Jogador, sindicalista, diretor desportivo, administrador, treinador, selecionador e candidato a presidente. José Couceiro já teve estes papéis todos no futebol português. Nesta terça-feira voltou a assumir o de treinador para regressar ao V. Setúbal e substituir o lugar deixado vago na véspera por José Mota.

(Incluindo a candidatuta à presidência do Sporting como um posto) José Couceiro já esteve em sete vertentes distintas no futebol, que vão do jogo no relvado à mesa de reuniões. Desempenhou funções em defesa dos jogadores numa altura da carreira; posteriormente, também experimentou a gestão pelo lado dos clubes. Aos 51 anos, Couceiro tem muitos anos de experiência nos vários lados do desporto-rei começados nos iniciados do Sporting de Luanda.

José Couceiro esteve dois anos na equipa angolana e foi no Belenenses que se estreou em Portugal. Seguiu-se o Sporting ainda como última etapa nas camadas jovens. A carreira do defesa José Couceiro fez-se depois nos escalões secundários do futebol português. Montijo, Barreirense, Atlético, Torreense, Oriental e, por fim, Estrela da Amadora foram os emblemas que representou.

Nesta equipa do Estrela da época 1991/92, o plantel orientado por Jesualdo Ferreira variava entre a juventude e a experiência dos consagrados. Ao lado de Couceiro, na sua última época, estiveram recém-campeões do mundo sub-20 (de então) como Abel Xavier ou veteranos como Fernando Chalana.

O dirigente, o treinador e uma Taça

Aos 29 anos, José Couceiro arrumou as chuteiras. Passados dois anos, iniciou a segunda etapa neste mundo como presidente do Sindicatos dos Jogadores Profisionais de Futebol. Esteve lá até 1997 e colocou o sindicato dos jogadores num plano onde nunca tinha estado – de intervenção no meio futebolístico e do qual nunca mais saiu até hoje. Estavam lançadas as bases do dirigismo, que prosseguiu no lado dos clubes.

Em 1998, José Couceiro voltou ao Sporting para, desta vez, entrar como diretor desportivo. Esteve em Alvalade pouco mais de um ano. Mas, logo a seguir, chegou a Alverca para ser administrador do clube. Desportivamente, as coisas não correram bem e a descida de divisão levou a que José Couceiro acumulasse as funções administrativas com as de treinador da equipa. O homem que tem no currículo a licenciatura em Economia e a pós-graduação em Direito Desportivo estava de volta ao campo em 2002.

A carreira de treinador ficou lançada no Ribatejo. Seguiu-se o V. Setúbal em 2004/05. E o terceiro clube apareceu logo no meio dessa temporada, aos 42 anos. Pinto da Costa dispensou Victor Fernández e escolheu Couceiro para treinador do FC Porto campeão nacional. O melhor dessa temporada foi, no entanto, a Taça de Portugal ganha pelo Vitória, que ainda lhe coube. Na primeira parte de 2006, uma passagem breve pelo Belenenses antecedeu o posto de selecionador.

Selecionador no estrangeiro

José Couceiro foi selecionador português de sub-21 e sub-20 até 2007 tendo levado as equipas nacionais à fase final de um Mundial, no escalão mais baixo, e a dois Europeus, no outro escalão. Em 2008, mais uma etapa inédita: a chamada aventura no estrangeiro. José Couceiro rumou à Lituânia, onde acumulou os cargos de selecionador da antiga república soviética e de treinador do clube Kaunas – país do Báltico onde haveria de voltar em 2010, depois de duas épocas na Turquia no comando técnico do Gaziantepspor.

O retorno a Portugal deu-lhe o terceiro momento em Alvalade. Couceiro entrou em 2010 como diretor-geral da SAD sportinguista e saiu em 2011 depois de ter substituído Paulo Sérgio como treinador da equipa. A carreira de treinador foi a que manteve na época seguinte para voltar ao estrangeiro e orientar o Lokomotiv Moscovo.

E, após um ano parado em que não conseguiu o quarto regresso leonino – perdendo as eleições para a presidência do Sporting (neste ano) –, é novamente como treinador que está de volta ao panorama nacional para levantar o V. Setúbal da 14ª posição.

José Couceiro: «Não esperava voltar agora»