Depois de quatro anos e meio de ligação ao FC Porto, com dois empréstimos pelo meio, Hernâni mudou-se para o Levante para jogar num dos maiores campeonatos do mundo.
O vínculo entre o extremo luso e os dragões expirou e ficaram as memórias. E dois títulos: uma Supertaça e um campeonato.
O Maisfutebol encontra-se com o português na nova casa: o estádio Cidade Valência. Hernâni aborda os primeiros meses em Espanha e passa obrigatoriamente pela ligação ao FC Porto, mas também pelas passagens por V. Guimarães e Olympiakos.
Nesta terceira e última parte da entrevista, Hernâni recorda os quatro anos no balneário dos azuis e brancos e revela o mais divertido, o mais rezingão e o mais vaidoso. Além disso, traça um perfil dos treinadores que teve: Rui Vitória, Marco Silva, Pedro Martins e Julen Lopetegui.
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Parte I - Entrevista Hernâni: «Não fico totalmente triste por sair do FC Porto»
Parte II - Hernâni: «Os dois anos com Conceição foram uma grande lição»
Parte III
Maisfutebol - Quais eram os teus melhores amigos no FC Porto?
Hernâni - Tinha uma boa relação com todos. Dava-me bem com os brasileiros, como com os espanhóis. Interagia com todos. Dava-me bem com o Ricardinho [Ricardo Pereira], mas também me dava bem com o Alex Telles, Felipe, Vaná, com Brahimi, Danilo, Otavinho… quase a equipa inteira (risos).
MF - Quem era o mais divertido?
H - Encontrei muita gente… lembro-me do Martins Indi. Era muito engraçado, um espetáculo mesmo. Destes anos todos é o primeiro que vem à memória.
MF - E o mais chato?
H - O Iker… tudo lhe faz comichão (risos). O pessoal está a rir-se e ele aparece com qualquer coisa para ver se param de rir. Mas é muito boa gente.
MF - Qual o mais vaidoso?
H - O Felipe, acho. Tinha sempre o secadorzinho, o cabelinho e tal…
MF - O DJ era o Maxi. Que tal a qualidade da música?
H - Era quase sempre a mesma. A determinada altura já não dava (risos).
MF - Trabalhaste com vários treinadores na carreira, vamos falar de cada um deles. Como descreveria Rui Vitória?
H - Gostei muito. É uma pessoa que sabe falar e transmitir a mensagem que quer passar. Nos dois anos que trabalhei com ele, pouco ou nada tenho a dizer. Além do bom trabalho no Vitória de Guimarães, sabia interagir com os jogadores e motivá-los. Fiquei com essa imagem.
MF - E que opinião tens do Marco Silva?
H - É um treinador mais tranquilo, bastante observador. Não se expressava tanto, mas quando tinha de falar, sabia o que dizer. Motivava bastante, estava muito próximo dos jogadores. Gostei muito, por acaso. Tenho uma boa relação com ele.
MF - E do Lopetegui?
H - Era um treinador de personalidade forte. Além de não se deixar intimidar, não dava muita confiança. Provavelmente a opinião dele era a que contava mais. Ele deixou a imagem de durão tanto junto dos adeptos como dos jornalistas.
MF - Do Conceição já falaste, com o Nuno Espírito Santo estiveste pouco tempo. Só falta o Pedro Martins.
H - Top! Foi com quem mais gostei de trabalhar. Não só porque jogava, mas pela imagem e para o que ele tentava transmitir. É puro, genuíno. Não tenho nada a apontar-lhe. Possivelmente dava mais valor a quem não jogava do que a quem jogava. Quem joga não precisa de moral. O Pedro fazia questão que todos sentissem que ele estava presente.
MF - Aos 28 anos, sentes que este pode ser o teu ano de afirmação numa das cinco principais Ligas?
H - Penso que sim. Desde que cheguei aqui a adaptação tem sido muito tranquila. Parece que já cá estou há muito tempo. As coisas fluem de uma maneira natural. Há jogadores que têm dificuldades em adaptarem-se, mas penso que me encaixei bem. Há que ter paciência, mas tem tudo para dar certo.
MF - A entrevista está no final. Sentes que ficou algo por dizer?
H - Simplesmente tenho de agradecer ao FC Porto, um clube que vou levar sempre comigo no coração. Para as pessoas que acham que o Hernâni nunca quis lá estar ou fez má cara… todos os jogadores querem é jogar e muitas vezes o adepto não entende. Acham que fazemos cara feia porque queremos. Se o fazemos é porque temos paixão.