Leonardo Jardim, Ricardo Carvalho, João Moutinho, Bernardo Silva. Os portugueses mais conhecidos do AS Mónaco. Depois, Luís Campos (diretor desportivo) e os elementos da equipa técnica. Por fim, Gil Dias.
 
Gil Bastião Dias, orgulhoso filho da Gafanha da Nazaré, treina com o plantel principal do Mónaco há alguns meses. Chegou ao Principado no final de agosto, com apenas 17 anos, após uma temporada de grande nível nos juniores do Sp. Braga.
 
O clube monegasco recebeu o promissor esquerdino para uma adaptação progressiva, avançou para a compra do passe repartido entre Sp. Braga e Gestifute e preparou um contrato válido até ao verão de 2019.
 
O internacional sub-19 atingiu a maioridade em setembro e vai ser inscrito pelo Mónaco na reabertura do mercado, em janeiro, procurando entrar no leque de opções de Leonardo Jardim a curto ou médio prazo.
 
Sem competir nos últimos meses, o jovem deverá iniciar o seu percurso na equipa B do clube – disputa o Grupo C da CFA, o quarto escalão – e espera recuperar adquirir o necessário ritmo competitivo em poucas semanas.
 
 

Mas quem é, afinal, Gil Dias?
 
O Maisfutebol foi à procura de respostas e encontrou-as em Taboeira, bem próximo no Estádio Municipal de Aveiro, durante um acolhedor jantar de família.
 
Gil nasceu relativamente perto, na Gafanha da Nazaré, e descobriu rapidamente o seu entusiasmo pelo futebol.  «Quando tinha 8 anos, um senhor que trabalhava no Gafanha falou com o meu pai e eu fui treinar ao clube. Em pequeno, jogava basquetebol e futebol, mas a certa altura o meu pai disse-me que eu tinha de decidir e segui o futebol, que me entusiasmava mais.»
 
O Grupo Desportivo da Gafanha foi a porta de entrada para uma realidade bem maior. A certa altura, o esquerdino recebeu um convite do Sporting. «Foi uma grande alegria, tinha 10/11 anos e estava a jogar pelo Sporting, embora ficasse a treinar durante a semana no Gafanha.»
 
Gil Dias carregava já a primeira alcunha, numa ligação que o acompanha até hoje. «Era chamado de Levezinho, como o Liedson, e quando fui para o Sporting deram-me a escolher uma camisola de um jogador da equipa principal. Escolhi a dele, de quem jogava muito, embora eu seja benfiquista. Por causa do Liedson fiquei com o número 31 desde pequeno e é com esse que tenho treinado no Mónaco.»
 
O jovem ficou apenas por uma temporada no Sporting. «Fartei-me de chorar quando não ficaram comigo, mas felizmente recuperei a felicidade na Sanjoanense.»
 
A Associação Desportiva Sanjoanense foi assim o principal clube formador de Gil Dias, que vestiu a camisola entre 2008 e 2013. Cinco anos a apostar no seu talento, com um veículo da Sanjoanense a transportar a promessa por mais de 50 quilómetros para cada lado.
 
 

Na época passada, o jogador rumou ao Sp. Braga e teve de despedir-se pela primeira vez da família. O sonho comanda a sua vida. «Sempre imaginei ser jogador de futebol, nunca pensei em mais nada. Era um aluno médio mas tive de parar os estudos, acho que vou ficar apenas com o 9º ano.»
 
«Os primeiros meses em Braga não foram fáceis. Por um lado, tive de conquistar o meu espaço e habituar-me a um sistema diferente. Na Sanjoanense jogava como extremo em 4x3x3, enquanto o Sp. Braga jogava em 4x4x2. Para além disso, foi a primeira vez que saí de casa, só aqui vinha aos fins-de-semana, quando podia. Claro que agora no Mónaco ainda é pior nesse aspeto, mas vale a pena.»
 
A época no Sp. Braga teve contornos dourados, já que a formação arsenalista sagrou-se campeã nacional de juniores, algo que não acontecia desde 1977.
 
«Houve jogos em que os adversários nos desvalorizaram. Lembro-me de fazermos um golo contra o Oeiras e o jogador que me estava a marcar dizer que nunca seríamos campeões nacionais. Também não acreditávamos, mas a verdade é que aconteceu», conta Gil Dias, acrescentando: «Os três chamados grandes também não nos levaram muito a sério. Tínhamos uma união muito forte e não vi isso em qualquer adversário, foi a nossa grande arma.»


 
2014 está a ser um ano inesquecível para Gil Dias. A 25 de março, fez a sua estreia pela seleção sub-18 num encontro particular frente à Bélgica. Entretanto, chegou aos sub-19 e contabiliza já oito internacionalizações.
 
«Nunca tinha pensado em chegar à seleção nacional, foi uma das maiores alegrias da minha vida. Agora o meu objetivo é chegar o mais longe possível na seleção, ou seja, à equipa principal.»

 

Para isso, o jovem espera crescer no AS Mónaco e retribuir o forte apoio da família. É por eles que corre todos os dias. «Quero vê-los contentes e faço o melhor não só por mim como por eles», garante, revelando que costuma procurar os rostos conhecidos sempre que entra em campo, quando as equipas ficam alinhadas de frente para as bancadas.
 
«Jogador de finta, de situações de um para um e velocidade», Gil Dias quer evoluir em alguns parâmetros, como «o volume do corpo, a 'manha' e talvez a concentração no momento do passe». Cristiano Ronaldo, naturalmente, «é o grande exemplo a seguir.»
 
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