Tem dinheiro para ir à Polinésia Francesa, a Nova Iorque, ao outro lado do mundo. Mas não quer. Bebé, o menino Tiago Manuel Dias Correia, prefere passar as férias onde mais gosta. No Cacém, no bairro onde nasceu e cresceu, com os amigos e sempre uma bola a saltar, como confessa nesta entrevista ao Maisfutebol.

Depois de jogar no Loures, no Estrela da Amadora e no V. Guimarães, o extremo está emprestado pelo Manchester United ao Rio Ave. Já com a Seleção Nacional e o Mundial2014 no pensamento.

Sabe qual foi o defesa que mais dificuldades lhe colocou? E o ídolo de infância? Bebé conta tudo.

Tem várias internacionalizações pela seleção de sub-21. Já se sente com capacidade para ser útil à seleção A?

«É um dos meus sonhos. Antes de me lesionar, quando cheguei ao Besiktas, disseram-me que o Paulo Bento estava a pensar convocar-me. Estive com ele mais tarde, durante a minha recuperação, e o Paulo disse-me: não te preocupes, vais recuperar bem e voltar a jogar o teu futebol. Senti que ele estava com vontade de me chamar».

O Mundial do Brasil é um objetivo seu?

«É, sem dúvida. Depende de tudo o que eu fizer na próxima temporada. Independentemente do clube em que eu estiver, seja em Portugal ou noutro país, vou ter de jogar muito e bem».

Acredita que Portugal vai ao Mundial?

«Claro que vai. Não me passa pela cabeça que jogadores como o Ronaldo, o Nani ou o Moutinho fiquem fora dessa grande prova».

Teve uma lesão gravíssima no Besiktas. O que lhe aconteceu?

«Estava a perseguir um adversário, fiz um corte e senti um choque. O pé ficou no relvado e torci tudo. Vi logo que era grave, pois já nem consegui por o pé no chão. Fiz a minha recuperação em Lisboa. Ainda voltei à Turquia e fiz quatro jogos. Os adeptos gostavam de mim».

Há semelhanças entre os adeptos ingleses e turcos?

«São muito apaixonados, todos, mas nada se compara ao ambiente de Old Trafford. Os ingleses apoiam sempre, os turcos são mais doidos».

Como reagiram os seus amigos de infância ao saberem que ia para o ManUtd?

«Com inveja (risos). Não, com felicidade. Pediam-me camisolas, sempre. Tenho muitas saudades dos meus tempos na Casa do Gaiato e mantenho sempre contato com esses amigos».

Quando é que deixou de ser Tiago e passou a ser Bebé?

«Sou o mais novo dos meus irmãos rapazes. Um deles, o Kiko, não sabia dizer o meu nome verdadeiro [Tiago]. Só dizia bebé, bebé. As pessoas do meu bairro começaram a ouvir e a gostar. Pronto, nunca mais se esqueceram disso. Nem gosto do nome Tiago».

Qual foi o defesa mais difícil que apanhou pela frente?

«O Leandro Salino, do Sp. Braga. Além de ser rápido, bate muito e não dá espaço. É chato. Muito bom lateral».

E a sua maior referência no ataque?

«Didier Drogba. Sempre o adorei. Parece fácil fazer o que ele faz. Trabalha muito para a equipa, é exemplar».

Quando era criança já tinha algum ídolo?

«O Simão! E joguei com ele no Besiktas. Pensei que fosse arrogante, mas é um castiço. Ele chamava-me filho e eu chamava-lhe pai».

Quais seriam para si as férias perfeitas?

«Jogar à bola no meu bairro, em tronco nu e com o sol a bater. Não há melhor do que isso: voltar a ser criança no Cacém. É aí que me sinto à vontade e seguro. O ano passado podia ter viajado para onde queria e optei por ficar em Lisboa com os amigos de infância».