A dois dias do regresso à competição com o FC Copenhaga, Zeca abre a porta ao Maisfutebol e fala da relação que tem com Vlachodimos e Samaris, jogadores do Benfica e colegas do português na seleção da Grécia.

Zeca aproveita para voltar a 2011 e recordar o processo que o levou de Setúbal a Atenas, no final da única época feita na I Liga portuguesa. 

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Conhece bem o Vlachodimos e o Samaris.
 
O Vlachodimos foi meu colega no Panathinaikos e temos uma relação muito boa. É um miúdo espetacular, só quer trabalhar e evoluir, ser melhor todos os dias. Preocupa-se com os outros, gosta da palhaçada, é uma pessoa espetacular. O Samaris conheci melhor na seleção e surpreendeu-me muito a maneira dele ser. É amável, disponível para ajudar. Lembro-me que ele falava muito comigo em português no início, porque ele fala bem português. Na concentração chama-me sempre para conversar. São duas pessoas impecáveis e excelentes jogadores.

O Vlachodimos falou consigo antes de assinar pelo Benfica?
Chegou a perguntar-me como é o Benfica. Eu disse-lhe que tinha de ir de olhos fechados. Sei a grandeza do Benfica e respeito-a, apesar de não ser o meu clube. Disse-lhe que ia estar num clube fantástico, com todas as condições, estádio cheio, adeptos por todo o Portugal, ‘são seis milhões os gajos’ (risos). Disse-lhe que ele tinha de ir e pedi-lhe para escrever no youtube ‘festa do Benfica no Marquês’. Ele ficou doido e depois de viver aquilo disse-me que era cem vezes melhor do que ver na internet. Nunca tinha visto nada igual.

Na seleção grega falam da liga portuguesa?
Sim, falamos. Mas falamos mais sobre a família, de como estamos. Eles têm a noção de que a luta é sempre entre eles e o FC Porto, são as equipas mais fortes.

Tem contrato até 2023 na Dinamarca. Ainda lhe passa pela cabeça jogar em Portugal?
Eu já disse que gostava de acabar a carreira no Panathinaikos. Não sei se vai ser possível. Por outro lado gostava de jogar mais um ano na I Liga portuguesa, porque só joguei um ano e não me consegui afirmar. Fiz 12 jogos a titular e 12 a sair do banco. Era mais um jogador para preparar para o futuro e não demonstrei o meu valor.

Mesmo sem ser um titular absoluto, conseguiu saltar de Setúbal para o Panathinaikos.
O Bruno Ribeiro era o treinador e perto do fim da época chamou-me no hotel e disse-me: ‘continua a trabalhar, a ser humilde e a dar o máximo, tenho o pressentimento e sei que vais para um grande europeu’. Perguntei-lhe se ele sabia de alguma coisa e fiquei a matutar. O tempo foi passando, fui de férias pela primeira vez para fora de Portugal e em Punta Cana recebi a ligação de um empresário português. Não me lembro do nome dele. ‘Zeca, tenho aqui uma proposta do Panathinaikos, eles estão muito interessados’. Eu agradeci, passei-lhe o número do meu empresário e liguei de imediato para ele. Para o meu empresário, o Carlos Gonçalves. O Carlos disse-me que já andava há quatro meses a tentar fechar isso e que não me disse nada para eu ficar tranquilo.

O negócio fechou-se logo?
Não, ainda demorou. Voltei a Lisboa, recomecei a treinar com o Vitória, fomos para o Norte na pré-época e nada. Regressámos a Setúbal, fizemos a apresentação contra o Estoril e eu pensei que ia ser titular. O Bruno Ribeiro falou comigo, disse-me que nem ia entrar porque as coisas com o Panathinaikos estavam quase a ser fechadas. No dia a seguir estava a assinar a rescisão com o Vitória e depois viajei para a Grécia.