Senhores e senhoras, segue-se a Espanha: a seleção de Vicente Del Bosque venceu a Franças graças a dois golos de Xabi Alonso e ganhou o direito a estar nas meias-finais. Falar-se em ganhar o direito é, de resto, um claro exagero: agarrou-o por falta de comparência. Quase apenas isso.

O jogo terá sido aliás dos piores que este Euro 2012 já assistiu: melancólico, triste, arrastado. A Espanha foi melhor, é claro que sim, mas dificilmente esse facto pode ser um mérito. Bem vistas as coisas, este adversário não nos mete medo. Sobretudo quando joga assim, sem ponta de lança.

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Vicente Del Bosque optou por repetir a equipa que apresentou com a Itália, naquele que foi o único jogo que a Espanha não venceu neste Europeu. Fabregas tornou-se o jogador mais adiantado, em detrimento de Fernando Torres, e o jogo espanhol tornou-se mastigado, lento e inofensivo.

Mesmo tendo mais bola, a Espanha mostrou gritantes dificuldades em criar situações de finalização. Tanto assim, aliás, que à exceção dos golos que marcou, só criou mais uma clara ocasião de golo: na sequência de um canto, Piqué surgiu solto na área mas cabeceou muito por cima da barra.

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Houve de resto um excelente passe de Xavi que Fabregas dominou mal na cara de Lloris e um cruzamento de Arbeloa que Réveillère cortou à boca da baliza. Foi tudo e foi claramente muito pouco. Sobraram movimentos inofensivos, alguns passes mal medidos e muitas perdas de bola.

Do outro lado, porém, surgiu uma França que é uma manta de retalhos. Sem uma ideia grande, sem um conceito comum, sem sequer princípios básicos de compensação ou solidariedade. Cometeu falhas graves na defesa, a maior das quais permitiu a Xabi Alonso fazer o primeiro golo.

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Foi logo aos dezoito minutos, no primeiro remate espanhol à baliza: Iniesta acelerou (foi talvez a única ocasião em que o fez), lançou Jordi Alba (o maior desequilibrador neste jogo), que cruzou a meia altura para Xabi Alonso cabecear quando surgiu ao segundo poste completamente sozinho.

Laurent Blanc tinha feito uma revolução no onze, deixou de fora consagrados como Evra, Nasri ou Diarra e a França fez a pior exibição do Euro 2012. Nem Ribery ou Benzema conseguiram desequilibrar. Malouda, por exemplo, nem se viu, Clichy abriu uma autoestrada na esquerda.

Lembra-se de quando vencemos a Espanha por 4-0?

Ora por isso a Espanha não precisava de se esforçar para dominar o jogo e manter a França longe da baliza. Só num livre de Cabaye conseguiu fazer Casillas trabalhar um pouco. Na segunda parte Blanc lançou Nasri e Giroud, os Bleus tornaram-se mais ofensivos, mas ainda e sempre inofensivos.

Percebendo isso mesmo, Del Bosque deu descanso a David Silva e Iniesta, a Espanha manteve o controlo do jogo e ficou a salvo de qualquer sobressalto. Já nos descontos, Pedro Rodriguez caiu perante um encosto de Reveillère, o árbitro marcou penalty e Xabi Alonso apontou o segundo golo.

A Espanha segue em frente, ela que à exceção do jogo com a Rep. Irlanda tem feito um Euro 2012 globalmente fraco: muito longe do fulgor da fase eliminatória do último Mundial. Ora por falar em Mundial, Portugal pode por isso vingar-se da eliminação na África do Sul. Têm a palavra a seleção.

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