O Vitória Sport Club, de Guimarães, chega à 15ª jornada do campeonato com uma marca defensiva impressionante: apenas 13 golos sofridos. Um dos principais responsáveis pelo registo é Jorge Fernandes, o defesa mais utilizado por João Henriques e a referência do quarteto mais recuado. 

Jorge acumula 32 internacionalizações nas seleções jovens e foi um dos eleitos para representar Portugal no Campeonato do Mundo de sub20 em 2017. Jorge Fernandes esteve em todos os jogos da Seleção Nacional e formou dupla com Rúben Dias, como recorda nesta grande entrevista ao Maisfutebol. Portugal caiu nos quartos-de-final da prova.

E a próxima paragem, Jorge? A lista de convocados de Fernando Santos?


PARTE I: «Fui um dos putos que corriam atrás do Quaresma na rampa do Olival»

PARTE II: «Vi o Brahimi a treinar e pensei: 'se este é assim, imagina o Messi'» 


Maisfutebol – Em 2017 disputou o Mundial de sub20 na Coreia do Sul. Era possível ter repetido os títulos de 1989 e 1991?
Jorge Fernandes – Foi um dos momentos mais altos da minha carreira. Jogar um Mundial é tudo o que um futebolista aspira. Os dias corriam a uma velocidade diferente. Caímos nos quartos-de-final por penáltis, contra o Uruguai. Fiquei com aquele sabor de que se podia ter ido mais longe, sim. Estivemos mais de um mês juntos. Na altura até comentei com o Dalot qualquer coisa assim: ‘se nos sub20 é assim, imagina no verdadeiro Mundial’. Um dia talvez saiba como é.

MF – Nesse Mundial fez dupla com o Rúben Dias. Ele já se destacava dentro da equipa?
JF – O Rúben sempre teve este perfil forte. Aquela ligação ao jogo, sempre ligado à corrente, sempre a falar. É assim desde sempre. Li uma entrevista dele há pouco e revejo-me nas palavras que disse: ‘gosto de criar a sensação de impotência nos adversários’. A minha adrenalina é defender bem, mais do que marcar golos se calhar. Adoro travar um adversário, roubar a bola, fazer-lhe sentir que por mim não passa. O Rúben é assim, foi um prazer partilhar campo e balneário com ele. Ainda vamos falando, normalmente para lhe felicitar pelas conquistas que tem conseguido. Merece ter sucesso. Conheci-o nos sub15 e ele já era assim.

MF – O Ferro era o terceiro central dessa seleção.
JF – Sim, o Ferro foi a terceira opção nesse Mundial. É um central com características distintas. É mais calmo, comunica de forma diferente. Mas é um bom jogador, que também fala e sabe liderar.

 



MF – Na seleção A, o Pepe e o José Fonte já têm 37 anos. Isso faz com que a curto/médio prazo essas vagas tenham de ser preenchidas. O Jorge pode estar no lote de sucessores?
JF – As perspetivas e o objetivo existem. Luto por isso, estou focado nesse meu sonho e se tiver que ser, será. É um objetivo a alcançar a médio prazo, sim.

MF – Qual foi o adversário mais chatinho, mais difícil que apanhou dentro de campo?
JF – Não sei se ele foi o mais chatinho, mas pelas circunstâncias em que tudo aconteceu tenho de escolher o Bas Dost. Eu fui para o Tondela, estreei-me na I Liga com dez minutos em Paços de Ferreira e logo a seguir fui titular contra o Sporting. Perdemos com um golo do Coates nos descontos. Portanto: fui pela primeira vez titular na Liga a ter de marcar um ponta-de-lança do nível do Bas Dost. Não foi fácil. Terá sido o duelo mais difícil que travei.

MF – Mudando de assunto. Sabemos que o Jorge teve o cuidado de auxiliar unidades hospitalares no combate à pandemia.
JF – Estão bem informados. Preferia que isso não tivesse sido notícia, mas é verdade. Eu, o meu empresário e mais dois colegas reunimos material e oferecemos a três hospitais. Na altura não foi notícia porque não quisemos. Não sinto necessidade disso. O importante era fazer chegar a ajuda a quem mais precisava e sublinhar a dedicação exemplar de médicos, enfermeiros, auxiliares, bombeiros, polícias. Têm sido os nossos salvadores nesta fase tão delicada.

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