*Enviado ao Brasil

Os ex-campeões do Mundo, Matthäus e Ronaldo, estão de acordo acerca da qualidade deste Mundial. Mas concordam também em sublinhar que, passadas as sensações e emoções fortes da primeira fase, o realismo tem sido a palavra da moda nos jogos dos quartos de final. O avançado é um pouco mais entusiasta, assumindo sem hesitar o slogan que os brasileiros têm popularizado nos últimos dias: «Vai entrar para a história como a Copa das Copas. Tenho visto muitos jogos incríveis, com golos no fim, viradas espectaculares. O nível de futebol tem sido excelente», resumiu, antes de apontar aquele que, em sua opinião, foi o melhor golo do Mundial até ao momento: «Para mim o mais bonito foi do Tim Cahill, da Austrália, contra a Holanda. É mesmo um dos golos mais bonitos de todas as Copas», afirmou o homem que mais vezes fez balançar as redes em fases finais.

Já Matthäus é mais frio na análise, lembrando que as meias-finais estão a ser alcançadas por equipa pragmáticas. «A defesa ganha títulos e os ataques ganham a glória. O passado diz-nos que para se ser campeão é preciso ser capaz de ganhar jogos duros, às vezes feios e isso deve voltar a acontecer este ano.  Nesta fase é tudo mais aproximado, os jogadores neutralizam-se, há uma preocupação maior com a segurança. França e Alemanha não atacaram muito, o Brasil foi muito mais contido. E as equipas que chegam longe são as que se esperavam de início, as surpresas aconteceram todas na primeira fase», lembrou o recordista de jogos na «Mannschaft».

Matthäus, que anteriormente tinha emitido algumas opiniões pouco elogiosas acerca do futebol apresentado pela Alemanha, sublinhou as diferenças em relação aos últimos Mundiais: «Nos últimos oito anos, a Alemanha jogou num estilo mais limpo, que teve um eco muito positivo nos espectasdores. Löw mudou isso antes deste Mundial, com algumas mudanças, como o facto de encostar Özil à esquerda ou de jogar sem ponta-de-lança, ou com laterais mais fixos. Isso torna o jogo menos bonito, mas o foco de toda a estratégia é a vitória», explicou.

Capitão na campanha vitoriosa de 1990, Matthäus vê alguns pontos de contacto entre essa equipa e a atual: «Agora a Alemanha aproveita muito os livres e as bolas paradas. E já tivemos defesas que marcaram golos importantes, porque sofrem menos vigilância que os avançados e podem desequilbrar em momentos decisivo. Na Alemanha, em 1990, as bolas paradas também foram decisivas para sermos campeões», lembrou.

Ainda assim Matthäus rejeitou a ideia de que a sua seleção nacional esteja condenada a jogar feio: «Com a França, a Alemanha foi capaz de subir o nível, tendo Lahm à direita. Acredito que vai mostrar a sua melhor face com o Brasil», afirmou.

Já Ronaldo foi muito mais contido na apreciação à vitória do Brasil sobre a Colômbia, num jogo com demasiadas faltas, e que acabou por defraudar as expetativas: «Discordo de quem fala em vitória feia, acho que foi a melhor atuação do Brasil na Copa, durante todo o primeiro tempo e metade do segundo. Uma equipa muito agressiva, com marcação muito em cima, muito controlo e consciência. Vi uma atuação muito equilibrada, e sem a dependência do Neymar, que mesmo antes da lesão não estava tendo sorte nas ações», elogiou.