Eric Moussambani volta a ser notícia, mas desta vez ainda antes de participar nos Jogos Olímpicos. A notícia é mesmo a sua participação, ou não, nas olimpíadas de Atenas 2004.
Aquele que ficou conhecido como «A Enguia» depois dos Jogos de Sydney 2000 quer voltar a nadar nas piscinas olímpicas este verão, mas o governo da Guiné Equatorial não lhe emite o passaporte.
«O Comité Olímpico da Guiné Equatorial disse-me que se queria ir a Atenas devia estar no meu país com o resto dos desportistas que vão aos Jogos», afirmou para explicar depois os entraves: «Desde que voltei dizem-me que falta a fotografia do meu passaporte e que por isso não me podem autorizar.»
«Assim, espero, espero...», continuou Moussambani demonstrando uma vontade inabalável em competir nas piscinas de Atenas: «Quero ir. Quero demonstrar ao Mundo que posso fazer melhor [do que em Sydney]. Baixei o meu tempo em um minuto: de 1.52,72 minutos para 57 segundos.»
Mas desde a altura em que ficou conhecido como «A Enguia», em Sydney, que os problemas burocráticos no seu país se verificam. Em 2000, Moussambani demorou os tais 1.52,72 minutos para cumprir os 100 metros livres, com uma dificuldade e um esforço que impressionaram quem viu.
Mas este episódio que foi visto inicialmente como caricato a nível desportivo valeu-lhe um patrocínio de uma marca de material desportivo que o levou por todo o Mundo para conferências e aventuras sobre as suas aventuras olímpicas.
«Viajei muito, fiz entrevistas, mas eu queria nadar. E tinha que preparar-me para Atenas», lembrou para contar como o governo do seu país não o deixou ir para o Estado Unidos treinar com uma bolsa que tinha ganho: «Podiam assinar uns papéis, ou não, para que fosse. Não sei a razão, mas não o fizeram.»
Moussambani chegou a estar em Valência enquanto teve o patrocínio, mas o contrato entretanto acabou. O nadador já não tem dinheiro e no seu país há apenas duas piscinas. «Tenho uma oferta da Florida, mas sem bolsa teria que pagar tudo», refere, para explicar a sua situação.
«A Enguia» está numa encruzilhada complexa. Continua sem conseguir treinar, pois está na Guiné e sem autorização para ir às Olimpíadas. E a própria esperança em continuar a carreira desportiva não é muita.