Comecemos pelo golo. Porque é merecido que assim seja.



Esta é a obra de arte do brasileiro Wendell Lira, que compete com Lionel Messi, do Barcelona, e Alessandro Florenzi, da Roma, pelo prémio. Se já foi surpreendente ver o avançado de 26 anos entre os dez nomeados, encontra-lo nos três finalistas é uma surpresa ainda maior.

Para trás ficaram nomes como Carlos Tévez ou Philip Méxes. Wendell, indiferente, continua a aproveitar o momento. Esta terça-feira, entre uma agenda que está inesperadamente preenchida para os planos que traçou há meses, lá arranjou um tempo para falar com o Maisfutebol.

«Tem sido uma loucura. Muitos telefonemas, muitas gravações, muitas entrevistas. Parece um sonho. Acho que a ficha ainda não caiu sinceramente», começa por contar-nos.

A vida de Wendell Lira, de resto, mudou muito desde aquele golo. Tanto que até a camisola que veste é diferente. Na altura, defendia o Goianésia. Hoje, joga no Vila Nova, com passagem meteórica pelo Tombense, pelo meio.

«Fiquei desempregado três meses», revela. A vida dá muitas voltas. Quando surgiu a nomeação para o Prémio, contudo, já via a luz ao fundo do túnel: «As coisas já estavam apalavradas com o Vila Nova. Já tinha resolvido antes. Mas acho que esta visibilidade pode dar um impulso na minha carreira. Agora assinei um contrato bom, um ano, mas quem sabe no futuro posso dar um salto maior e até chegar à Europa.»



Um desconhecido avisou-o que estava entre os finalistas

A notícia de que estava entre os três finalistas foi uma enorme surpresa para Wendell. «Maior do que ficar nos dez», garante. «Nos dez eu acreditava que poderia estar. O golo foi bonito, teve alguma repercussão na altura e tinha esse sonho. Mas depois a competir com aqueles astros todos e ficar nos três. Tinha Messi, Tevez…não esperava não», assume.

Aliás, a surpresa não foi apenas a notícia. Foi a forma como esta chegou. O episódio curioso é contado por Wendell: «Estava a ir embora para casa, ia entrar no carro e uma pessoa na rua, um desconhecido, veio direito a mim a pedir para tirar uma foto. Já tinha passado aquela euforia inicial de estar nos dez finalistas, mas achei normal. Desci do carro e ele tirou a foto e deu-me os parabéns por estar nos três finalistas. Eu corrigi-o. ‘Nos três não, nos dez’. Ele depois disse que já tinha saído a lista final. Soube por um desconhecido…»


Uma coisa, para já, é certa: vai estar na Gala da FIFA, embora ainda não tenha sido contactado pela organização. «Estou à espera que me digam o que tenho de fazer e me entreguem as passagens», confessa.

Até lá vai fazendo planos e aguentando o nervosismo. Como não senti-lo? «É difícil acreditar que vou estar ali ao lado do Messi, Cristiano, Neymar…», admite.

«Discurso ainda não treinei (risos). Não pensei seriamente na hipótese de ganhar. É algo que não me passa pela cabeça. Mas convém ter alguma coisa pensada para o caso de ter mesmo de subir ao palco», comenta.

A verdade é que nas redes sociais já se iniciou uma campanha para tentar levar Wendell Lira à vitória, uma vez que o Prémio Puskas é atribuído por votação popular. 

Torce por Neymar mas é fã de Ronaldo: «Vou tentar uma fotografia»


Partilhar os bastidores da Gala com as maiores estrelas do futebol atual já é um prémio enorme para Wendell. É o próprio quem o assume.

«É algo que, com certeza, vou levar para o resto da minha vida. Se ganhar, então, ficará marcado na minha história e na história do Brasil»
, atira.

Sobre a eleição para melhor do mundo, o brasileiro confessa que o patriotismo vai sobrepor-se ao lado emotivo. «Vou torcer pelo Neymar, mas sou muito fã do Cristiano Ronaldo»
, assume.

«Vou tentar tirar uma foto com ele [Ronaldo] , mas sei que não vai ser nada fácil. Ele é muito requisitado. Se o vir vou tentar, se não der paciência»
, resume.

Para o final, deixamos duas questões. Primeiro: este é mesmo o melhor golo da carreira? «Já fiz muitos golos bonitos, mas igual a este nunca tinha feito. É o melhor, sem dúvida.»


Depois, uma mensagem em jeito de aviso para Messi, porventura o maior adversário na corrida ao galardão:  «Quero só dizer que sou fã dele, é um prazer estar a disputar este prémio com ele. Mas quero ganhar.»