Jurgen Klinsmann moveu todas as influências na Alemanha (e são muitas) para convencer Julian Green a pedir à FIFA para jogar pela seleção dos Estados Unidos. O talentoso avançado do Bayern Munique, nascido na Florida há 18 anos, vai estar presente no derradeiro jogo antes da convocatória para o Mundial (a 2 de abril com o México, na Califórnia) e pode ser mesmo uma das surpresas no Brasil.

«É fantástico! Ele é um grande talento, com um futuro brilhante à sua frente», disse Klinsmann, não escondendo o entusiasmo por esta conquista que considera ser mais importante em termos futuros do que imediatos: «Julian é o futuro da seleção americana e acreditamos muito nele. É um talento muito especial».


Green, filho de pai americano e mãe alemã, também agradeceu a oportunidade, mas mantém alguma prudência: «Foi uma decisão difícil e passei muito tempo a discutir com a minha família sobre qual era a melhor opção. Nasci na Flórida e o meu pai ainda vive lá, por isso tenho raízes bem fortes nos Estados Unidos. Seria uma loucura (estar no Mundial), mas, para lá chegar, tenho de trabalhar muito». O avançado estreou-se na equipa principal do Bayern Munique em novembro de 2013, na vitória por 3-1 na visita ao CSKA Moscovo, da fase de grupos da Liga dos Campeões, e brilhou nos jogos particulares realizados durante a paragem de Inverno.


Julian já representou seleções jovens dos dois países (sub-16, sub-17 e sub-19 alemãs e sub-17 americana), mas há mais de um ano que acalentava a esperança de optar pela dos Estados Unidos, com um trabalho muito profundo de Jurge Klinsmann junto do Bayern Munique: «Quero agradecer pessoalmente a Rummenigge, a Mathias Sammer, a Guardiola e a toda a gente no clube pelo apoio dado ao longo do processo. É um jogador fantástico com um futuro brilhante».


A recente experiência com a equipa dos Estados Unidos na preparação do encontro com a Ucrânia terá servido para convencer definitivamente o jogador. Não vai poder alinhar pela Seleção enquanto não receber a autorização formal da FIFA, mas já estará na preparação do encontro com o México. «Grande parte da minha decisão passou pela recente experiência em Frankfurt. Todos os jogadores foram impecáveis e receberam-me bem desde o início. Clint Dempsey ofereceu-me uma camisola com o meu nome e a forma como me apoiaram deu-me muita esperança», acrescentou o jogador.



Julian Green nasceu em Tampa, na Florida, a 6 de junho de 1995. Aos dois anos emigrou para a Alemanha com a mãe e entrou no sistema do Bayern aos 14 anos, marcando 10 golos na equipa sub-19 em 2012/13 e 15 em 21 jogos esta época na equipa B, o que chamou a atenção de Guardiola, que o convocou para vários jogos e deu-lhe dois minutos na Liga dos Campeões. Esteve sempre dividido entre os dois países e chegou a marcar um golo num amigável da seleção sub-18 dos EUA contra Holanda.


Podendo jogar como segundo avançado ou extremo, Green é uma aposta de futuro, mas pode entrar nas escolhas para o Mundial, considerando que os recursos de Klinsmann são escassos (Altidore, Johannsson e Eddie Johnson devem ser chamados, aos quais podem juntar-se os médios Landon Donovan e Dempsey).

O caminho para os 23 já está a ficar curto, como revelam as datas.
No seio do Bayern ninguém tem dúvidas do futuro brilhante que parece estar reservado para Julian Green. «Tem um grande potencial, por isso acho que deve estar feliz por ter escolhido jogar pelos Estados Unidos. Tem treinado muitas vezes connosco e consegue perceber-se o potencial. É rápido, tem bom drible e marca golos», disse Robben à imprensa alemã.

Schweinsteiger partilha os elogios: «Primeiro, acho que tem uma boa personalidade, o que para mim é sempre importante. Depois é muito rápido, com e sem bola. Joga um pouco como eu, embora ele seja mais rápido, mas no início da minha carreira jogava como extremo esquerdo, como ele atualmente, e depois vinha para dentro para rematar com o pé direito. Ele tem feito isso muitas vezes. É jovem, fresco e dinâmico. É claramente uma excelente opção para os Estados Unidos».

Neste momento já é muito provável que Green venha a estar no Mundial, mas dificilmente será utilizado, podendo ter oportunidade para brilhar noutras ocasiões e explodir no Mundial de 2018. Para o Bayern Munique o facto de ter um americano no plantel pode ser interessante tendo em vista um potencial contrato de direitos televisivos com a Fox Sports já a partir de 2015.

De um momento para o outro Julian Green pode tornar-se numa estrela do «soccer» nos Estados Unidos, numa altura em que o desporto está a crescer no país. Os especialistas vão avisando: «Não é um Fredy Adu»...