Nemanja Gudelj chegou ao Sporting, por empréstimo do Guangzhou Evergrande, com rótulo de substituto de William Carvalho, mas não sente pressão extra por isso. Feliz em Alvalade, o jogador sérvio falou ao Maisfutebol sobre os primeiros meses no clube leonino e o objetivo do título.

O médio, de 26 anos, também recordou que esteve para ir para o FC Porto em 2014, mas que achou melhor não dar esse passo. A explicação é simples.

Treinado por Jaime Pacheco na China, para onde foi também por dinheiro, como admitiu, Gudelj sente-se satisfeito com a carreira que está a construir e abriu as portas para ficar em Portugal.

Com pai ex-futebolista (agora treinador) e mãe nutricionista, tem o desporto no sangue - o irmão joga no Vitoria Guimarães B e a irmã é tenista - e a alimentação como um dos seus maiores cuidados.

O Sporting, a carreira e algumas curiosidades de mais um estreante no futebol português, que fala castelhano desde criança (porque o pai jogou em Espanha) e que já percebe «70 a 80 por cento» do que se diz na língua de Camões, numa entrevista de três partes.

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Chegou ao Sporting no final do mercado de verão. Soma seis jogos, os dois últimos como titular [ndr. a entrevista foi realizada antes do jogo com o Arsenal, no qual também jogou de início]. Está feliz em Alvalade?

Sim, estou muito feliz aqui. Estou aqui há quase dois meses e as pessoas todas me receberam muito bem. Não tenho palavras, mesmo. São todos muito calorosos e ajudaram-me com tudo para me sentir em casa.

Portanto, está integrado?

Sim, totalmente.

Veio para o Sporting para colmatar a baixa de William Carvalho, que saiu para o Betis. Ele era muito importante na equipa… Isso traz-lhe maior responsabilidade?

Não, não sinto essa pressão. Sinto apenas a pressão que todos sentimos. A minha não é maior do que a dos outros. Trabalhamos como equipa e com união. Queremos fazer bons jogos e ganhar e isso só poderá ser alcançado em conjunto e não por um só jogador.

Jogou contra o Bast Dost na Holanda, quando ele jogava no Heerenveen e o Gudelj no NAC Breda. Agora estão na mesma equipa, mas ele está lesionado… Está ansioso por jogar ao lado dele?

Sim. Ainda agora [dia da entrevista] veio ter comigo muito contente a dizer que achava que poderia regressar em breve. Disse-lhe que estava muito feliz por ele. Espero vê-lo no campo em breve. Todos sabemos que é um grande jogador e um goleador nato, vai certamente ajudar a equipa.

E o que acha da equipa do Sporting? Ficou surpreendido com algum jogador?

Surpreendido? Não. Já sabia que era uma equipa com muita qualidade com jogadores novos e com um grande futuro e que alguns já estavam aqui há algum tempo. O Nani e o Bruno Fernandes, por exemplo, mas não fiquei surpreendido porque já sabia onde me vinha meter. Já tinha visto jogos do Sporting e sabia que era uma equipa muito boa.

E o treinador José Peseiro, está a gostar de trabalhar com ele?

Sim, estou a gostar. Os treinos não são muito longos, mas são intensos e eu gosto disso. Quanto a ele, antes de vir para aqui falei com ele e isso ajudou a querer vir. Era importante ter uma boa relação com ele.

Sabe certamente que o Sporting não é campeão há muitos anos, mas chegou e disse que queria ser campeão. Acredita que é possível ou o Sporting ainda precisa de algo mais?

Claro que acredito, temos de ter a ambição de ser campeões e ganhar o maior número de taças todas as temporadas. Vamos seguir a linha que traçámos e que queremos para no final ganhar a Liga, as Taças e chegar o mais longe possível na Liga Europa.

Ainda assim, já houve resultados negativos e o futebol do Sporting não é muito atrativo…

Para mim o mais importante é ganhar jogos. Se olharmos para outras equipas grandes que ganham campeonatos e Champions, elas também não jogam sempre bem e bonito. Isso é difícil. As outras equipas também se preparam e têm a sua qualidade. Claro que o futebol atrativo é importante, mas o mais importante é ganhar. Se jogares bonito e depois não ganhares, não ficas com nada.

Mas e para marcar? Talvez o Sporting sinta a falta de Bas Dost, o melhor marcador das duas últimas temporadas…

Sim, não é que sinta a falta, mas claro que é diferente quando ele está. Ele ajuda muito a equipa além de que todas as equipas precisam de ter todos os seus melhores jogadores disponíveis. Quantos mais, melhor.

Do que tem visto, até aqui e porque estão à frente na tabela, acha que o Benfica e o FC Porto são os candidatos mais fortes ao título?

Para mim o Sporting está ao mesmo nível. Talvez possam dizer que eles são favoritos porque nos últimos anos ganharam, mas pela qualidade que temos certamente que podemos lutar pelo título.

O Sporting quer sempre ganhar o campeonato e as Taças, mas José Peseiro e o Sporting já estiveram perto de ganhar a Liga Europa e o treinador já falou sobre isso. O Gudelj acha isso possível?

Se jogarmos e dermos o nosso máximo acho que podemos chegar até à final. E na final, todos sabemos que é apenas um jogo e que tudo pode acontecer.