Um dos elementos em melhor momento de forma no Desp. Aves, Rodrigo Soares é o elemento com mais minutos somados na equipa avense e aquele que foi utilizado em mais jogos por José Mota até agora.

A conquista da Taça de Portugal foi o ponto alto da carreira até agora do lateral que, em entrevista ao Maisfutebol, fala da sua condição de emprestado pelo Grémio Anápolis e da aventura na Vila das Aves.

Com um grande golo de livre apontado na época passada, o brasileiro fala da sua relação com as bolas paradas e ainda sobre a final da Taça de Portugal, com o Sporting. Não poder disputar a Liga Europa foi uma frustração. Brahimi foi o extremo que lhe causou mais dificuldades até agora na marcação.

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No início da última época trocou o Chaves pelo Aves, um clube que, à partida, estava estável por um recém-promovido. Como encarou essa mudança?

O Aves era o Chaves da época anterior, porque tinha acabado de subir e apostava na manutenção. Quando me foi apresentado o projeto aceitei. A minha vontade era jogar, como tinha aquela experiência de Liga no Chaves acreditei que aqui nas Aves podia fazer um bom trabalho. Foi o que aconteceu. Vi com bons olhos a possibilidade de vir para o Desp. Aves, é bem localizado, fico feliz por as coisas estarem a correr bem.

Desde que está em Portugal esteve sempre emprestado pelo Grémio Anápolis a três clubes diferentes. De alguma forma isso tira estabilidade, ou encara com naturalidade?

Tem os dois lados da moeda. É claro que os jogadores querem sempre estabilidade e um contrato mais longo. Tenho contrato com o clube ainda no Brasil, já não é muito a minha vontade, só que eles também tentam fazer o melhor por mim. Até agora ainda não tive oportunidade de fazer um contrato mais longo aqui. Tem o lado bom também, tive uma boa época no ano passado e no fim abre-se um leque enorme de possibilidades que não se tem quando há um contrato muito longo. Mas, se as coisas correrem mal, tenho sempre o contrato. É difícil dizer se é bom ou mau.

O Aves é o clube em qual apresenta melhores números, dois golos em 47 jogos. Este é o melhor Rodrigo ou ainda podemos esperar mais?

Até agora é o melhor. Quando cheguei tinha uma forma de jogar, um pensamento, no segundo ano no FC Porto B já tinha outro pensamento, no Chaves outro e agora outro. Isso faz a evolução, neste momento é o melhor Rodrigo desde que cheguei a Portugal, sem dúvida, mas acho que o pessoal ainda pode esperar mais, há sempre evolução. Espero que daqui a um ano ou dois o Rodrigo seja melhor do que é hoje.

Marcou dois golos em Portugal, um grande golo de livre ao Portimonense, e outro este ano de penálti. É uma coisa que treina, as bolas paradas? Já tinha golos no Brasil de livre?

Já, no Brasil já tinha golos de livre. Aqui em Portugal nunca tinha tido oportunidade de trabalhar as bolas paradas. Não sei o porquê dessa mentalidade, mas parece que aqui defesa é só isso, defesa. Há um preconceito. No Brasil é diferente valoriza-se os defesas, é até comum os laterais baterem livres e cantos. Aqui nunca tinha tido oportunidade, pode ser até por minha causa. Quando chegou o mister José Mota foi o primeiro que me deu oportunidade de trabalhar esse aspeto e eu vi isso com bons olhos, porque no Brasil já tinha batido livres. Quando me perguntou eu disse que no Brasil batia, mas aqui nunca tinha tido oportunidade. Quando falou comigo comecei a treinar e foi precisamente nessa semana que saiu aquele golo contra o Portimonense.

Vencer a Taça de Portugal na época passada foi o melhor momento até agora da carreira?

Sim, foi o melhor momento. Ganhei a II Liga no FC Porto B e teve o seu sabor, mas acho que aqui teve um sabor mais especial. Foi mais emocionante. No FC Porto B tínhamos uma boa equipa, mas é o FC Porto e quase se espera que ganhe. Aqui tínhamos o objetivo de só permanecer na Liga, apesar de termos um bom plantel. Terminar com um título de campeão da Taça de Portugal acho que nem nós mesmos esperávamos.

A Taça de Portugal é mítica, à partida toda a gente acredita. Vocês acreditavam mesmo ou era mais um acreditar como toda a gente acredita?

Quando começou era uma acreditar como toda a gente acredita, temos vontade sim, mas... O ponto de viragem foi o jogo de viragem, para todos. A minha mãe deixou de ver o jogo a meio e quando soube que ganhámos disse: «Então têm de ser campeões depois de um jogo desses». Muita gente disse isso. Foi depois daquele jogo, até porque sabíamos que a seguir era o Caldas, com todo o respeito, éramos favoritos. Na final é um jogo só e tudo pode acontecer.

Como encararam a final?

Depois de lá chegar acreditámos. Tivemos duas semanas para trabalhar esse jogo, a mentalidade é que chegados ali é possível ganhar. A semana foi um pouco chata. Esperávamos mais reconhecimento pelo trabalho que tínhamos feito e devido aos problemas que aconteceram com os adeptos do Sporting ficamos algo desfocados. Entendemos que era uma situação dificílima, mas que manchou a Taça de Portugal. Internamente falámos que queríamos ganhar o jogo, estávamos lá com o mérito e queríamos ganhar e não eram os problemas deles que iam tirar o nosso foco. Trabalhámos igual como se eles tivessem o Maradona ou o Pelé.

Foi uma frustração não jogar a Liga Europa?

Foi muita frustração. Quando pensa que vencendo a Taça de Portugal chega à Liga Europa quer participar. Quando nos foi dada a notícia foi frustrante, mas não manchou a felicidade do título.