O presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, revelou neste sábado, em entrevista ao Jornal das 8 da TVI que «sempre houve contratos paralelos na U. Leiria, através dos direitos de imagem e transferidos para off-shores».

Evangelista: «Quem rescindiu no Leiria não joga»

O sindicalista comentava as razões que levaram à rescisão de 16 futebolistas no clube e reagia ás palavras do presidente leiriense, João Bartolomeu.

«O presidente da U. Leiria falou em casos de polícia, está demissionário e não deu satisfações aos jogadores, que têm cinco salários em atraso», começou por dizer.

«Uma SAD que recebe 1,8 milhões de euros de direitos de televisão, 2 milhões da transferência do Carlão [ndr: agora jogador do Sp. Braga], mais dinheiro da ida de Mika e Djaniny para o Benfica não consegue pagar aos jogadores», interroga Evangelista.

«Era importante o presidente do Leiria vir dizer porque não paga e ajuda os jogadores, porque ainda ontem recebeu dinheiro de uma transferência. Não teve a humildade de ajudar os jogadores. É isso que ele deve explicar. A haver um caso de polícia é este. Agora, o presidente do Leiria parece uma mecenas do futebol português, diz que pagou antecipadamente, quando toda a gente sabe que em Leiria havia contratos paralelos, através de direitos de imagens transferidos para off-shores», declarou o presidente do Sindicato.

A letra avalizada pelos presidente do Gil Vicente e da Liga

Joaquim Evangelista fez ainda mais revelações: «Ontem fui a Leiria, os jogadores rescindiram e ficámos a aguardar uma solução. Qual era? Uma letra emitida pelo presidente do Leiria, avalizada pelo presidente do Gil Vicente e o da Liga. E quem sacava a letra? O sindicato. Queriam que eu avalizasse a letra, que era de cem mil euros, ou seja, nem garantia o valor exigido, de 300 mil euros.»

Evangelista aponta o dedo a João Bartolomeu e ao presidente da Liga, Mário Figueiredo, acusando-o de «não terem soluções e procuram-nas desta maneira». Sobre o dirigente do Gil Vicente, António Fiúza, considera que «quis ajudar» e depois fez nova confissão: «O presidente da Liga ainda fez mais! Ligou-me a dizer que tinha uma dívida a pagar-me, a mim, para eu poder ajudar os jogadores!»

O presidente do Sindicato falou ainda do fundo de garantia salarial, criado em 1998 «para ajudar o Estrela da Amadora», mas que está esgotado «porque entretanto houve outros casos». Quanto ao papel que desempenha, apenas diz que faz o que lhe compete e até exemplifica com outro clube com ordenados em atraso.

«No V. Guimarães há uma relação de confiança entre jogadores e direção, por exemplo, eu só vou onde me chamam», assegurou. «A responsabilidade não é nossa, é do presidente da U. Leiria, que assumiu a responsabilidade de pagar e não cumpriu. Isto é vergonhoso e espero que sirva para alguma coisa. O que se exige é que o presidente da Liga assuma as consequências da não solução deste problema. Mas as consequências não me importam, estou preocupado com os jogadores. O drama deles é superior às consequências», concluiu.