Impressiona pela imponência e pelo traço arrojado. Há dez anos nasceu um estádio de uma pedreira. Passou uma década desde a inauguração do mais peculiar estádio português edificado para o Euro 2004. O Maisfutebol perfila, em dez momentos, os primeiros 3650 dias do Estádio Municipal de Braga.

Estes dez anos coincidem com o melhor momento da história desportiva do Sp. Braga. Os minhotos habituaram-se a lutar pelos primeiros lugares, a morder os calcanhares aos grandes e a participar com brio nas provas internacionais.

Antagonicamente, o cinzento das cadeiras auxiliou a edificar-se um culto vermelho ao Sp. Braga na cidade dos arcebispos. O Benfica deixou de jogar em casa em Braga com a passagem para o Estádio Municipal, e é um dos principais clientes nas jornadas de maior glória bracarense. Até pela questão da afirmação dos valores braguistas os triunfos sobre as águias foram mais saboreados.

Os trinta mil lugares sentados distribuídos apenas por duas bancadas laterais são a imagem de marca do estádio conhecido e reconhecido internacionalmente, que inclusive já recebeu vários prémios de arquitetura e engenharia. Souto Moura, arquiteto responsável pela obra, recebeu o mais importante galardão de arquitetura mundial, o Prémio Pritzker.

DEZ MOMENTOS

Inauguração à medida da obra
Os 30 mil lugares encheram-se para a primeira mostra do Estádio Municipal de Braga ao mundo. Transmissão televisiva, fogo-de-artifício e muito mais numa cerimónia de inauguração à escala da envergadura da empreitada. As derrapagens orçamentais e os custos avultados da obra passaram para segundo plano e a urbe minhota abraçou-se em torno da nova coqueluche da cidade. O Sp. Braga venceu os espanhóis do Celta de Vigo com um golo de Paulo Jorge. A história do futebol em Braga jamais foi a mesma depois do dia 30 de dezembro de 2003.

Golaço de Maniche a abrir
17 de janeiro de 2004, primeiro jogo oficial no Municipal de Braga. Jogo grande em cartaz, encontro entre o Sp. Braga e o FC Porto a contar para a 17ª jornada da SuperLiga 2003/2004. O triunfo sorriu aos azuis e brancos com três golos apontados nos primeiros quarenta e cinco minutos. Coube a Maniche as honras de cortar a fita, que é como quem diz, marcar o primeiro golo oficial. Na ressaca de um livre, o antigo internacional português ajeitou o esférico com o pé e com o joelho para rematar de pronto sem deixar a bola bater no chão. Quim, guarda-redes do Braga, bem se esticou, mas sem hipóteses. Maciel e Benni McCarthy apontaram restantes golos dos dragões.

Italianos do Chievo foram a primeira vítima na Europa
Depois de duas épocas consecutivas a ficar pelo caminho na primeira eliminatória da Taça Uefa, os minhotos entraram na alta-roda do futebol europeu e conquistaram um lugar na fase de grupos da Liga Europa. A primeira vítima foi o Chievo Verona. Um golo de Paulo Jorge, logo aos 5 minutos de jogo, e outro em cima do minuto noventa através da conversão de uma grande penalidade por Wender ditaram o resultado final. 14 de setembro de 2006 fica registado como a primeira grande noite europeia do Municipal de Braga.

Triunfo sobre o Standard de Liége vale Taça Intertoto
Fora das competições europeias depois ter acabado em sétimo lugar, os minhotos aproveitaram a participação na última edição da Taça Intertoto para se qualificaram para a Liga Europa. Ao qualificar-se para os oitavos-de-final da Liga Europa, o Sp. Braga acabou por ser a equipa que mais longe foi na competição vindo da Taça Intertoto. Com esse estatuto os arsenalistas venceram a Taça Intertoto. A passagem aos oitavos-de-final da Liga Europa começou a ser construída no Municipal de Braga com um triunfo contundente por três bolas a zero diante do Standard de Liége. Na equipa belga despontavam nomes como Onyewu, Mangala, Steven Defour, Axel Witsel e Sinan Bolat.

Matheus derrubou Arsenal
23 de novembro de 2010. Em ano de estreia na Liga dos Campeões, o Sp. Braga não se fez rogado diante das grandes potências do futebol europeu. Desfeiteou o Arsenal, o genuíno de Londres, por duas bolas a zero. O brasileiro Matheus foi o herói da equipa de Domingos Paciência ao bater por duas vezes o guarda-redes Lukasz Fabianski. O mundo estava de olhos postos na equipa portuguesa que derrotou os «gunners» de Arsène Wenger.

Liverpool também tombou na pedreira
O terceiro lugar no Grupo H da Liga dos Campeões não permitiu ao Sp. Braga continuar em provo, seguindo nas competições europeias na Liga Europa. Uma caminhada que apenas terminou na final de Dublin. Antes de lá chegar, o conjunto arsenalista teve de eliminar mais um senhor de Inglaterra. O Liverpool também tombou na pedreira 10 de março de 2011. O agora capitão, Alan, fez o único golo da eliminatória, o golo que valeu a passagem aos quartos-de-final, através da conversão de uma grande penalidade ao minuto 18. O grego Kyrgiakos travou Mossoró na área, lance que foi suficiente para o Sp. Braga resolver o jogo e a eliminatória. Sílvio ainda fez a bola bater com estrondo na barra.

Benfica take I: Braga na final de Dublin
Noventa minutos que poderiam ditar o maior feito desportivo do Sp. Braga. Mas é redutor cingir a quinta-feira de 5 de maio de 2011 a apenas hora e meia. A cidade fervilhava muito antes do encontro entre os minhotos e o Benfica a contar para as meias-finais da Liga Europa. De Lisboa vinha uma desvantagem de um golo da primeira mão (2-1). Uma cabeçada de Custódio na sequência de um pontapé de canto aos 19 minutos confirmou as melhores expectativas das gentes de Braga. Festa efusiva depois imediatamente após o apito final, que se foi noite dentro na cidade dos arcebispos. Depois de ter ultrapassado o Dínamo de Kiev, o Liverpool e o Leche da Polónia, era agora a vez de o Benfica cair aos pés do Braga na Liga Europa. Os minhotos perderam na final com o FC Porto.



EQUIPAS:
SP. BRAGA: Artur; Miguel Garcia, Paulão, Rodríguez e Sílvio; Custódio, Hugo Viana e Mossoró (Kaká); Alan, Meyong (Hélder Barbosa 87’) e Lima (Leandro Salino 83’).

BENFICA: Roberto; Maxi Pereira, Luisão, Jardel e Fábio Coentrão; Javi Garcia, Carlos Martins (Kardek 81’), César Peixoto (Jara 58’) e Gaitán; Saviola (Filipe Menezes 87’) e Cardozo.

Seleção também sabe ser feliz em Braga
A caminhada para o Mundial do Brasil também passou pelo Estádio Municipal de Braga. A 12 de setembro de 2012 o conjunto de Paulo Bento conseguiu o resultado mais robusto do apuramento para o Mundial 2014. A lotação esteve muito próxima de esgotar, 29971 espetadores viram Silvestre Varela, Hélder Postiga e Bruno Alves apontaram os três tentos com que Portugal venceu o Azerbeijão por três bolas a zero.

Paços vai à Champions com incidentes das bancadas
O Sp. Braga goza de poucos registos negativos no Municipal. 11 de fevereiro de 2013 fica marcado como um dos momentos menos próprios da pedreira. O Paços de Ferreira vencia por duas bolas a zero no final do primeiro tempo e cimentavam a sua candidatura à Liga dos Campeões. Triunfo no terreno de um adversário direto, e crise instalada na pedreira. Do golo de Hurtado, aos 38 minutos, aos tumultos nas bancadas o espaço de tempo foi curto. Cenas lamentáveis de arremesso de cadeiras e imagens de adeptos do Paços de Ferreira a refugiarem-se atrás de uma das balizas. Três bolas a duas, a favor dos «castores» foi o resultado final.

Benfica take II: Braga na rota da Taça da Liga
Nova meia-final de uma competição, o mesmo adversário. Desta feita para a Taça da Liga Braga e Benfica encontraram-se a 27 de fevereiro de 2013. «Guerreiros» e «águias» em novo confronto. O final do tempo regulamentar terminou com um empate sem golos. Na baliza do Sp. Braga estava Quim, na do Benfica estava Artur Moraes. Foi Quim a sorrir, o Sp. Braga venceu por três bolas a duas nas grandes penalidades. Explosão de alegria nas bancadas e no relvado. Quim estava imparável, festejou de todas as maneiras e feitios mandando recados em algumas direções. A saída da Luz ainda estava encravada na garganta e foi exorcizada com triunfo que colocou os minhotos na pista da Taça da Liga, que acabou mesmo por vir para o Minho.