Diego Simeone recebeu Vicente del Bosque na cidade desportiva do Atlético Madrid para uma animada conversa promovida pelo jornal El País. Dois velhos conhecidos do futebol espanhol que falaram de forma descomprometida das respetivas longas carreiras. O mais velho estreou-se no Real Madrid com apenas 17 anos, enquanto o treinador argentino estreou-se, com a mesma idade, no Vélez Sarsfield. Duas vidas, portanto, dedicadas ao futebol.

«Sou um agradecido à bola. Eu e o meu pai, desde há muitos anos, no Natal pomos sempre a bola na árvore, agradecendo anos após ano tudo o que ela nos permitiu alcançar e pedindo que possamos continuar a viver com ela. Gosto do que faço. Sou um apaixonado de poder deparar-me com dificuldades», começou por contar Simeone.

O atual treinador do Atlético Madrid teve uma longa carreira como jogador e vem de uma família em que se respira futebol. O meu pai agora está velho. Tem 77 anos, mas jogou até aos 73 ou 74 anos, já mais lento, obviamente. Depois ainda foi treinador dos amigos e hoje é o maior critico. Cerca de 95 por cento das nossas conversas são sobre futebol. É isso que nos aproxima», destacou.

A conversa progrediu até à atualidade e Vicente del Bosque quis saber como é que Simeone lida com os jogadores que saem contrariados do jogo, por vezes, até com o arremesso de garrafas. «Isso acontece porque vivemos num espaço em que copiamos os outros continuamente. Copiamos o que o outro faz. Se vejo um chateado na televisão, porque é não me vou chatear também? Digo sempre aos jogadores que a mim não me faltam ao respeito. Só faltam ao companheiro que vai entrar. Quando são os jornalistas a perguntar, digo-lhes para perguntarem aos jogadores. Há várias formas de sair chateado. Um queria fazer mais e diz “tirou-me antes do tempo”, e outro diz que “é um c…. porque me tirou”», explica o treinador colchonero.

Diego Simeone conta depois que ouve sempre o que os jogadores lhe têm para dizer, mas depois a última palavra é sempre dele. Por mais difícil que seja, quer para o treinador, quer para os jogadores. «Temos de ir atrás do que queremos. Há um dia que vai doer mais a um, no outro dói mais a outro. Não ando todos os dias a explicar-lhes porque é que jogam ou não jogam. É algo difícil de explicar. Agora temos um plantel brilhante…como podes dizer ao Griezmann, ao Correa, ao João…que nesse dia não vão jogar? O objetivo é procurar o melhor para cada jogo e isso fará com que todos continuem a crescer», comentou ainda.