De um lado Héctor Herrera e Jesús Corona, do outro Antonio Briseño. O FC Porto-Feirense de hoje (17h30) é também um duelo entre mexicanos.

Vai daí que o Maisfutebol decidiu contactar outro internacional azteca para abordar o jogo, mas também o campeonato português e os dois anos e meio em que representou o FC Porto.

O pretexto era o ideal para falar com Miguel Layún, ex-craque dos dragões e amigo do já referido trio que se enfrenta neste domingo para a 8.ª jornada da Liga.

Miguel Arturo Layún Prado, 30 anos, chegou ao Dragão na época 2015/16 emprestado pelo Watford. Veio para substituir Alex Sandro no lado esquerdo da defesa e com Lopetegui, primeiro, e Peseiro, depois, agarrou o lugar durante toda época, tornando-se no «rei das assistências» do campeonato (16), o que levou a SAD azul e branca a comprar o seu passe.

A chegada de Alex Telles na época seguinte, porém, tirou-lhe espaço no onze, já com Nuno Espírito Santo, e a situação não se alterou em 2017/18, com Sérgio Conceição no comando, pelo que em ano de Campeonato do Mundo o lateral mexicano decidiu sair a meio da época para o Sevilha, onde acabou por jogar mais (18 jogos e dois golos).

Layún saiu em definitivo para o Villarreal no início desta época, mas guarda boas memórias de dois anos e meio de azul e branco vestido, em que fez 80 jogos e 11 golos.

É o próprio que assim o diz numa entrevista à distância, encurtada pelos afazeres familiares no dia seguinte a ter jogado os 90 minutos na goleada do Villarreal sobre o Rapid de Viena (5-0) para a Liga Europa.

«Diz-me, em que posso ajudar-te?», começa por perguntar simpaticamente Layún, antes de esclarecer que está a tomar conta dos filhos e que não tem muito tempo disponível.

Entrevista em contrarrelógio? Pois bem. Desafio aceite, Miguel.

MAISFUTEBOL: Olá, Miguel. O FC Porto joga domingo com o Feirense. Além do Corona, do Herrera, também torce em Portugal pelo clube do seu amigo Antonio «Pollo» Briseño [que o Maisfutebol entrevistou recentemente]?  

LAYÚN: Sim, tal como já referi aquando da minha saída, vou ser sempre do FC Porto. Mas em Portugal também torço pelo Briseño [defesa-central da equipa de Santa Maria da Feira]. Tornou-se meu amigo quando eu jogava aí. Gosto de saber que as coisas lhe estão a correr bem. Alguém que trabalha como ele, merece muito ser bem-sucedido. Estou confiante de que ele vai ser um jogador importante para o Feirense. Depois, com certeza que chegarão mais oportunidades.

O FC Porto vem de uma vitória importante frente ao Lokomotiv, em Moscovo, para a Liga dos Campeões. O seu compatriota Corona fez um golo e uma assistência e terá sido a figura do jogo. Gostou da exibição dele?

O Corona é dos jogadores com mais qualidade que eu já vi. Desfruto ao vê-lo jogar. Estou certo de que ele vai continuar a crescer e atingir um patamar ainda mais elevado.

Pelo que já pôde para ver, quais são as diferenças deste FC Porto para o da época passada?

Não acho que haja diferenças muito grandes. Há alguns jogadores novos, sim, mas a equipa que joga habitualmente é quase a mesma. Podem falar e tentar encontrar grandes diferenças, mas acho que isso não tem nada a ver com a realidade.

Começámos pelo Briseño e pelo Corona, mas não podemos deixar de falar do seu amigo e também companheiro de seleção mexicana Herrera. Ele começou sem ser uma opção óbvia para jogar de início na época passada e tornou-se numa das grandes figuras do campeonato nacional conquistado pelo FC Porto. Esperava essa assunção dele como jogador fundamental na equipa?

O Herrera é um líder, um jogador com muita qualidade e que trabalha como poucos. Quando a situação dele não era a melhor, continuou calado e a trabalhar, confiando nas suas capacidades. Isso não é fácil de conseguir.

…E culminou uma grande época com aquele golo na Luz, frente ao Benfica (0-1), decisivo para a conquista do título pelo FC Porto. Como viveu esse jogo e a conquista da época passada?

Aquele jogo na Luz foi incrível! O ambiente foi espetacular e o Herrera ter marcado aquele golo para definir o jogo foi assombroso!

Esteve metade da época passada com o Sérgio Conceição – e também se sagrou campeão nacional –, antes de ser emprestado ao Sevilha. Nas duas épocas anteriores, trabalhou com Julen Lopetegui, José Peseiro e Nuno Espírito Santo. O que fez a diferença no FC Porto para só Conceição ter conseguido chegar à conquista do título?

Cada um dos misters tem a sua maneira de ver as coisas, de trabalhar e de lutar pelos objetivos. Pessoalmente, o Lopetegui foi o treinador com quem mais desfrutei a jogar. Mas penso que o Sérgio Conceição chegou no memento certo. É também um treinador com personalidade e isso foi muito importante na época passada. O Sérgio Conceição encontrou uma maneira de puxar pela equipa e isso foi com certeza decisivo na caminhada para o título.

Concorda que este ano o desafio do FC Porto para chegar ao título vai ser ainda mais difícil?

Cada época tem as suas dificuldades, mas acredito que o mais difícil para o FC Porto vai ser não relaxar. Após ter esperado alguns anos para voltar aos títulos, é importante manter aquela vontade de querer mais e mais. No entanto, acho que isso está assegurado. Esta equipa tem muitos jogadores com experiência e que só pensam em ganhar. Por isso, penso que a ambição não vai ser problema.

Saiu a meio da época passada para ser emprestado ao Sevilha. Nesta temporada acabou por se transferir em definitivo para o Villarreal. Sente-se mais realizado no futebol espanhol?

Estou feliz, gosto de jogar à bola. O último ano e meio no FC Porto não foi como eu esperava, mas sei que o futebol é mesmo assim. Gostei muito de representar o FC Porto. Fiz amizades incríveis aí. Agora, em Espanha, estou a trabalhar para poder jogar cada vez mais num campeonato de máxima exigência.

O Layún tem agora 30 anos. Onde se imagina a jogar no futuro?

Tenho vontade de jogar mais algum tempo aqui em Espanha. No futuro não sei. Se calhar, mais lá para a frente, gostaria de jogar nos Estados Unidos, até para estar perto da família. Mas ainda não decidi, até porque nunca se sabe o que o futuro pode reservar-nos. O futebol pode trazer muitas surpresas…