5 de junho de 2000. Na verdade, já era quase dia 6 quando o Maisfutebol finalmente nasceu. Começava uma grande aventura e no princípio estava Rui Costa. O então jogador da Fiorentina e da seleção nacional, de partida para jogar o Euro 2000, fazia manchete nesse primeiro dia, com uma entrevista que já então foi feita também em vídeo. 20 anos mais tarde, Rui Costa volta a associar-se a este momento especial, ele que foi protagonista e espectador privilegiado destas duas décadas, como jogador e como dirigente. As últimas palavras desta grande entrevista vão para os tempos inéditos que vivemos.

- Estes 20 anos completam-se com o mundo – e por arrastamento o futebol - a atravessar uma situação inédita, que é esta pandemia. O que achas que isto pode trazer ao futebol?

- Eu acho que hoje a preocupação maior não é o futebol. Embora seja a nossa vida, e aquilo que nos corre nas veias, não é a prioridade neste momento. A prioridade é a saúde das pessoas, a proteção que temos de ter perante nós próprios e toda a gente em redor. É verdade que o campeonato vai recomeçar, esperamos acabar sem problemas, mas como eu costumo dizer, o jogo vai voltar, o futebol ainda não. O futebol é com a massa adepta, o público, tudo e mais alguma coisa. O jogo, esse, vai voltar, e isso já pode ser uma coisa boa até para as pessoas em casa poderem ter mais alguma coisa para motivar. Não é a situação ideal, nem a mais favorável para qualquer desporto, ou qualquer atividade pensada para o público, mas vamos ter todos de enfrentar este período de tristeza, de entrar em campo e não ter lá os nossos adeptos, ou os adeptos contrários. Mas todos nós temos de encarar isso com a necessidade atual, e cada um, jogadores, clubes, vai focar-se nos seus objetivos, como tem de ser. Espero que não haja casos que façam interromper campeonatos, quer em Portugal quer por essa Europa fora, porque seria um sinal de que esta maldita pandemia está a começar a ser controlada e não teremos de nos enfiar todos em casa outra vez.