Ignacio Camacho, antigo internacional espanhol, decidiu pendurar definitivamente as botas há um mês, aos 30 anos, depois de ter sido submetido a cinco intervenções cirúrgicas desde que sofreu uma grave lesão, em outubro de 2017, num jogo da Taça da Alemanha ao serviço do Wolfsburgo. Já retirado, o antigo jogador deu conta do martírio que viveu em entrevista ao programa Tercer Tempo do canal Movistar.

«Ao longo dos últimos três anos percebia que depois de cada operação não voltava o mesmo. A tua cabeça e a vontade faziam-te querer estar dentro do campo, mas a realidade é que cada treino e cada jogo eram um suplício», começa por contar Camacho em conversa com o argentino Gustavo López.

Desde a lesão, contraída num jogo da Taça da Alemanha, Camacho nunca mais se sentiu o mesmo. «Há cerca de dois anos, quando fiz o meu último jogo, tinha vergonha de treinar com os meus companheiros de segunda a sexta porque devia a estar a 30 por cento das minhas capacidades. Depois, chegava o jogo e com a adrenalina jogava os noventa minutos, tomava um anti-inflamatório e seguia em frente, mas estava a enganar-me a mim próprio. Mais tarde ou mais cedo sabia que tinha de ser operado», contou.

Mais do que os problemas físicos, Camacho sentiu-se afetado e termos psicológicos. «O mais difícil era o dia-a-dia, os longos tempos focado apenas na recuperação, sabias que se jogasses com os teus filhos podia afetar o teu pé, ias ter dores no dia seguinte. Ao fim de tantos meses, as operações para mim eram uma alegria. Era uma oportunidade de partir do zero e voltar a lutar. A última parecia que tinha corrido bem, mas na semana em que era suposto voltar a jogar tive uma recaída. O problema nunca se resolveu e, aos poucos, voltava sempre a aparecer», destacou ainda.

O antigo medio, que também jogou no Atlético Madrid e no Málaga, acabou mesmo por desistir e, agora, trabalha na formação do Wolfsburgo, com a ambição de um dia vir a ser treinador.