Reis do Brasil e das Américas: Jorge Jesus e Abel Ferreira. 

Dois dos treinadores, por coincidência, mais importantes na carreira de Gelson Martins. Jesus foi o técnico que o lançou na equipa principal do Sporting, em janeiro de 2015; Abel foi o que mais e melhor aproveitou o seu talento na formação leonina. 

Gelson aceita o convite do Maisfutebol e concede uma rara entrevista. Durante mais de meia-hora fala no tom reservado e sereno que jamais abandona, mesmo quando os temas são mais sensíveis. 

A partir do Mónaco, e a poucos dias de voltar a competir oficialmente, depois de uma paragem de dois meses por lesão, Gelson Martins recorda os dias de leão ao peito e nomes que estão bem marcados num percurso já muito importante. 

Gelson, 25 anos, 21 vezes internacional português, um homem obcecado pelo sucesso. 


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Maisfutebol – Trabalhou com treinadores de grande qualidade na formação do Sporting. Algum o marcou de forma especial?

Gelson Martins – Todos tiveram a sua importância e ajudaram-me a crescer e a evoluir. Posso estar a ser injusto ao destacar algum, mas quero mencionar o Abel Ferreira. Dava-me muita motivação, gostava de mim, punha-me a jogar a defesa direito e a defesa esquerdo e eu não reclamava (risos). Ajudou muito à minha afirmação.

MF – Tem mantido algum contacto com o Abel, agora que ele está nesta conquista do Brasil?

GM – Tenho visto os jogos dele, mas não mantenho a ligação. Fico muito feliz por ele, espero que continue a ganhar e não estou nada surpreendido pelo sucesso dele. O Abel tem uma forma muito especial de motivar o grupo e no futebol isso é fundamental. O Abel tem isso, essa capacidade de mexer com os jogadores, sabe motivar.

MF – Foi ele que lhe injetou a paixão que mostra em campo, apesar de o Gelson ser muito tranquilo cá fora?

GM – Muitas pessoas dizem que dentro do campo nem pareço a pessoa que sou cá fora. Fora sou mesmo tranquilo, mas lá dentro sou um bocado mais agitado. Tem mais a ver com o que aprendi na rua e com o meu próprio estilo de jogo, que é mesmo assim, algo agitado. E, claro, tem a ver com o que fui aprendendo ao longo dos tempos no Sporting. Tem a ver com tudo.

MF – Quem eram os seus melhores amigos na formação do Sporting?

GM – Sempre foram o Carlos Mané, o Rúben Semedo, o Palhinha, o Mauro Riquicho, o Wilson Manafá também. Mas com quem me dava mais era o Palhinha, o Semedo e o Riquicho, são as pessoas com quem mais me dou até hoje. O Mauro teve uma lesão grave, não tenho falado muito com ele ultimamente.

MF – A sua geração no Sporting é de ouro: Geraldes, João Mário, Palhinha, Iuri, Manafá.

GM – Era muito boa e há muitos nomes que não foram mencionados. Agora essa formação está a dar frutos e a mostrar o que sempre valeu.

MF – Estreou-se pela equipa principal em janeiro de 2015, com o Jorge Jesus. Nessa altura já estava completamente integrado ou ainda saltitava entre os B e os A?

GM – Já estava com a equipa principal. Fiz a pré-época e fiquei. Só ao fim-de-semana é que jogava pela equipa B, apesar de ser jogador do plantel principal.

MF – O Jorge Jesus pediu-lhe alguma coisa de especial no dia da estreia?

GM – Não me lembro de nada em especial. O que ele me pedia normalmente era para agitar os jogos e lembro-me de que nesse jogo entrei e sofri um penálti [Belenenses, Taça da Liga].

MF – O Jesus foi o seu treinador mais exigente?

GM – Exige muito, está sempre em cima do jogador, mas isso obriga os jogadores a estarem ligados. Com o passar dos anos, percebemos que é uma coisa normal. Vamo-nos adaptando a ele e corre tudo bem.