2016 foi um bom ano. Para a Seleção Nacional, que se sagrou campeã europeia; para os portugueses, por essa mesma razão; e para Renato Sanches. Em poucos meses o médio assume a titularidade no Benfica, é campeão, acerta uma transferência para o Bayern de Munique por muitos milhões de euros, é convocado para o Campeonato da Europa, torna-se campeão da Europa, ganha o prémio de jogador jovem do torneio e vence o Golden Boy no fim desse ano. Tudo aos 18 anos.

No dia em que se assinala o quarto aniversário do Europeu ganho por Portugal, o agora jogador do Lille fala-nos de como foi assumir as rédeas do meio campo luso ainda tão novo e explica o que correu mal na sua passagem pela Alemanha. A falta de oportunidades, o empréstimo que «nunca quis», a transferência para o Lille e o que o futuro lhe reserva, sempre com o Benfica a surgir como a luz no fundo do túnel.

Renato Sanches, 22 anos, em longa entrevista ao Maisfutebol.

PARTE II: «Não estava preparado para jogar no Bayern»

PARTE III: «Queríamos o Euro2016 tanto ou mais que o Cristiano»

Renato Sanches durante os festejos do título do Benfica em 2016

Maisfutebol - Na temporada 2015/16 assume a titularidade no Benfica em poucos meses e acaba como campeão nacional. Foi tudo demasiado rápido?
Renato Sanches - Isso foi um processo que o Benfica concretizou para mim. No dia em que renovei o meu contrato, lembro-me bem, o presidente Luís Filipe Vieira disse-me que ia começar a trabalhar com a equipa principal. Acho que correu tudo muito bem, porque eu correspondi de forma positiva ao processo que criaram para mim. Consegui jogar, consegui ser titular, consegui singrar e ganhar títulos.

No penúltimo jogo do campeonato, em casa do Marítimo, foi expulso ainda no primeiro tempo.
Foi um momento mau porque nós precisávamos de ganhar aquele jogo. Eu era muito novo e não podia ter cometido aquele tipo de erro. Pela altura em que foi, por precisarmos ganhar… Mas, por exemplo, o primeiro cartão amarelo que levo, devia ter sido pénalti a nosso favor. Ele dá-me na perna e eu fico cheio de sangue. A meia era branca e fui mostrar isso ao árbitro. Acabei por levar cartão por simulação. No segundo lance devia ter tido mais calma, não devia ter perdido a cabeça com o pénalti, porque a minha reação foi mais por isso.  Foi um momento mau, podia ter prejudicado a minha equipa e depois as coisas podiam ter sido mais complicadas. Felizmente isso não aconteceu.

Em 19/20 acaba por sair para o Lille. Foi hipótese voltar ao Benfica?
O Benfica foi uma hipótese, mas o Bayern não me podia emprestar porque só tinha mais um ano de contrato. A ida para o Lille foi decisão minha. Como só tinha mais um ano de contrato, o Bayern aproveitou porque no ano seguinte tinha de me deixar sair a custo zero. Eu quis ir para o Lille e o Lille queria que eu fosse. A hipótese Benfica foi real, sempre foi real.

Traça objetivos fortes para a próxima época?
Tenho a certeza de que a próxima época vai ser muito melhor do que a última. Eu vou continuar a trabalhar, a dar o meu melhor e a alcançar os meus objetivos. Qualquer jogador português deseja ir às competições de seleções e eu não escondo isso. É certamente um objetivo. Em relação ao Lille, de certeza que íamos ficar em terceiro lugar já esta época. A Liga acabou numa sexta-feira e nós jogávamos no sábado. Se ganhássemos esse jogo, subíamos para terceiro. Temos de continuar a fazer o que temos feito e esperar pelo melhor.

Aos 22 anos já movimentou muitos milhões. Isso pesa num jogador?
Isso passa-nos ao lado. São coisas que só pesam para quem não joga. Para um adepto, para alguém que não seja jogador. São coisas de clubes, nós só queremos jogar, independente dos milhões que deram por nós. O objetivo nao é movimentar milhões, o objetivo é jogar.

E num futuro mais distante, Portugal é uma realidade? Em que clube?
Eu sou muito novo, vou fazer 23 anos. Nunca digo não, Portugal é um país onde nasci e cresci, mas não penso tanto a longo prazo. Acabar no Benfica, por que não? Claro que sim. É o clube do meu coração, toda a gente sabe disso, mas a vida continua e nós temos de olhar sempre para a frente. Agora é difícil de explicar, tenho 22 anos e pode acontecer para a próxima época, pode acontecer daqui a dois anos ou 15, não sei.

Pedimos ainda ao Renato que nos responda de forma rápida a algumas questões curtas.

Quem foram os seus melhores cinco colegas de colegas de equipa?
Neuer, Ronaldo, Lewandowski, Thiago Alcântara e Alaba.

O melhor golo que marcou?
Contra a Académica pelo Benfica. Ou contra o Vitória de Guimarães

O melhor troféu que levantou ?
O Europeu 2016.

O melhor jogo da sua carreira [equipa]
Final do Europeu em França.

O melhor jogo da sua carreira [individual]
Lille-Montpellier.