Aos 30 anos, acabado de recuperar de uma lesão que o afastou dos relvados durante um ano, Ukra fez ao Maisfutebol uma visita guiada por 20 anos de carreira.

Numa entrevista à beira mar, em Vila do Conde, o extremo falou do início no Famalicão, dos anos no FC Porto, da passagem pelo Sp. Braga, e do Rio Ave, a que chama casa. Falou dos amigos que fez no futebol e dos ídolos com quem partilhou balneário.

Ukra contou ainda algumas peripécias da passagem pela Arábia Saudita, onde, apesar das diferenças culturais, não deixou de fazer as suas já conhecidas brincadeiras, mas também sofreu com saudades das filhas.

A lesão, a cirurgia, as perspetivas para o futuro, e o sonho de não terminar a carreira sem jogar no Municipal de Famalicão com a camisola do clube da terra são outros dos temas desta entrevista.

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Tem muitas amizades no futebol?

Muitas. Muitas. Em todos os clubes por onde passei. Posso dizer com orgulho que não há nenhum jogador com quem me tenha dado mal, ou que não goste de mim. E, mesmo deixando os clubes, tenho muitos amigos com quem vou mantendo contacto.

Desde os primeiros tempos?

Nas camadas jovens, temos aqueles amigos que cresceram connosco e nunca nos vão abandonar, sabemos que estão sempre lá. Mas depois, no futebol profissional, eu tinha 18 anos e estava a jogar com o Alexandre, do Varzim, que tinha 34 ou 35 anos. São realidades totalmente diferentes, mas mesmo desses, tenho amigos em todos os clubes.

Mesmo com todas as brincadeiras que fazia?

Se calhar por isso mesmo.

E ídolos também?

O jogador que sempre admirei foi o Figo. Pela maneira de jogar, pela consistência… era muito raro ver o Figo jogar mal. E é complicado um jogador chegar a alto nível e manter sempre a mesma consistência. É a minha referência, o meu ídolo, o jogador de que mais gostei e que mais me marcou. E partilhei o balneário com grandes jogadores. Adorei jogar com o Hulk, que é fora do normal, com o Moutinho, que é amigo e com quem ainda mantenho contacto, com o Hugo Viana, Custódio, James, Falcao … e também posso falar do Rui Duarte e do Djalmir, do Olhanense, do Tarantini e do André Vilas Boas do Rio Ave, referências do clube, que me marcaram tanto… Mais tarde posso contar às minhas filhas e aos meus netos, ‘joguei com este e com aquele, e fizemos isto e aquilo’.

Qual foi o treinador que o marcou mais?

Foi o André Villas-Boas. Estive seis meses com ele e a maneira de ser, a personalidade dele, a maneira de trabalhar, os métodos… é espetacular. Eu apanhei grandes treinadores. O Pedro Martins é fantástico, adorei, o Nuno Espírito Santo também é muito bom. Leonardo Jardim, Domingos, Jorge Costa, todos me marcaram. Todos treinadores que têm singrado no futebol, e isso ajudou-me na minha carreira, ter apanhado treinadores com competências muito boas, que me foram ensinando muitas coisas.

As suas filhas gostam de futebol?

A Francisca, a minha filha mais velha, gosta muito de futebol. Quer sempre os cromos, fazer as cadernetas. Tem jeito para jogar.

E critica as exibições do pai?

Não. Elas vão sempre ver os jogos e a única coisa que aconteceu foi no Rio Ave, quando ganhámos ao Benfica (2-1). Estávamos a perder 1-0 e eu fui chamado para bater um penálti. No fim, a minha mulher contou-me que a Francisca começou a chorar com medo de que eu falhasse. De resto, está sempre contente. Adoram ver futebol, levo-as aos jogos, na Arábia levei-as aos treinos, mas críticas nunca fizeram.

Traz pressão extra saber que elas estão na bancada a ver o jogo?

Não. Dá-me mais motivação saber que elas estão ali. Mesmo não as ouvindo, só o facto de olhar para a bancada e as ver, fico logo mais contente.

Entrevista completa:

«Tenho saudades de jogar»

«Ao ir para o FC Porto pensei: ‘Será que Hulk e Falcao vão aceitar brincadeiras?’»

«Cheguei a fazer coisas que eles diziam: 'Se fosse quando vieste, matavam-te'»

«O treinador que mais me marcou foi o André Villas-Boas, é espetacular»