Depois de uma época ao serviço dos turcos do Gaziantepsor, Marçal voltou a ser emprestado pelo Benfica no início desta temporada.

Agora ao serviço do Guingamp, o lateral esquerdo brasileiro dificilmente poderia aspirar a uma melhor primeira metade da temporada. Com cinco assistências no campeonato, Marçal é pedra importante no atual quinto classificado da competição.

Em conversa com o Maisfutebol, o jogador, de 27 anos, fez o balanço do meio ano que já leva por terras gaulesas e traçou o objetivo ambicioso de repetir o que alcançou na época passada na Turquia: ser o melhor na posição dele.

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Depois de um ano no Gaziantepspor, agora o Guingamp. Foi a escolha certa?

No início era difícil saber. Conhecia pouco sobre o Guingamp. Quando cheguei, ganhámos logo ao Marselha. Percebi que a equipa é forte e que tem jogadores com qualidade. Pelo que aconteceu na primeira metade da temporada, tenho a certeza de que foi uma escolha acertada.

Teve outras propostas?

Surgiram várias propostas na Turquia, também pelo que fiz no ano passado, mas neste momento não tinha muito interesse em voltar para lá. Pessoalmente, as coisas correram muito bem na época passada, fui o melhor lateral do campeonato, mas nas últimas duas semanas da época estoirou uma bomba na cidade onde eu estava [n.d.r.: Gaziantep, perto da fronteira com a Síria] e isso deixou-me assustado.

(...)

Foi a um quilómetro da minha casa. Não estamos habituados àquilo e achei que não era muito interessante continuar na Turquia. Logo a seguir surgiram duas propostas de França. Sempre achei o campeonato francês bastante competitivo. Eu e o meu agente conversámos e achámos o Guingamp mais interessante.

E o que encontrou quando chegou?

Guingamp é uma cidade pequena com 8 mil pessoas, mas nos jogos costumamos ter 18/19 mil pessoas. É um clube com adeptos que apoiam muito a equipa. É uma torcida que apoia sempre, independentemente do resultado. Temos uma equipa muito competitiva, com alguns jovens promissores e jogadores experientes.

Já leva cinco assistências a meio da época. Era difícil fazer um balanço melhor destes primeiros tempos em França?

Li que sou o defesa com mais assistências nos principais campeonatos europeus e um site colocou-me como o defesa esquerdo mais pontuado da Europa. As coisas têm corrido bem. Na verdade, um dos meus objetivos pessoais no Guingamp é ser o melhor lateral esquerdo do campeonato francês.

Já o tinha sido na Turquia.

Esse foi o meu objetivo e vim com esse objetivo para cá. As coisas deram certo na primeira volta. Tenho feito assistências e espero terminar o campeonato com golos.

Ser considerado o melhor lateral esquerdo é um objetivo ambicioso, ainda por cima num campeonato como o francês...

É verdade, mas penso que um jogador tem de ter ambição. O meu objetivo é tentar ser sempre o melhor na minha posição. Se voltar para Portugal, também vou ter esse objetivo.

No jogo com o PSG, em dezembro, onde ajudou a segurar a vitória sobre o campeão francês já perto do fim com um corte em cima da linha de golo

Foi muito elogiado pela imprensa depois do jogo com o PSG para o campeonato, que o Guingamp ganhou por 2-1 e onde evitou o empate já perto do fim com um corte em cima da linha de golo. Lembro-me que celebrou esse momento como um golo.

[risos] Foi um corte importante. Ainda há uns dias estava a conversar com um amigo sobre isso. Normalmente não tomo a decisão de ir para dentro da baliza, mas tive aquele instinto no momento. Para mim foi como se tivesse marcado um golo. Nós estávamos a controlar o jogo, mas nos últimos dez minutos eles reduziram e pressionaram muito.

O Guingamp está no quinto lugar do campeonato. As competições europeias são um objetivo?

Quando cheguei, o objetivo que me passaram foi que queríamos ficar no top 10. Depois, o treinador disse que sem ninguém notar íamos lutar pela Europa. Isso motivou-nos bastante. A ideia é terminar a época pelo menos numa vaga para a Liga Europa e acreditamos que podemos terminar em quarto e que, se algum dos grandes der 'bobeira', quem sabe não podemos ser terceiros.

E dos três primeiros – Nice, Mónaco e PSG – quem lhe parece estar mais forte até ao momento?

Ainda não joguei contra o Mónaco, mas tenho acompanhado muito os jogos. Para mim, a equipa mais forte neste momento é a do Mónaco. Defensivamente são muito sólidos, têm sofrido poucos golos e na frente são muito fortes. Não sei qual é a média de golos deles por partida, mas estão muito acima da média do campeonato francês.

E como é que se entende por aí, numa equipa sem brasileiros nem portugueses? Já arranha o francês?

Falo muito pouco, estou a aprender. Normalmente enrolo um pouco do meu inglês. Até entendo bem o francês, mas tenho dificuldade em falar, talvez também por vergonha. Mas não há problemas de comunicação. Também está cá o Romain Salin, que jogou em Portugal no Marítimo. Estamos sempre juntos e é uma ajuda.

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