DESTINO: 90's é uma nova rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 90's .

EMERSON: BELENENSES E F.C. PORTO, DE 1992 A 1996

«Se o jogo durasse três horas, o Emerson corria as três horas». A frase perseguia-o, era dita nos Estádios, nos cafés onde se comentava a última jornada, em conversas de amigos. Contratado ao Belenenses, Emerson marcou uma era no F.C. Porto, nos primeiros dois anos da saga do penta.

Força, resistência, mas também uma técnica que não o fazia corar. Pelo meio campo do F.C. Porto passavam André, Kulkov, Paulinho Santos, Lipcsei, Bino...Entre eles a constante: Emerson. Jogava e fazia jogar. Destruía muito, mas sabia construir.

Aos 41 anos só constrói. O Maisfutebol encontrou-o entre betão, cimento e tijolos, na pequena cidade de Queimados, perto do Rio de Janeiro. É empresário da construção civil, uma carreira que começou ainda antes de parar de jogar, em 2008.

«Já sabia que era um mercado a crescer por causa da situação do país. Ia haver muito investimento. E a verdade é que tem corrido bem. Apostei nisto, mesmo sem experiência», conta. E está a correr bem.

Ao seu lado, um amigo de há muitos anos e outra cara bem conhecida dos relvados: «Sou sócio do Djalminha. Jogamos juntos na Corunha, ficamos amigos e entramos nisto juntos.»

Mas o futebol não está completamente posto de parte. «A construção é o meu ganha-pão, mas tenho aqui outro projeto que faço mais por distração», revela.

«Um amigo chamou-me e apresentou-me um projeto bom para treinar um clube da minha cidade, o Queimados FC. Aceitei porque conheço praticamente toda a gente, é um ambiente especial. Subi a equipa da 3ª para a 2ª divisão estadual mas ainda não pensei bem se quero mesmo ser treinador. Este foi um caso especial», explica.

Ainda assim, assume que está a «ganhar o gostinho» dos bancos, embora «gerir um grupo de homens» seja uma missão complicada. «Estou a aprender. Comecei há seis, sete meses. Vou continuar para o ano e vamos ver no que dá», continua.

Filho é avançado para «não correr tanto» como o pai

Portugal não é, contudo, passado para Emerson. «Vou aí esta sexta-feira, sabia?», revela. E depois explica tudo: «Vou a Portugal pelo menos umas três vezes por ano. A minha irmã está casada em Lisboa e o meu filho joga nos juniores do Rio Ave».

Em solo português mata saudades dos amigos. «Tenho muitos aí. O Caccioli, o Chico Fonseca, com quem joguei no Belenenses, o Vítor Baía... Mas, principalmente, o Domingos. Sempre que vou aí estou com ele e com a esposa. Estivemos juntos no F.C. Porto e no Tenerife e criámos uma ligação», refere.

Ver o filho Michel é outra das tarefas que traz na agenda. Emerson traça-lhe o perfil: «É diferente de mim. É avançado. Diz-me que assim não precisa correr tanto como eu corria.»

A pergunta sai naturalmente: é o sonho do pai vê-lo no F.C. Porto? «Eu cheguei a perguntar-lhe se queria que eu falasse lá para tentar levá-lo para o F.C. Porto, mas ele diz que está bem no Rio Ave. Quer começar por baixo. Sabe o que ele me disse? Se o F.C. Porto me quiser, eles vêm buscar-me...»

Grandes momentos de Emerson em Inglaterra: