Cada palavra de Andrei Juskowiak revela um gentleman: homem de bons modos, simples, munido de uma timidez que convida a pergunta e promete a resposta. Normalmente boa.

Em entrevista ao Maisfutebol, o antigo avançado do Sporting garante que a Polónia vai organizar «um grande Europeu» e que Portugal ficará instalado «num paraíso».

Aos 41 anos, o ex-internacional polaco vive na cidade Poznan, bem perto do quartel-general da Seleção Nacional em Opalenica. Um quartel-general inspirado, veja-se só, na Academia de Alcochete.

«Estive em Portugal com os diretores do complexo desportivo de Opalenica. Fomos a Alcochete, a melhor academia do mundo, e percebemos o que queríamos ter. O hotel é ótimo e os cinco relvados estão em belas condições», explica Juskowiak.

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A natureza otimista do ex-leão só não suporta os polacos maledicentes. Aqueles que em tudo encontram defeito. «O polaco comum parece querer que as coisas corram mal. Temos dado a volta por cima em relação a esta mentalidade antiquada, felizmente. O Euro é uma grande oportunidade para evoluirmos.»

A conclusão de Juskowiak é, por isso, óbvia. «A Polónia está preparada para acolher o Euro. Os estádios são modernos, bonitos e confortáveis. A relva em Poznan podia ser melhor, é verdade, mas não será um problema.»

As vias de comunicação, de acordo com Juskowiak, mereceram um investimento especial.

«O país mudou muito ao longo dos últimos anos. Temos novas auto-estradas, estações de comboio reformuladas e um povo ansioso por receber bem. Há atrasos em algumas obras, sim, embora nada de significativo. O tempo não deu para tudo.»

«Poznan é uma cidade linda»

De Opalenica a Poznan são 40 kms. Juskowiak não aceita que a Seleção Nacional não visite a sua cidade numa das folgas.

«Vivo cá há muitos anos. A cidade é linda. Há espaços verdes, lagos e um rynek (centro histórico) fabuloso.»

«É uma cidade de estudantes. A universidade tem 120 mil alunos», decifra Juskowiak, antes de rematar.

«Eu diria que só Cracóvia supera Poznan em beleza.» O convite está feito e o tal otimismo de Juskowiak estende-se também à seleção da Polónia.

«Não estamos num grupo forte e isso dá-me alguma esperança (Grécia, Rússia e Rep. Checa)».

«Falta um matador à seleção de Portugal»

A forte ligação de Juskowiak a Portugal impele-o a seguir atentamente a seleção. Sempre num português francamente bom, o antigo atleta do Sporting considera que o primeiro jogo terá um caráter «praticamente decisivo» e elogia duas figuras.

«O jogo com a Alemanha é muito, muito importante. Portugal tem capacidade de ganhar a qualquer seleção do mundo. O Cristiano Ronaldo e o Nani podem desequilibrar. Espero que cheguem em boa forma física», pede Juskowiak, também admirador de dois médios.

«Gosto muito do João Moutinho e do Raul Meireles. São jogadores completos», considera, antes de uma crítica objetiva. «Vi o amigável contra a Polónia e fiquei com a ideia de que há algum egoísmo: eu, eu, eu. Não pode ser assim».

O setor mais fraco é, para Juskowiak, o ataque. O ex-goleador lá saberá o que diz. «Postiga, Hugo Almeida e Nélson Oliveira são bons avançados, mas não são matadores. Se calhar falta um homem de área que garanta 25/30 golos por época.»

E ainda mais. «Os pontas-de-lança não têm o nível dos médios e dos extremos».