16 minutos, quatro golos, o mesmo marcador: João Diogo Rodrigues, Kikas no mundo do futebol, sedento avançado ao serviço do Benfica e Castelo Branco. Um domingo perfeito na Taça de Portugal.

«É para mais tarde recordar», conta o protagonista ao Maisfutebol, incapaz de esquecer os momentos marcantes do duelo contra o Leiria e Marrazes.

Vamos aos golos, ao «poker» autorizado, à maioridade de Kikas em época de estreia no futebol sénior.

1-0, 40 minutos. «Construímos a partir da defesa, a bola chega à direita, o meu colega Tomás cruzou e eu antecipei-me ao defesa com um bom golpe de cabeça.»

2-0, 44 minutos. «O Caio, o nosso guarda-redes, fez uma boa defesa. O Bruno Simões fugiu pela esquerda e fez-me um bom passe. Isolei-me, fintei o guarda-redes e toquei para a baliza.»

3-0, 53 minutos. «O Zezinho faz um cruzamento, eu recebo de pé esquerdo e finalizo de pé direito, com um remate colocado.»

4-0, 56 minutos. «Boa jogada do João Rui, nosso médio ofensivo. Ele faz um passe de rotura, eu vejo o guarda-redes a sair e puxei a bola para a esquerda. Depois foi só encostar com calma.»

«Inspiro-me nos vídeos do Cristiano Ronaldo»

Odisseia da celebração, quatro golos para todos os gostos. Kikas, 18 anos só, em estreia absoluta na Taça de Portugal.

«É o meu primeiro ano de sénior e nunca tinha jogado na taça. Não estava habituado, mas fiquei com o telemóvel cheio de mensagens», continua o herói desta história.

Um herói que se inspira num senhor bem conhecido. «Sempre sonhei chegar às ligas profissionais e o Cristiano Ronaldo é a minha inspiração. Vejo vídeos dele e tento recriar o que faz. Não tem corrido mal».

Ronaldo, sim senhor, mas não só. Kikas recebeu do pai a alcunha e a paixão pelo futebol. «É o meu grande ídolo, sempre foi. Jogou muitos anos na formação do Benfica e depois aqui em Castelo Branco. Por culpa dele, com um ano de idade eu já andava a dar chutos numa bola. Aos cinco entrei nas escolinhas do Benfica e Castelo Branco.»
 

 Kikas nos tempos do Vitória de Guimarães

Carreira rica, apesar de curta. O pequeno Kikas chama bem cedo a atenção do Sporting e passa dois anos nos infantis dos leões. Uma pequena loucura.

«Sim, eu só tinha 11 anos e não podia viver na Academia de Alcochete. Passava a semana em Castelo Branco, a treinar no Benfica, e ao fim de semana ia para Lisboa jogar pelo Sporting. Durante dois anos a minha vida foi assim, mas fui dispensado na transição para os iniciados.»

Kikas não se fica por aí. Aos 15 anos larga a casa dos pais e assina pelo Vitória de Guimarães. Uma carreira no futebol profissional é, desde sempre, o objetivo.

«O meu empresário Nuno Correia garantiu-me um contrato de três anos. Adorei o Vitória, fiz a melhor época da minha vida no último ano de juniores, em 2016/17. Marquei 20 golos, joguei quase sempre… mas não assinei contrato profissional.»

Sem vínculo, Kikas opta pelo regresso a casa. Dos pais e do Benfica e Castelo Branco, o companheiro fiel.

«Tenho de acabar o 12º ano, é uma promessa»

Vida nova, hábitos antigos. A comida e os mimos da mãe, os conselhos sabedores do pai. Kikas encontra o quadro perfeito para explodir no futebol. Três jogos oficiais, cinco golos neste arranque de época.

«Temos uma equipa ambiciosa e acho que podemos subir. Vou ajudar como sei, com golos. Sou um avançado móvel, não gosto de estar parado, e adoro fazer movimentos de antecipação», ilustra Kikas, na pacatez do lar parental.

É assim, sem distrações e enquadrado na ternura familiar, que o atacante aborda o novo ano desportivo. «Só descanso à segunda-feira. Treinamos todos os dias às 18 horas e faço diariamente ginásio.»

Para tudo ser perfeito, a Kikas só falta uma coisa. «Adorava completar o 12º ano de escolaridade. Em Guimarães completei o 10º, mas sinto que tenho de acabar o secundário. Vou tratar disso, é uma promessa.»

Golos em Castelo Branco, «poker» a assinalar a maioridade. De livros debaixo do braço e o amparo dos pais. Atenção a Kikas.