Diego Henrique de Abreu Assis, mais conhecido por Dieguinho. É, aos 29 anos, um dos jogadores em destaque do futsal do Sporting, mas é muito mais do que isso.

Internacional brasileiro desde os 18 anos, tem no currículo mais de duas dezenas de títulos com destaque para um Mundial de Clubes e, desde há pouco mais de uma semana, uma Liga dos Campeões.

Uma carreira de sucesso no futsal que começou no… futebol.

Dieguinho entrou para o clube do coração, o Atlético Mineiro, aos oito anos. «Só que no Brasil, até aos 16, é possível conciliar o futebol e o futsal, então joguei as duas modalidades ao mesmo tempo - futsal no Colégio Magno e depois no Minas, onde estive 13 anos e a quem devo muito», começou por contar ao Maisfutebol.

Dieguinho, à direita, no Atlético Mineiro [arquivo pessoal]

O futsal tornou-se numa paixão, mas não na primeira escolha: «Aos 16 anos escolhi o futebol. Jogava no meio-campo.»

Ainda assim, foi «forçado» a desistir: «Por causa de umas confusões, o treinador mandou-me embora a mim e ao Caio, que hoje joga no Gazprom, então foi aí que me comecei a dedicar só ao futsal.»

«Graças a Deus, não me arrependo nada», acrescentou, mas não agradece o «empurrão»: «Na altura fiquei frustrado porque sei que o fim no futebol não foi por falta de qualidade, foi por causa de umas confusões [foi a um jogo importante de futsal com a autorização do Atlético Mineiro e do treinador, mas quando voltou ao clube foi afastado pelo técnico]. Infelizmente, não deu.»

«Às vezes quando vejo um jogo de futebol penso nisso, mas é algo que faz parte do passado e por isso não vale a pena estar a pensar no que ficou para trás. Temos é de pensar no futuro e, felizmente, consegui fazer carreira no futsal e chegar até aqui», referiu.

«Só posso agradecer aquilo que o futsal me tem dado», sublinhou o pivot leonino.

O certo é que, nada caiu do céu: «Se queremos ser profissionais temos de abdicar de muitas coisas para conseguir os nossos objetivos. Muitas coisas que os meus amigos faziam, eu não podia fazer. Tive de abdicar de muitas coisas, mas não me arrependo disso.»

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Aquela resenha de despedida , até logo galera !!! #osdeverdades #aindafaltaalguns #portugal🇵🇹 #voltando

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Nascido em Belo Horizonte, e criado em Ribeirão das Neves, Dieguinho teve, ainda assim, uma infância e uma adolescência felizes.

«Até aos 18 anos vivi com a minha mãe e com o meu pai que me criou - e que é aquele que considero o meu pai - e mais dois irmãos, mas depois quis conhecer o meu pai de sangue - que se separou da minha mãe quando ela estava grávida de mim - e fiquei a saber que ele tinha mais duas filhas e ainda teve mais outra, por isso somos seis irmãos.»

«Foi uma infância feliz. Só tenho de agradecer tudo o que os meus pais fizeram por mim», disse, referindo: «Não éramos nem ricos nem pobres, éramos de uma classe média que não podia fazer gastos supérfluos, mas o meu pai e a minha mãe fizeram tudo o que estava ao alcance, e mesmo o que não estava, para que nunca nos faltasse nada.»

Por isso, de todas as coisas de que abdicou, e tem abdicado, o jogador do Sporting só ainda não consegue lidar com o facto de estar longe da família. E foi isso, inclusive, que fez com que a primeira experiência no estrangeiro não tivesse corrido bem.

«Em 2012 saí pela primeira vez de casa, fui para a Rússia [para jogar no Dínamo Moscovo] completamente sozinho e foi muito complicado. Só estive lá oito meses e tinha quatro anos de contrato. Voltei para o Brasil. Tinha 22 anos, era muito novo. Se calhar com a idade que tenho hoje e com a mentalidade que tenho já daria certo, mas na altura, infelizmente, não deu», revelou.

Por isso, vir para o Sporting e voltar a sair da zona de conforto, deixando outra vez tudo para trás foi uma prova de fogo: «Tinha de provar a mim mesmo que era capaz. Exijo muito de mim, por isso aceitei este desafio e aí está a prova. O primeiro ano foi um pouco difícil, como é normal, mas agora estou mais do que adaptado e estou muito feliz aqui.»

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Jantando com os parceiros !!!!

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Em Portugal, embora continue a ter um oceano a separá-lo da família, Dieguinho encontrou o conforto que precisava para se continuar a destacar no futsal: «Fui muito bem acolhido. E, além de tudo no futsal, consegui, com um grande amigo que fiz aqui, abrir um restaurante. É um investimento e algo de que gosto muito num país extraordinário.»

«Até digo que Portugal é o Brasil melhorado (risos). Tem tudo a ver com o Brasil e como há muitos brasileiros, sinto-me mesmo em casa e no Sporting mais ainda», reforçou.

As saudades continuam a custar, mas além de as conseguir suportar, a família nunca o deixará desistir: «Nunca desisti causa deles. Ajudo muito a minha família e sempre que o pensamento de desistir aparece, penso neles e essa ideia vai embora.»

«Por eles tenho de conseguir tudo. Eles torcem para que tudo dê certo e eu não os posso dececionar», acrescentou, dizendo saber que todos têm orgulho nele: «Eu, toda a minha família e os meus amigos, e é isso que me faz seguir em frente.»

Os títulos ajudam a que assim seja, mas obviamente não compensam a ausência e a distância: «Nada compensa o estar longe da família. A minha família é tudo para mim. A minha mãe, o meu pai, os meus irmãos e os meus sobrinhos, a minha esposa [também ela atleta, jogadora de voleibol].»

«É difícil, sobretudo no Natal, Ano Novo e Páscoa. Essas ocasiões costumam ser festejadas em minha casa e quando estão todos a minha mãe liga-me, estão lá todos a festejar… é complicado. Mas, como disse, para se ser profissional é preciso abdicar de muita coisa e, sobretudo, da família. Por isso, tento abstrair-me.»

Vai ser assim até aos «36 ou 37 anos».

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