Vida nova para José Sá, 25 anos, no mundo do futebol. O FC Porto ainda não é um ciclo encerrado, pois o guarda-redes tem contrato no Dragão até junho de 2020, mas a realidade chama-se Olympiakos, onde é dono da baliza e ainda celebra uma vitória histórica sobre o AC Milan.

Na primeira entrevista dada após a saída dos campeões nacionais, José Sá enche de elogios Iker Casillas, o homem com quem disputou as redes azuis e brancas, e considera Sérgio Conceição o principal obreiro do regresso dos dragões aos títulos. 

A conversa com o Maisfutebol passa ainda pelos jogos de Leipzig (a estreia na Liga dos Campeões) e da receção ao Liverpool. José Sá sofreu cinco golos nessa noite e não voltou a jogar pelo FC Porto.


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Maisfutebol – O Iker Casillas é uma lenda do futebol mundial. Foi fácil gerir com ele diariamente a luta pela baliza do FC Porto?
José Sá – Foi fácil porque o Iker é uma pessoa acessível e simpática. Excecional mesmo. Super humilde, boa gente e bom guarda-redes. Ajudou-me muito, ajudou todos. É uma lenda do futebol, como diz, não só do FC Porto. Gostei muito de ter trabalhado com ele.

MF – Aprendeu muito com o Casillas?
JS –
Ele ensinou-me muitas coisas e eu acho que lhe ensinei algumas coisas também. Ninguém pode dizer que sabe tudo. Todos os dias aprendemos mutuamente.

MF – A 17 de outubro de 2017, o José Sá foi titular com o Leipzig. Ficou surpreendido com essa opção do Sérgio Conceição?
JS –
Estava preparado para jogar, mas fiquei um bocado surpreendido. Tentei encarar a estreia na Champions como se fosse um jogo normal. É óbvio que não é igual ter o Casillas no banco ou outro guarda-redes, mas tentei abstrair-me disso. Acho que nos demos sempre muito bem, nunca nenhum de nós criou uma situação desconfortável. Sempre nos respeitámos.

MF – Ficou marcado pela goleada sofrida contra o Liverpool? Perdeu nesse jogo a titularidade.
JS –
O Sérgio Conceição decidiu trocar de guarda-redes depois disso. O jogo correu mal a toda a equipa. Respeito a opção, como é óbvio, tal como respeitei quando ele apostou em mim para a equipa titular. Não fiquei chateado, mas fiquei triste comigo porque queria continuar a jogar.

MF – Foi fácil trabalhar com o Sérgio Conceição, um treinador com um feitio especial?
JS –
O Sérgio tem um feitio ‘à Porto’. A mística, a raça… faltava-nos um treinador assim, com pulso, que soubesse meter os jogadores no lugar. Foi graças a isso que fomos campeões, não tenho dúvidas. A mentalidade que ele colocou nos jogadores foi essencial para o FC Porto voltar a ser campeão.

MF – Quando se convenceu que isso ia mesmo acontecer?
JS –
Logo no início da época. Pela forma como falávamos com a equipa técnica e pela forma como começámos a comunicar uns com os outros. O discurso foi esse desde o início. Houve uma fase em que perdemos o primeiro lugar [n.d.r. derrotas em Paços de Ferreira e Belém, março e abril], mas nunca perdemos o foco e a crença. O espírito e a vontade de trabalhar eram diferentes das anteriores. A época com o Nuno E. Santo até correu bem, mas o Sérgio chegou e mexeu connosco.

MF – O José Sá deixou de ser convocado depois de ver um vermelho em Paços, no final do jogo. Sente que essa expulsão mexeu com o seu futuro no FC Porto?
JS –
Não. O Iker acabou a época a jogar e a jogar bem bem. Renovou contrato e não fazia sentido o Sérgio estar a trocar outra vez de guarda-redes titular. Achei melhor, por isso, procurar outro clube e jogar regularmente para, talvez no futuro, voltar ao FC Porto e ser titular.

MF – Até porque o José Sá quererá voltar à Seleção Nacional.
JS –
Esse é um dos meus grandes objetivos. Estive na Taça das Confederações e quero estar já na final four da Taça das Nações que se realizará em Portugal. Estou a trabalhar muito para isso.

MF – Já recebeu algum feedback do Fernando Santos ou de alguém da FPF sobre o seu trabalho na Grécia?
JS –
Por acaso ainda não, mas eu só comecei a ser titular na altura em que o selecionador fez a última convocatória. Por isso vou esperar. E acreditar. Percebo que os outros guarda-redes também estão a jogar e estão bem. As opções para a baliza de Portugal são muito boas.