Aos 20 anos, André Leal é uma das peças fundamentais do meio campo da equipa pacense. O jovem confessa estar a viver a sua vida de sonho, aquela de que nunca desistiu de acreditar.

Em entrevista ao Maisfutebol, o médio do Paços de Ferreira conta de como tudo começou, com o pai como grande culpado por lhe dar apoio e o manter com os pés no chão. Também revela as ambições para o futuro e quais os ídolos que o inspiraram 

Leia também: «O Paços ainda vai dar muito que falar nestes últimos jogos»

Qual foi o momento que marcou a sua carreira?

«O jogo da pré-época frente ao Estoril em que eu marquei um golo a 30 metros e depois do jogo fiquei a saber que o Paços queria assinar contrato. Foi um momento importante, um jogo importante, que me levou a chegar até aqui, ter assinado o meu contrato profissional».

E o pior momento?

«Esta época, vinha de um jogo em que não tinha jogado por acumulação de amarelos, e quando voltei a jogar, entrei frente ao Arouca e fui expulso três minutos depois. Nunca me tinha acontecido nada assim. Foi um momento muito estranho. O momento baixo. No meu entender, nem fiz nada que levasse a ser expulso. Mas foi muito estranho».

Para quem ainda não o conhece, como se descreve como jogador?

«Sou um médio criativo. Um jogador simples, de receção e passe. Gosto de assistir, o último passe para mim é fundamental. Fazer o último passe e dar golo para mim é uma satisfação enorme. Já fiz dois golos, cinco ou seis assistências, e fico satisfeito por assistir quase tanto como por fazer um golo».

Há algum jogador que veja como referência?

«Desde miúdo que via o Ronaldinho jogar e, para mim, é o melhor jogador de todos os tempos. Era um jogador diferente de todos os outros e ia ver vídeos dele à internet. Também gosto muito do Aimar, do estilo de jogo dele. E também do estilo de jogo, da vontade e da qualidade que tem o João Moutinho».

Voltando atrás, como começou o interesse pelo futebol?

«Desde que me lembro. O meu pai também conta que desde os dois, três anos, andava sempre a brincar com a bola. Aos cinco anos o meu pai inscreveu-me no Paredes, clube da minha cidade. E a partir daí o futebol fez sempre parte da minha vida. Estive cerca de 13 anos no Paredes, anos inesquecíveis, em que aprendi muito. Quando chegou à parte final da formação, queria procurar um clube que me desse outra projeção e felizmente escolhi o Paços de Ferreira. E acho que é o clube certo».

Sempre soube que o futebol era aquilo que queria fazer?

«Sempre quis o futebol. Quando o meu pai me perguntava: “se não assinares um contrato, como vais fazer?” E eu nunca disse que ia trabalhar noutra coisa. Acreditava que ia ter esta vida, a vida que sempre sonhei que era ser jogador de futebol. E felizmente aconteceu».

E a família, apoiou esta decisão?

«Apoiou sempre. O meu pai acompanhou-me desde pequeno, sempre atrás de mim. Se na minha vida toda de futebol, até agora, ele perdeu cinco jogos é muito. Quando eu estava menos bem, ele tentava animar-me. Na época passada foi muito importante porque eu andei quase a época toda a trabalhar e acabava por não ser convocado, ou utilizado, e isso abalava-me um bocado, mas ele esteve sempre presente para me dar força».

«Mas também foi sempre realista. Nunca me disse: “Tu és o melhor”. Avisava-me: “Olha que pode não correr tão bem assim”. E isso foi bom. Há pais que prejudicam os filhos, os jogadores, por não serem assim tão realistas».

Como é o André Leal fora de campo? O que gosta de fazer?

«Gosto de passar o tempo com a namorada, com os amigos e com a família. Dar uma volta… coisas assim».

O futebol também afeta esse lado social…

«Sim. Às vezes é um bocadinho difícil, mas nunca foi muito porque eu sabia que era isto que eu queria e que, por isso, tinha que abdicar de outras coisas. Mas claro, os amigos podem ficar até mais tarde, mas eu vou embora quando chega a hora. Tem mesmo de ser. Tenho que abdicar de algumas coisas, mas sou recompensado com outras».

«Alguns dos meus amigos também são ligados ao futebol, têm as mesmas rotinas. E mesmo os que não são compreendem. Tenho bons amigos que me lembram que é hora de ir embora, mesmo que eu me desleixe um bocado».

Os objetivos para o futuro passam por um grande português? Pelo estrangeiro?

«Não penso muito nisso. Se aparecer um grande é ótimo. Se tiver que ir lá para fora, dependendo do clube, será uma experiência diferente. Mas não penso nisso. O que eu quero e jogar».