A fazer uma temporada de muito bom nível no Olympiakos, Bruma não esquece a Seleção Nacional e o Sporting. O extremo de 26 anos tem nove internacionalizações e acredita estar a fazer o que é necessário para regressar às escolhas de Fernando Santos a tempo de ser chamado para o Campeonato da Europa. 

Nesta parte da entrevista ao Maisfutebol, Bruma recorda as aventuras num Galatasaray que contava, entre outros, com os mediáticos Didier Drogba e Wesley Sneijder e fala dos dias em que trocou a Guiné-Bissau por Portugal, aos 11 anos. Sabia que Bruma esteve quatro meses no Benfica antes de ir para o Sporting?

Bruma tem contrato com o PSV Eindhoven até 2023. Em Atenas já leva 23 jogos e cinco golos. 

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Maisfutebol – Já passou por vários clubes e países. Onde mais gostou de jogar e viver?

Bruma – Na Turquia e no Galatasaray. Tive o privilégio de ser colega de equipa do Didier Drogba e do Wesley Sneijder, por exemplo. Não era fácil treinar com eles todos os dias (risos). Eu era só um miúdo, não queria falhar o passe, a bola tinha de entrar sempre neles. Não era nada fácil, mas eram verdadeiros craques. Fui-me habituando a lidar com eles. Os primeiros dois meses…. a pressão era grande.

MF – Viveu algum episódio engraçado com o Drogba e o Sneijder?

B – Com o Drogba tenho uma boa história. Eu não sabia e sentei-me no lugar dele no refeitório. Ele chegou e disse-me ‘esse lugar é meu’ e eu nem sabia onde me meter, fiquei à rasca (risos). Mas ele foi espetacular. ‘Podes ficar, não há problema’ e começou a rir-se. Até foi um momento que nos aproximou. É muito boa pessoa, um brincalhão nato. O Sneijder era diferente, mais calmo. Gosta de gozar, mas não gosta de ser gozado (risos).

MF – Consegue escolher o melhor e o pior momento da carreira até agora?

B – O pior momento foi a minha lesão no joelho, logo no primeiro ano no Galatasaray. Em 2013. Rasguei os ligamentos e estive muito tempo parado, quase sete meses. O melhor momento foi em Leipzig, quando estivemos muito perto de chegar às meias-finais da Liga Europa.

MF – Gostou dos dois anos em que esteve na Alemanha?

B – Gostei, gostei muito. Bom campeonato, grandes equipas, grande atmosfera. Eles são um bocadinho mais frios, como se diz, e o país também é gelado (risos). Treinei e joguei com neve, não tem nada a ver com o que tenho em Atenas.

MF – Está com a família na Grécia?

B – A minha família visita-me bastante, mas vivo com o meu amigo Antoninho, um colega que conheço desde sempre.

MF – Que memórias tem da Guiné-Bissau?

B – Saí de lá com 11 anos, não me lembro de muita coisa. Os meus pais trabalhavam muito e tiveram cinco filhos. Um dos meus irmãos é o Mesca, que está a jogar no Chipre. Está lesionado no joelho, infelizmente. Tenho mais dois irmãos e uma irmã, estão sempre a viajar entre a Guiné, Portugal e Grécia.

MF – Como é que lhe surgiu a possibilidade de jogar em Portugal?

B – Eu jogava numa academia de futebol em Bissau e o Catió Baldé [empresário] viu-me a jogar e gostou de mim. Tive sorte, havia muitos miúdos de qualidade. Ele falou com os meus pais e trouxe-me para Portugal. Primeiro fui ao Benfica e fiquei lá quatro meses.

MF – Nunca assinou contrato com o Benfica?

B – Não. Eu não sabia de nada, nem sequer sabia jogar. Mas tinha dois grandes amigos no Sporting [Antoninho e Bruno Mendonça], eles falavam-me muito bem do clube e acabei por ir para lá. São como dois irmãos. O Antoninho também joga aqui na Grécia e o Bruno está nos Açores [Fontinhas, Campeonato de Portugal]. Fui às captações do Sporting, treinei uma semana e o Sporting quis ficar comigo. O problema é que eu não tinha idade para viver na Academia de Alcochete. Tive de ficar em casa do Catió, apanhava todos os dias uma camioneta para o Campo Grande e apanhava aí o transporte do Sporting.

MF – Gostou dos tempos da academia?

B – Foi maravilhoso, muitas brincadeiras, muitas histórias. Às vezes até porrada havia. Andava na escola de Alcochete, mas as aulas começavam muito cedo, 8h30, e às 10h30 tinha de sair porque o treino era às 11 horas. Eram períodos de aulas muito curtos. Mesmo na seleção eu passava um mês em estágio e tinha de faltar à escola. Felizmente, a federação colocava um professor à nossa disposição e íamos tendo aulas lá.

MF – Qual foi o treinador que mais gostou no Sporting?

B – Apanhei bons treinadores. O José Lima era muito engraçado, gostava bastante de mim e era competente.