O Arouca foi a equipa sensação do campeonato português em 2015/2016. A formação arouquense chegou de forma surpreendente e com todo o mérito ao quinto lugar da Liga e alcançou os lugares europeus.
 
Por isso, a nova época começa mais cedo e com a estreia absoluta do emblema nas competições europeias, ao jogar a terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga Europa já no final de julho e no início de agosto, antes de o campeonato começar.
 
Em entrevista ao Maisfutebol, o guarda-redes Rafael Bracali, que foi um dos destaques da equipa do Arouca, revelou como foi possível alcançar esse feito, fez a antevisão à época que está prestes a começar e elogiou o treinador Lito Vdigal: «Não posso falar mal dele, não é?» 
 
O Arouca chegou à Liga em 2012/2013, esteve no limite para descer em 2014/2015 e acabou a última época em quinto lugar. Como foi possível lá chegar?
De facto, fizemos uma coisa fantástica. Acho que foi possível pela atitude que tivemos desde o início, depois da primeira conversa com o Lito Vidigal. O mister aliciou-nos para tentarmos chegar à Liga Europa. Claro que não sabíamos se seria possível, mas sabíamos que era um objetivo pelo qual tínhamos de lutar. Funcionou quase como um pacto para treinar e jogar, acreditando que seria possível lá chegar. E foi.
 
Então por que razão não revelaram logo o objetivo?
O Arouca não podia chegar e dizer que ia lutar por isso, mas propusemo-nos com trabalho a tentar chegar lá. Depois, à medida que a época foi avançando, percebemos que poderia concretizar-se. A responsabilidade seria outra se assumíssemos isso. Foi um desafio e concretizámo-lo, não falhámos. Ficar em sexto ou sétimo já seria positivo, tendo em conta as últimas épocas e pelo orçamento do clube. No entanto, não conseguir nunca seria um fracasso, porque o objetivo era a manutenção e alcançámo-la rapidamente. Na segunda volta percebemos que, conseguida a manutenção, engatando dois ou três jogos seria mais fácil. Mas era um objetivo da equipa, se calhar nem o presidente sabia.
 
E como é que foi possível?
Acho que se deveu à união e ao excelente trabalho da equipa. Esta equipa foi brilhante, mesmo nos momentos de cansaço, todos davam a vida por todos e eram acarinhados da mesma forma. Mesmo os que estavam de foram estavam motivados. Era uma equipa amiga, de trato fácil e isso facilitou.
 
Foi o melhor balneário que encontrou na carreira?
Foi, sem dúvida. Em Portugal foi este.
 
E Lito Vidigal, o que há para dizer sobre ele? É um jovem treinador já com provas dadas...
É difícil falar dele, não posso falar mal não é? (risos) É um treinador muito sério, atento aos detalhes, muito trabalhador e com o objetivo bem definido. Quando ganhamos não deixa que os jogadores se coloquem em bicos de pés e quando perdemos também não atira a toalha ao chão: sabe motivar, sabe recuperar. É um excelente líder. O Arouca encontrou um treinador capaz e que, para mim, é o maior responsável pela nossa ida à Europa. Não é fácil mudar a mentalidade de uma equipa que quando se apresentou lutava para não descer. Com o trabalho de excelência que ele fez e com o trabalho do dia a dia, fez-nos acreditar que podíamos chegar lá. Nós unimo-nos a ele e aí está o resultado.
 
Os festejos no final do Arouca-Desp. Chaves (4.ª eliminatória da Taça de Portugal) após Bracali ser fundamental na marcação dos penáltis
O Arouca arranca a época já no final de julho com a terceira pré-eliminatória da Liga Europa. Quais são os objetivos europeus para 2016/2017?
O objetivo é entrar na fase de grupos. Tentar passar a eliminatória, depois o play-off e chegar à fase de grupos. Pelo que fizemos na época passada acredito que nos podemos medir de igual para igual e temos de acreditar e trabalhar para chegar a essa fase.
 
Há algum adversário que queira evitar?
Desde que a gente passe, não interessa. Espero que sejam os considerads menos fortes, ainda que essas equipas possam surpreender. O Arouca também é um principiante na competição. Vamo-nos preparar para o que vier. Desde que não seja nenhum ‘tubarão’, acho que com os outros conseguimos equilibrar.
 
Que significado tem para o Arouca jogar a Liga Europa?
Se conseguirmos entrar é para desfrutar. Aproveitar os jogos, a Liga Europa, a experiência e depois vemos se conseguimos passar à próxima fase. Será bom jogar, como consegui pelo Nacional, jogar em Espanha, Inglaterra ou Alemanha.
 
E quais são os objetivos na Liga?
Na Liga o objetivo é o mesmo: conseguir a manutenção o mais rápido possível e repetir, pelo menos, os pontos que conseguimos na primeira volta na época passada. Depois disso, ver o que acontece.
 
Depois do quinto lugar da última época, é caso para dizer ao Sp. Braga para ter cuidado?
Não, imagina. Os outros é que têm de se preocupar com o Sp. Braga. O Sp. Braga está um patamar ou mais acima de nós. O Nacional, Marítimo, V. Guimarães e o Rio Ave é que são equipas que estão sempre junto aos lugares da Europa. Para nós é sempre mais difícil, é difícil repetir o que fizemos. Mas se calhar agora, pelo que fizemos na temporada passada, já vão olhar para o Arouca de forma diferente.