, aos 46 minutos, fez o 6-0. E Peyroteo voltou a marcar aos 54 minutos, seguido de Vasques aos 57. Estávamos então com 8-0, mas o marcador ainda voltaria a mexer... e muito. Peyroteo ainda tinha munições para gastar e voltou a fazer balançar as redes aos 66, 71 e 78 minutos. O 12-0 foi marcado por Albano aos 83 minutos.
 
Para que não se perca nas contas de cada um, mostramos-lhe um resumo da marcha do marcador: Jesus Correia: 1, 19, 29; Fernando Peyroteo: 7, 54, 66, 71, 78; Albano: 28 (g.p.), 83; José Travassos: 46; Vasques: 57.
 
E se este jogo acabou por ser um passeio no parque para os leões, o mesmo não se pode dizer do resto do campeonato. As contas do título só foram fechadas mesmo no final. Sporting e Benfica terminaram com igual número de pontos e a vitória acabou por ser decidida na diferença de golos, naquele que ficou conhecido como o campeonato do pirolito.