Atualmente cedido pelo Portimonense ao Famalicão, marcou 16 golos em 12 encontros disputados e é, indubitavelmente, um dos maiores valores oriundos do segundo escalão português. Tem nome de craque e justifica-o em campo. Eis a figura de proa do conjunto orientado por Dito: Rui Pedro Silva Costa.

Formado em clubes como o Famalicão, V. Guimarães e Varzim, prontamente manifestou a vontade de atuar no interior das quatro linhas e realça o papel determinante do suporte familiar, que monitorizou atentamente o percurso. «Dei os primeiros passos muito cedo, por volta dos seis anos, e foi uma coisa que sempre quis. Comecei numa equipa de amigos. Todos éramos crianças e jogávamos num campo de futebol. Mais tarde quis vir para o Famalicão, fui às captações, consegui ficar e tudo acabou por correr bem. Tive uma família que sempre me apoiou. O meu pai e os meus irmãos foram os pilares. Felizmente, consegui alcançar os principais patamares do futebol português», começou por contar em entrevista ao Maisfutebol.

Sem qualquer identificação elevada a idolatria com um atleta em particular no período de infância, Cristiano Ronaldo é, presentemente, a referência que o inspira.

«Sempre gostei de vários jogadores, mas nunca tive um ídolo. Gostei do Ronaldinho Gaúcho e do Ronaldo, o fenómeno. Atualmente, gosto muito do Cristiano Ronaldo, pelo instinto matador que possui, por tudo aquilo que já ganhou e fez nas diversas competições», admitiu.

O trajeto no futebol sénior teve início na equipa B do Varzim, em 2014/2015, onde permaneceu por outra temporada, que antecedeu a promoção ao conjunto principal dos «poveiros». Cumprido com êxito o primeiro contacto com o futebol profissional português, Rui Costa foi considerado, pela Liga, o Jogador Revelação da II Liga, após apontar 16 golos em 47 partidas.

«Foi um período de adaptação ao futebol sénior, que é muito diferente dos outros escalões. Temos de ter mais experiência. Na adaptação, a equipa e as pessoas que estão por detrás do clube foram fundamentais. O Varzim é, certamente, um dos melhores clubes da II Liga e ajuda os atletas mais jovens que querem progredir na carreira. Fui um dos jovens em que quiseram apostar.»

Aposta feita, aposta ganha. Terminada a época, o ponta de lança estimulou, naturalmente, a cobiça de emblemas nacionais e estrangeiros. A preferência, porém, incidiu sobre o Portimonense. «Eu e o meu empresário recebemos outras propostas, mas optámos pelo Portimonense porque, se calhar, seria o melhor para mim e acabámos por chegar a um acordo», revelou.

Rui Costa integrou o estágio de pré-temporada dos algarvios, de regresso ao primeiro escalão do futebol nacional passados seis anos. Todavia, não conquistou uma vaga no plantel orientado por Vítor Oliveira, que privilegiou uma cedência capaz de conferir minutos indispensáveis para retornar com maior maturidade.

«O mister Vítor Oliveira tem as suas opiniões e preferências. Achou que era um jogador muito novo e que, talvez, seria melhor realizar mais algum tempo de rodagem na II Liga. Só tenho que respeitar a opinião do mister e continuar a trabalhar para chegar lá.»

«Se tivermos de subir, vamos subir»

O destino foi, precisamente, Vila Nova de Famalicão: a localidade que o viu nasceu para o futebol. Os famalicenses, apesar de ocuparem o segundo posto da II Liga, batalham pela manutenção. Ainda assim, não descartam totalmente a capitalização de uma contingencial oportunidade de subida.

«O Famalicão tem, exclusivamente, o objetivo da manutenção. Se as coisas continuarem como estão, no final da época podemos fazer contas para a subida. Aí não vamos deixar fugir, vamos aproveitar. No entanto, não estamos a pensar nisso: jogo a jogo, sem pressão. Tal como o mister Dito diz, devemos estar felizes e continuar o nosso trabalho. Se tivermos de subir, vamos subir.»

A massa adepta que apoia incondicionalmente a equipa, tanto nos encontros caseiros como nas deslocações, é uma das enormes mais-valias do Famalicão e a cidade reúne todas as condições necessárias para o elevar o clube até um patamar superior, assegura. «A envolvência com os adeptos é monstruosa. É o 12.º jogador da equipa. Nenhuma equipa tem adeptos como o Famalicão. Merecia, certamente, estar na I Liga, devido aos adeptos e à presidência. Os jogadores têm o sonho de subir pelo Famalicão. Temos um grupo muito bom e unido. Trabalhamos todas as semanas para conseguir vencer os jogos e, sem medos, alcançar a subida, se possível.»

«A cidade tem tudo para elevar o clube até à I Liga. Depende dos adeptos, mas também daquilo que a equipa faz dentro de campo. O Famalicão tem, a curto prazo, de estar lá, porque, no primeiro escalão existem equipas que, pelo número de adeptos, não merecem estar. Na II Liga, o Famalicão enche mais o estádio do que metade das equipas da Primeira.»

«Não penso tanto em bisar, marcar, não marcar ou jogar bem»

Os dados de Rui Costa não enganam: é o segundo melhor marcador da II Liga e, em território nacional, ninguém bisa tanto como ele em competições profissionais. O desempenho individual positivo é, no entanto, relegado para segundo plano e a primazia é atribuída ao coletivo.

«Todos gostam de marcar golos e isso dá visibilidade, mas ajudar a equipa nos objetivos é o que importa verdadeiramente. Não penso tanto em bisar, marcar, não marcar ou jogar bem. Tem corrido bem e tenho conseguido ajudar. Aquilo que vier a seguir é fruto do trabalho.»

Rui Costa foi inclusivamente galardoado com o prémio de Melhor Jogador da II Liga nos meses de outubro e novembro. «É sempre muito bom receber prémios da Liga. Recebi o prémio de Jogador Revelação no ano passado e, agora, voltar a ser eleito como o Melhor Jogador de outubro e novembro é fantástico. Dá muita visibilidade a um jogador e fico muito feliz por ser galardoado», diz.

O dia 16 de novembro deixou marcas. Num encontro referente à quarta eliminatória da Taça de Portugal, o Famalicão deslocou-se até ao Estádio José Alvalade para defrontar o Sporting. A perder por 2-0, o camisola 77 teve nos pés a oportunidade de inverter o marcador, ao assumir a responsabilidade de cobrar uma grande penalidade. Rui Patrício, porém, manteve a baliza leonina inviolável.

«Naquele momento não passou nada pela minha cabeça a não ser marcar: pousar a bola, esquecer tudo o que estava à minha volta e tentar introduzi-la dentro da baliza. Não consegui. Estava perante um grande guarda-redes, que levou a melhor. Apesar de tudo, fizemos um grande jogo. O Sporting não foi assim tão superior e se a bola tivesse entrado faríamos o 2-1. Faltavam cerca de 5 ou 10 minutos e ainda poderíamos discutir o jogo.»

Com a possibilidade de ingressar no Portimonense a curto prazo em aberto, está prudentemente centrado na prossecução dos objetivos do Famalicão traçados para a presente época: «O Portimonense é, agora, uma das grandes equipas da I Liga e está a fazer um bom campeonato. Se tiver que regressar ao Portimonense, vou fazê-lo com todo o gosto, mas não é algo em que me foque todos os dias. Estou no Famalicão por empréstimo, quero ajudar o clube e, quando terminar o contrato, claro, vou pensar na I Liga.»

«Há muitos avançados com qualidade em Portugal e os clubes não apostam neles»

O jogador de 21 anos considera que a valorização excessiva dos jogadores estrangeiros é uma realidade que pode surtir efeitos verdadeiramente nocivos para a carreira dos atacantes portugueses e condicionar as oportunidades que lhes são concedidas.

«Vejo os jogos da I Liga e gosto dos bons pontas de lança portugueses. Há muitos com qualidade em Portugal e os clubes não apostam neles. Preferem, se calhar, os estrangeiros e julgo que os portugueses acabam por ficar um bocado de fora», refere.

«Não falo de mim em particular, mas no geral, embora isso possa vir a acontecer comigo. Se um clube tiver que optar por um estrangeiro ou um português, vai optar pelo estrangeiro, seguramente. Acredito que essa mentalidade, com o tempo, vá mudar, até porque, em todos os escalões, temos muitos bons jogadores que desejam demonstrar o seu talento», acrescenta ainda.

Entre os sonhos que espera concretizar num futuro próximo encontram-se os desejos de vestir a camisola da seleção nacional e disputar a Liga dos Campeões.  «Tenho sonhos, como qualquer jogador jovem. Qualquer um ambiciona chegar à seleção nacional e disputar a Liga dos Campeões, e não fujo à regra. Se consigo ou não concretizá-los, vai dependendo do trabalho e, claro, da sorte. Espero fazer uma boa carreira, mas foco-me mais no dia-a-dia e não tanto no futuro. Pode ser essa a chave capaz de me levar mais longe», remata.