Estreou-se na I Liga há pouco mais de um mês e, desde então, tem estado em destaque na defesa do Boavista. Em sete jogos na principal competição do futebol português, Afonso Figueiredo, de 22 anos, formado no Sporting, e que já passou por Belenenses e Sp. Braga, mostrou que é um dos jovens valores do futebol português a ter em conta.
 
Em entrevista ao Maisfutebol, Afonso Figueiredo conta como foi este percurso desde as escolas dos leões até ao reduto das panteras, passando pela adolescência a morar sozinho em Braga. Mas abre também a porta aos sonhos sobre o futuro e ao duelo especial que travará na segunda-feira com um grande amigo.


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Estava no Sp. Braga B, da II Liga, como surgiu esta ida para o Boavista, na altura no Campeonato Nacional de Seniores?
«No final da época soube que ia ser emprestado. De entre as propostas que tive, uma era do Boavista. Eu sabia que havia uma grande hipótese de o clube voltar à I Liga e foi esse o meu objetivo. Estava a dar um passo atrás, mas para depois dar um passo grande em frente. Felizmente, para mim e para o clube, foi o que aconteceu».
                                                               
Como está a ser esta estreia na I Liga?
«A I Liga é o topo. A concentração não pode falhar um minuto, temos de estar sempre focados no que temos que fazer, mas motiva muito jogar contra grandes equipas, em grandes estádios... é fantástico. Tem sido uma experiência muito boa». 

Mesmo quando tem grandes avançados pela frente?
«Jogar contra grandes jogadores sempre me motivou, sem menosprezar ninguém, porque significa que também nos estamos a testar a nós».

Qual foi o jogador mais difícil de marcar, até agora?

«O Hernâni, que agora está no FC Porto. Até agora foi o jogador que me deu mais trabalho. Pode ser que o reencontre agora. E o Sálvio, do Benfica».

No início da época disse: «Acredito que eu e o Boavista vamos ser uma revelação». Isso já aconteceu?
«Ainda não. Ainda há muita coisa que deve ser feita. As coisas estão a correr bem, como eu previa. Queria estrear-me na I Liga, e fiquei muito feliz por o ter conseguido. Queria jogar num grande clube em Portugal, e já o consegui. Mas acho que, quer eu, quer o clube, podemos fazer ainda melhor. E no final da época acho que vamos estar ainda mais satisfeitos».
 
Na época passada era titular. Este ano começou no banco, e só em janeiro agarrou o lugar. Como foram esses primeiros tempos?
«Não foi fácil. Ninguém gosta de não jogar, mas tinha de respeitar as opções do mister. Ele sempre me pediu para continuar a trabalhar e foi o que eu fiz. Costumo dizer que a sorte não existe, temos de estar preparados para ela. Tive de esperar até a oportunidade surgir, mas, se não tivesse trabalhado o que trabalhei, a sorte não estaria do meu lado. É esse trabalho que me tem ajudado a chegar, aos poucos, onde eu quero».

Como está viver este momento de boas exibições e boas críticas da imprensa?
«Tem sido estranho. É diferente. É uma realidade a que eu não estava habituado. Mas estou tranquilo. Acima de tudo, com os pés bem assentes na terra e com o mesmo lema que é: trabalhar sempre».

Mas não tem sido tudo bom...
«No segundo jogo em que fui titular, frente ao D. Aves, para a Taça de Portugal. Perdemos 4-1 e foi um resultado muito mau para nós. Mas o treinador fez-me crescer aí porque não foi fácil lidar com esse desaire. Mas isso fez-me querer mais e preparar-me melhor para o que veio a seguir».

Agora tem sido titular, mas continua a ter concorrência dentro do plantel, inclusive o veterano Marek Cech, que chegou em janeiro.
«Competir por um lugar só nos faz evoluir. Ter um jogador forte na nossa posição faz com que um jogador trabalhe mais. O Marek é um excelente jogador. Pela sua experiência e qualidade tem-nos ajudado muito. Foi uma excelente contratação».

«Sintético? É mais difícil para nós»

Há uma pressão acrescida por ser o regresso do Boavista à I Liga?
«Todos nós sentimos uma grande responsabilidade. Sabemos como o clube é grande e não é por causa da situação atual que isso muda. Fazemos as coisas tendo em conta o que o Boavista sempre foi. O pensamento deste clube sempre foi grande e mantém-se».
« A nossa equipa tem muita garra, sempre foi essa a imagem do Boavista, mas não é só isso. O que temos conseguido é fruto também da nossa qualidade e de muito trabalho. Nós, como equipa, somos muito fortes».

Como é trabalhar com Petit?
«Tenho aprendido muito com o Petit. Tem puxado por mim da melhor maneira e fez-me crescer, não só como jogador. Sinto que amadureci desde que aqui cheguei».
«Quando cheguei aqui era estranho. Via muito o Petit na televisão, sempre o vi jogar, e de repente era meu treinador. Mas agora já é mais tranquilo».   

Como lidam com a questão do sintético, de que as outras equipas se queixam nas deslocações ao Bessa?
«É mais difícil para nós porque todos os jogos são em relvados naturais menos os nossos em casa. É mais fácil para as outras equipas que treinam sempre em relvados naturais e só fazem um jogo por ano no sintético, nós temos que fazer os jogos fora todos em relvado. Claro que em casa nós estamos mais habituados».