Quique Setién garante que não tem qualquer problema com os jogadores do Barcelona. Numa longa entrevista ao El Periódico, o treinador admite que não é fácil chegar a um clube como o Barça e impor novas ideias, mas defende que, com tempo, vai conseguindo convencer os jogadores a aceitar mudanças.

O treinador começa por manifestar-se surpreendido com as notícias que dão conta da sua má relação com alguns jogadores. «É a primeira vez que oiço falar nisso. Não sabia. Isso saiu num jornal?», pergunta antes de aprofundar o tema.

«Vou todos os dias ao balneário, dou a mão aos jogadores e há um ambiente extraordinário. É verdade que alguns gostariam de fazer as coisas de outra maneira. Cada um vê o futebol como vê. A relação que tenho e o que vejo no balneário não me preocupa absolutamente nada», começa por contar.

Além disso, o treinador manifestou-se «encantado com a atitude» dos seus jogadores e «com o compromisso que mostram, com a vontade de fazer bem as coisas que planeamos».

Quanto às notícias nos jornais. «Saem tantas coisas que…a muitos amigos digo-lhes: não me digas nada, não me enviem nada… Vivo isolado».

Apesar de tudo, Sétien admite que lhe custou mais entrar no balneário do Barça do que quando começou no Las Palmas ou no Bétis. «Os jogadores, quando as coisas lhes correm bem, como correu à maioria dos jogadores do Barça, acreditam que os hábitos são bons, foram os que os fizeram ganhar. Quando chega alguém novo e procura mudar as coisas, as pessoas ficam um pouco reticentes e dizem: vou esperar, a ver o que este me dá com as ideias que traz. Este é um processo que tens de ir ganhando com o tempo», destaca.

Tempo e confiança, são as palavras de ordem de Sétien. «Pouco a pouco, estamos a ganhar o direito a confiarmos mais uns nos outros, o direito a que o nosso critério prevaleça, tanto no planeamento, como no foco nos jogos. E , sobretudo, que consiga convencer os jogadores», destaca.

Messi é um caso «especial», como qualifica o próprio treinador. «É uma sorte na vida cruzares-te com um jogador que já desfrutaste a ver. Não é assim tão complicado. No início todos pensam: a ver se este nos mete a fazer flexões na trave da baliza. É normal, ficam reticentes. Estavam a ganhar e, de repetente, vem um treinador, que, sim, fez o Bétis jogar bem, treinou o Las Palmas…mas nada mais», comenta.

Quanto à dependência do Barça em relação a Messi, Sétien diz que até é positiva. «É verdade que há jogadores que pensam demasiado em ligar-se com o Messi. Eu também o faria. O Leo resolveu noventa por cento dos jogos desta equipa. É normal que exista esta dependência. Prefiro que a deem a ele. Fico mais tranquilo», refere.

Sétien explica ainda que procurou ganhar o grupo através do futebol. «Os jogadores pedem coerência ao treinador. E que o treinador os entenda. Está tudo ligado. Uma boa conexão entre ambos é a chave perfeita. Não sou um treinador de impor, mas quando há alguma dúvida não tenho nenhum problema em analisar. Quero que entrem em campo convencidos. Se estiverem de acordo, fazem as coisas com entusiasmo», destacou ainda.