Três dias depois de ser oficializado no Schalke 04, Gonçalo Paciência foi titular e jogou 79 minutos contra o Bayern Munique. A goleada das antigas impressionou até o mais atento dos observadores, mas não alterou a impressão que o internacional português tem do novo clube: o Schalke 04 é um dos três maiores da Alemanha, com o Bayern e o vizinho de Dortmund, o Borussia.

A dimensão do Schalke e a ambição do projeto desportivo, além da confiança demonstrada pela direção e pela equipa técnica no valor de Gonçalo, levaram-no a abandonar o conforto de Frankfurt (61 jogos/15 golos) e aceitar o desafio dos azuis e brancos de Gelsenkirchen.

Em entrevista ao Maisfutebol e aos jornais A Bola e Record, Gonçalo detalha os motivos desta opção de carreira e explica o que construiu e deixou em Frankfurt. Vida nova para o avançado português de 26 anos.


PARTE 2: «É curioso ter vindo parar ao estádio onde o Porto foi campeão europeu»

PARTE 3: «Tenho o objetivo claro de estar no Euro2021»

O que o levou a trocar o Eintracht pelo Schalke 04 nesta altura?
Recebi o convite de um dos maiores clubes da Alemanha. É um clube cheio de adeptos, senti logo à chegada que é um clube diferente, especial. Aqui na Alemanha todos dizem que o Schalke é um dos três maiores do país, com o Bayern Munique e o Borussia Dortmund. É o clube que está logo a seguir a esses dois gigantes.

Em 2017/18 o Schalke ficou em segundo na Bundesliga, mas a 21 pontos do Bayern. Até que ponto o Schalke tem condições para discutir o campeonato?
O Schalke anda sempre lá em cima e foi à Champions há dois anos. Isso também pesou na minha vinda, este clube está sempre nas provas europeias e isso puxou por mim. O domínio do Bayern? Tem sido evidente e ainda agora contra nós [8-0] o Bayern provou que está noutro nível e que é, por isso mesmo, o atual campeão da Europa. Está a ser difícil igualar o nível do Bayern na Alemanha, mas acredito que com o tempo, e com projetos sólidos, isso acontecerá e a discrepância entre o primeiro e os outros acabará. Em França [PSG] e em Itália [Juventus] acontece um pouco o mesmo. O projeto do Schalke é interessante e pretende recuperar os anos em que andou sempre muito perto do Bayern e a fazer bons resultados na UEFA. Isso entusiasmou-me.

O Gonçalo chegou, treinou poucos dias e foi logo titular. Esse sinal de confiança dado pelo treinador foi determinante para abraçar o projeto do Schalke?
Foi muito importante ter esse sinal de confiança. As conversas que tive com o CEO e com o treinador David Wagner, antes de chegar cá, mostraram-me que acreditam muito em mim. Senti enorme confiança no meu valor e senti que tinha de dar este passo. É um passo em frente, o Schalke é um dos melhores clubes do mundo e a confiança dos responsáveis foi decisiva. A ligação não começou bem, devido ao resultado contra o Bayern, mas tenho a certeza que foi o passo certo nesta fase da minha carreira.

No Eintracht fez 24 jogos a titular e 19 a sair do banco. Queria mais jogos, mais titularidades e por isso também decidiu mudar?
Acho que acabaria por jogar regularmente em Frankfurt, renovei o contrato em fevereiro e o clube acreditava em mim. Mas precisava de um novo desafio, estava já numa zona de conforto. Sempre gostei de desafios. Esta é uma fase nova, um clube novo, a necessidade de conquistar os meus colegas, de os fazer gostar do meu valor, de conquistar os adeptos… é isso que é bonito. Também é bonito estar num clube 15 anos, mas gosto de conhecer novos locais e novas pessoas. Isso faz-me crescer. Em Frankfurt teria minutos, mas a confiança que recebi aqui foi fantástica.