Nesta segunda parte da entrevista, o goleador que por duas vezes venceu a Bota de Ouro como melhor marcador europeu, por FC Porto e Sporting, destaca os homens-golo da Liga. Fala de Jonas e Bas Dost, mas destaca em particular Tiquinho Soares, reforço de Inverno dos dragões agenciado pelo seu amigo Deco. «Soares não vai durar muito no FC Porto», acredita Jardel, comparando os seus atributos aos do «29» portista. Sobre a corrida pelo título, vaticina: «O FC Porto está com cheiro de campeão.»
«Gostaria de parar no tempo. Quando eu jogava, só conseguia parar no ar» - Entrevista (Parte 1)
Esteve no Estádio do Dragão a ver a maior goleada da Liga (7-0 do FC Porto ao Nacional)…
Sou pé quente. E logo com o Bruno Paixão a apitar o jogo… Lembram-se daquele jogo frente ao Campomaiorense? O José Soares fez uns cinco penáltis sobre mim e não assinalaram nenhum. Mas é impressionante o carinho que tenho aqui. Tantos anos depois continuo a sentir-me em casa.
Lembra-se da última vez que o FC Porto conseguiu um resultado assim contra o Beira-Mar, em 1999?
7-0! Fiz quatro golos! Será coincidência?
Viu em ação o Tiquinho Soares, também ponta de lança, também nordestino e bom de cabeça... Faz-lhe lembrar alguém?
Vi o gajo! Ele é de Sousa, lá na Paraíba, terra do meu sogro. Não vai demorar muito no FC Porto: é forte, bom no drible e no passe, tem técnica… E sobretudo vontade.
Acha-o de algum modo comparável consigo?
Ele é melhor do que eu fora da área, a dominar, a proteger a bola… Eu não fazia tão bem isso, tenho de reconhecer. Dentro da área, ele consegue ser eficaz quando a bola lhe chega. Se ele jogasse na minha época, com o Drulovic de um lado e o Sérgio (Conceição) do outro, poderia fazer melhor do que eu. Chegou ao FC Porto com muita personalidade. Chegou para fazer história!
Marcou em todos os jogos da Liga, desde que chegou ao FC Porto. O momento é fundamental para um goleador, não?
Sem dúvida. E o Soares está «pegando cancha». É um jogador que não tem problemas de adaptação… Para felicidade do FC Porto e do meu grande amigo Deco, que o trouxe.
No FC Porto destaca mais alguém?
O Brahimi… Muito bom jogador. Joga para a frente, é inteligente. É outro que pode não durar muito no FC Porto. A qualidade dele é visível. E o aplauso dos adeptos para ele quando saiu de campo… É semelhante ao Deco, mais rápido no drible, talvez. Bom jogador! Bem, o Deco era um jogador mais de equipa, marcava mais, tinha muita qualidade de passe.
Tem acompanhado a Liga Portuguesa?
Acompanho os jogos pela televisão no Brasil. Nesta passagem por Portugal também assisti a alguns.
Que outros avançados destaca nesta Liga?
O Bas Dost é bom avançado também. Goleador. A bola aparece-lhe na frente e ele é eficaz. Não precisa de muitas oportunidades para marcar. Como o Jonas no Benfica. É um jogador já pronto, maduro. Faz a diferença.
Estamos a entrar na fase decisiva do campeonato. FC Porto e Benfica lutam pelo título. Arrisca um palpite?
O FC Porto está com cheiro de campeão. O Benfica tem dois clássicos para disputar e o FC Porto só tem um. Mesmo assim, o campeonato pode ser decidido nos jogos pequenos, bem mais difíceis do que se pensa.
Não é arriscado afirmar que o Jardel torce pelo FC Porto, portanto…
É o clube que está no meu coração, onde tenho uma história muito bonita.
O que o leva a acreditar nesta equipa de Nuno Espírito Santo?
Vejo um grupo forte, uma equipa que está a crescer no campeonato. Na Liga dos Campeões é mais complicado. É lógico que quando se joga contra a Juventus fica difícil. Basta comparar o orçamento de Juventus e FC Porto para perceber as diferenças. E aí começam a notar-se os detalhes. Mesmo assim, acredito que pode acontecer uma surpresa lá em Turim. Surpresa não, porque o FC Porto é equipa grande.
«Gostaria de parar no tempo. Quando eu jogava, só conseguia parar no ar» - Entrevista (Parte 1)
