* enviado-especial do Maisfutebol a Sevilha

O FC Porto não conheceu a melhor versão de Luís Fabiano. Aos 33 anos, o internacional brasileiro [45 jogos e 28 golos pela canarinha] continua a jogar muito e a marcar de todas as formas. No São Paulo, o Fabuloso sente-se em casa. Como se sentiu no Sevilha.

A uma temporada modesta no Dragão, só com três golos em 27 partidas oficiais, seguiram-se seis épocas recheadas de títulos na Andaluzia.

FC Porto e Sevilha, os clubes mais marcantes no trajeto europeu de Luís Fabiano jogam esta quinta-feira a qualificação para as meias-finais da Liga Europa. Em entrevista exclusiva ao Maisfutebol, o atacante divide o seu carinho pelos dois emblemas, mas assumindo sempre uma ligação especial aos espanhóis.

No FC Porto, Luís Fabiano ficou famoso pela quantidade anormal de remates aos ferros e por um grave problema do foro familiar. Chegou rotulado de craque, precisamente do São Paulo, mas foi vítima de um ano de tremenda ebulição no clube.

Quando chegou, Luigi Del Neri já tinha chegado e partido. Victor Fernandez lançou-o em setembro num jogo da Liga dos Campeões e Fabiano passou a ser uma aposta regular e ineficaz no centro do ataque.

Finda a época, o brasileiro mudou-se de armas e bagagens para Sevilha. É a partir dessa cidade que o Maisfutebol o apanha no Brasil. Depois de Davor Suker, outro ponta-de-lança de méritos reconhecidos fala ao nosso jornal sobre o duelo agendado para o Sánchez Pizjuan.

Os golos do Fabuloso pela seleção do Brasil:



Sevilha e FC Porto decidem quinta-feira a passagem às semi-finais da Liga Europa. Em qual dos clubes está o seu coração?
«Tenho carinho pelos dois, pois conquistei títulos em ambos. Mas não posso esconder que tenho uma proximidade maior com o Sevilha. Estive lá quase sete anos e construí uma história bonita dentro do clube».

No FC Porto fez 27 jogos e três golos (Estoril, Marítimo e Rio Ave). Qual foi o mais bonito?

«Lembro-me sempre do golo contra o Estoril [2-2, 18 de setembro de 2004], o primeiro com a camisola do Porto e no Estádio do Dragão. Mas o mais bonito foi contra o Rio Ave [1-1, 9 de janeiro de 2005]».

Chegou ao Porto depois do título europeu com José Mourinho. O ano foi mau por ter sido uma espécie de ressaca europeia? Ainda se falava muito no clube sobre ele?
«Muito, sem dúvida. Falavam muito dele e dos jogadores que tinham sido importantes na conquista da Champions e que tinham saído. Apanhei um momento de transição no clube».

Esteve uma temporada no Porto e depois seis em Sevilha. Conseguiu tudo o que pretendia no futebol europeu?
«Sim, foi um período muito importante na minha carreira. Fui muito feliz profissionalmente. Em sete anos conquistei sete títulos. No Sevilha, inclusivamente, cheguei à seleção do Brasil. Disputei a Taça das Confederações, em 2009, e o Mundial de 2010, dois momentos especiais na minha carreira».

O ano foi anormal e difícil no clube. Foi isso que prejudicou o seu rendimento?
«Era um ano de reconstrução no Porto. Foi um momento difícil porque a equipa estava à procura de entrosamento e a tentar acertar novamente. Mas no meu caso, em particular, houve outros problemas. Além de um processo de adaptação difícil, também sofri muito com problemas fora do campo, principalmente com o sequestro da minha mãe no Brasil».

Quais foram os melhores jogos que fez no FC Porto?
«Eu acho que o meu melhor jogo foi na final da Taça Intercontinental, contra o Once Caldas».

Nesse jogo tornou-se campeão do mundo, no Japão, e foi um dos melhores em campo. Que memórias tem dessa partida e da celebração?

«Foi muito especial, em tudo. Pela importância do título, claro, e para mim ainda tinha um sabor redobrado por ser contra o Once Caldas. Esse clube tinha eliminado o São Paulo, onde eu atuava, na meia-final da Taça Libertadores nesse mesmo ano de 2004. Foi um jogo muito complicado, pois a equipa deles jogava muito defensivamente e, mesmo criando as melhores oportunidades no jogo, não conseguimos sair com a vitória no tempo normal. Fomos felizes nos penáltis e levámos o título para Portugal».

O resumo do FC Porto-Once Caldas:



E no final dessa temporada de 2004/05 acabou por sair para o Sevilha. Por que não continuou no Porto?
«Por tudo o que me aconteceu fora do campo e dentro de campo durante aquela temporada. Eu e a direção fizemos uma avaliação quando surgiu a proposta do Sevilha. Chegámos a conclusão de que, naquele momento, uma mudança seria melhor para todos».

Teve dois treinadores no Dragão, Victor Fernandez e José Couceiro: sente que nenhum deles o aproveitou bem?
«Sinceramente, não tenho nada a apontar a nenhum desses treinadores. Sempre me trataram bem».

Aos 33 anos e com uma carreira recheada de títulos, o que ainda pretende fazer o Luís Fabiano no futebol?
«Ainda tenho mais três ou quatro anos para jogar ao mais alto nível. Quero fazer o meu melhor pelo São Paulo no que me resta de contrato (um ano e três meses) e depois ver o que será melhor. Posso permanecer no clube ou encerrar a minha carreira noutro lugar».

Golos de Luís Fabiano no São Paulo: