Em Portugal alguns dirigentes de futebol procuram com intensidade o próximo José Mourinho.
Quem pensar um pouco perceberá que isso é algo que nunca existirá. Mourinho só há aquele. Mas os dirigentes de muitos dos clubes portugueses não o perceberam ainda.
Só esta busca incessante do próximo-grande-treinador-jovem pode justificar algumas das apostas das últimas temporadas.
Esta ânsia permitiu a alguns novos treinadores oportunidades que sem o sucesso de Mourinho nunca teriam. José Peseiro, José Couceiro, Vítor Pontes, Carlos Carvalhal, Mariano Barreto e José Gomes são alguns dos nomes que chegaram mais cedo do que o «previsto» à primeira liga. O que não significa uma crítica ou análise negativa às suas qualidades.
Ver um jovem treinador no banco não me incomoda. Nada. Já perturba assistir a esta tendência dos dirigentes para «usar e deitar fora», algo que os mais velhos já sentiram e que agora começa a acontecer também à geração da moda.
O despedimento de José Gomes em Leiria é o último exemplo. É indecente fazer isto a um treinador: contratá-lo e dar-lhe cinco jornadas para mostrar o que vale.
Provavelmente, os jovens treinadores deveriam avaliar melhor estes convites. Mas percebe-se que tentem. Resta saber se esta é a forma correcta de gerir uma carreira, se chegar lá acima depressa é o percurso ideal, se tal coisa existir no futebol.
No fundo, este artigo serve apenas para uma pequena reflexão: existem apenas bons e maus treinadores. Independentemente da idade, como prova, por exemplo, Jesualdo Ferreira. Pelo que talvez os dirigentes do futebol português não perdessem nada em voltar a apostar em homens como Toni, João Alves ou Manuel Fernandes. Por estranho que possa parecer, isso até poderia nem ser ncessariamente mau para os mais novos. Como José Gomes deve estar a perceber a esta hora.
P.S.: Independentemente da idade, uma coisa não muda: os treinadores funcionam como «airbag»: em caso de choque sacrificam-se para que o choque não afecte os dirigentes. De facto, só Mourinho para lhes sobreviver e sair a rir. Também por isso ele é único.