O Estádio do Dragão celebra, neste sábado, 16 de novembro, dez anos de existência. Uma década de grandes momentos, inesquecíveis pelos mais variados motivos, seja para o FC Porto, seja para a Seleção Nacional, seja para as centenas de milhares de adeptos que já o visitaram.

Tudo começa numa gélida noite de novembro, com Leo Messi sentado no banco adversário e José Mourinho no comando técnico dos azuis e brancos. A recordação envolve mais nomes marcantes, porém. Alex Ferguson, Cristiano Ronaldo, Falcao, Hulk, Scolari.

A casa do FC Porto é uma casa pertença do futebol nacional. Para assinalar esta inestimável data, o Maisfutebol escolheu os seus momentos mais marcantes.

«Nesse tempo o colosso era o FC Porto», lembra Vítor Baía ao Maisfutebol


DEZ ANOS, DEZ MOMENTOS

Um menino chamado Messi na inauguração
16 de novembro de 2003. O povo abria a boca de espanto perante a beleza arquitetónica da nova casa do FC Porto. Para uma gala de honra, um convidado ilustre: o Barcelona. Ninguém o sabia, então, mas lá pelo meio estava aquele que se tornaria num dos melhores jogadores de todos os tempos. Num relvado horrendo, desfeito a cada pegada, Leo Messi cumpriria os primeiros minutos na equipa principal do Barcelona. Um quarto de hora cheio de ameaças a Nuno Espírito Santo, o segundo guarda-redes utilizado por José Mourinho nessa noite. 2-0 para os dragões, golos de Derlei e Hugo Almeida. O Dragão fecharia depois largos meses, para que o relvado fosse reabilitado. A equipa tinha de voltar às Antas.

EQUIPAS OFICIAIS:

FC PORTO: Vítor Baía; Secretário, Jorge Costa, Ricardo Carvalho e Evaldo; Maniche, Tiago, Pedro Mendes e Ricardo Fernandes; Derlei e Bruno Moraes.

Jogaram ainda: Nuno, Pedro Emanuel, Pedro Ribeiro, Mário Silva, Paulo Machado, Hélder Barbosa, Vieirinha, Jankauskas e Hugo Almeida

BARCELONA: Jorquera; Óscar, Oleguer, Marquez e Fernando Navarro; Xavi, Gabri e Luís Enrique; Roman Ros, Santamaria e Luís Garcia.

Jogaram ainda: Jordi Gomez, Leo Messi e Oriol Riera



Sir Ferguson ajoelhado por Benni McCarthy
25 de fevereiro de 2004, primeira noite europeia no Dragão. O Manchester United partia para os oitavos-de-final favoritíssimo. Giggs, Scholes e Van Nistelrooy desconheciam o monstro criado por Mourinho. 2-1 para o FC Porto, dois golos de um sul-americano especialista em toques de classe. Que o diga o pobre Tim Howard, incapaz de segurar um cabeceamento feito por Benni McCarthy no limiar da grande área. Duas semanas depois, um golo de Costinha em Old Trafford oficializava a candidatura do dragão ao título continental. E Mourinho corria como um louco.

Recorde nas bancadas a anunciar a glória em Gelsenkirchen
50.818 espetadores no nulo entre FC Porto e Deportivo. Meias-finais da Liga dos Campeões, 21 de abril de 2004. Sem golos, o protagonista seria o árbitro Markus Merk. Jorge Andrade veria o cartão vermelho, aliás, por o alemão não ter entendido uma brincadeira entre o central e Deco, ex-colega nos dragões. Terá ficado por assinalar também uma grande penalidade sobre Marco Ferreira. No Riazor, durante o prolongamento, Derlei sentenciaria a qualificação para a final de Gelsenkirchen. E tudo acabaria com o Mónaco goleado por 3-0.

Grécia estraga abertura do Euro2004
Festa anunciada, o Dragão repleto, sol e bancadas pintadas de verde e vermelho. Jogo de abertura do Euro2004, 12 de junho de 2004. Aos sete minutos, já um país inteiro levava as mãos à cabeça. Karagounis, nosso bem conhecido, arrefecia o entusiasmo e deixava Ricardo catatónico. O segundo golpe helénico ditaria a dura sentença. Golo de Basinas e Portugal em estado de choque. Cristiano Ronaldo, lançado apenas ao intervalo com Deco, ainda reduziria perto do fim. Nada a fazer, Scolari teria de repensar as escolhas e reformular o plano A. Tudo bem, tudo certo, até à mesma Grécia voltar a esmigalhar o fervor nacional na final.

Nacional goleia um dragão perdido
Luigi Del neri entrara e saíra bruscamente, Vítor Fernandez chegara e conquistara a Taça Intercontinental. E saíra também. José Couceiro andava a tentar unir os cacos do Porto campeão europeu, mas esta goleada em 11 de março de 2005 deixava a nação portista de coração estilhaçado e orgulho insultado. Quatro-golos-quatro, Miguel Fidalgo, Alonso, Nuno Viveiros e Gouveia. A ideia vigente na época 2004/05 confirmava-se com tons de dramatismo: nunca tinha sido tão fácil vencer e marcar na casa do FC Porto.

«E o burro sou eu?»
Um resultado insosso, desprovido de golos, uma qualificação sofrida para o Euro2008. Assobios nas bancadas do Dragão a 22 de novembro de 2007. E no final, irritado, o Scolari a desabafar: «E o burro sou eu? O ruim sou eu? O errado sou eu? E o péssimo treinador sou eu?», questionava, esbracejando, o treinador numa alusão à postura defensiva da Finlândia num jogo em que estava obrigada a vencer. Confirmava-se, numa noite fria, a relação desequilibrada entre a seleção e o estádio do FC Porto. Plateia vibrante, resultados irregulares.

Tomahawk descontrolado de CR7
15 de abril de 2009, o FC Porto a tocar à campainha das meias-finais da Champions e a levar com a porta na cara. O culpado? Cristiano Ronaldo, número sete do Manchester United. O 2-2 de Old Trafford era rapidamente anulado no Dragão. Seis minutos de jogo, um pontapé vibrante e incontrolável a uns 40 metros da baliza defendida por Helton. E o jogo já não voltaria a sofrer mexidas no marcador. Um tomahawk descontrolado atingia em cheio a expetativa da equipa orientada por Jesualdo Ferreira. Curiosamente, o técnico estava castigado neste encontro. Foi José Gomes a liderar tecnicamente no banco.



Mão cheia de golos no atropelo a Jesus
Varela, Falcao, novamente Falcao, Hulk e mais Hulk. 5-0 aplicado com requintes de malvadez ao Benfica, Roberto desesperado na baliza das águias, Jesus sem saber o que falhara na sua abordagem genial ao Clássico. Na verdade, tudo colapsara nas águias a 7 de novembro de 2010. O FC Porto entrara com uma vantagem confortável na classificação e saía quase coroado campeão, a meio ano do final da época. Demonstração de força e poder de uma estrutura patenteada por André Villas-Boas. Humilhação suprema ao principal rival. Noite perfeita no Dragão.

Poker de Falcao inunda o Submarino Amarelo
Ao intervalo, o golo de Cani colocava em causa a trajetória europeia do FC Porto. Preocupação logo dissipada pelos melhores 45 minutos dos dragões no novo estádio. Tudo bem feito, Villas-Boas abraçado a Vítor Pereira em festejos explosivos. Radamel Falcao empataria de penálti e voltaria a tocar o esplendor com mais três golos, já depois do compatriota Freddy Guarín bater Diego Lopez (sim, esse) pela segunda vez. Os portistas davam um passo decisivo rumo a Dublin, confirmado no El Madrigal numa simpática derrota por 3-2. O Submarino afundava-se a 28 de abril de 2011.

Minuto 90+2: o milagre de Kelvin
O título decidido no pé esquerdo do menino de Paraíba. Toque de Liedson, a bola a fugir para a esquerda e Kelvin a arriscar o remate quando a normalidade aconselhava outra definição. E Jesus perdia, uma vez mais, no estádio dos seus horrores. 11 de maio de 2013, o FC Porto passava a depender de si próprio para chegar ao tri, após meses a fio num plano subalterno da classificação da I Liga. Raras vezes o Dragão terá explodido da forma que o fez nessa noite. Medos e dúvidas desfeitos pelo rapaz da crista voluptuosa.