Estórias Made In é uma rubrica do Maisfutebol que aborda o percurso de jogadores e treinadores portugueses no estrangeiro. Há um português a jogar em cada canto do Mundo. Este é o espaço em que relatamos as suas vivências. Sugestões e/ou opiniões para djmarques@tvi.ptrgouveia@tvi.pt ou vemaia@tvi.pt 

Esta é a história de Vítor Gazimba, um alentejano de Vila Viçosa que está a construir uma carreira no frio. Emigrou primeiro para a Noruega, depois estendeu os seus laços à Suécia e está agora na Polónia como braço direito de um treinador sueco, a liderar um projeto ambicioso no Pogon Szczecin, um clube que acabou de estrear um estádio novo e quer conquistar um título nos próximos três anos.

Com apenas 35 anos, Vítor Gazimba já tem um currículo assinalável. Aos vinte anos, enquanto ainda estudava na Universidade de Évora, onde tirou a licenciatura e mestrado em Ciências do Desporto, deu os primeiros passos no futebol, ali mesmo ao lado, no Juventude de Évora, com o «colega» Luís Freire, atualmente a comandar o Rio Ave.

A formação levou-o depois para Lisboa, para tirar o doutoramento na Faculdade de Motricidade Humana, mais uma vez acompanhado por Luís Freire com quem continuou a trabalhar no Ericeirense. Foi na Ericeira que Vítor Gazimba foi surpreendido por um convite, no final de 2013, que acabou por mudar radicalmente o rumo da sua carreira. O Stromsgodset, que tinha acabado de sagrar-se campeão da Noruega, veio buscá-lo a Portugal para liderar a equipa B. Gazimba fez o seu percurso em Drammen e acabou por ser convidado, já em 2019, para ser treinador principal do Kongsvinger que militava na segunda divisão norueguesa e já tinha tido boas experiências com treinadores portugueses [recorde aqui a história de Luís Pimenta].

No ano seguinte, o treinador português saltou da Noruega para a vizinha Suécia para liderar um novo projeto no Orebro, primeiro como assistant manager, depois já como treinador principal. Foi na liga sueca, nos intensos duelos que travou com o IFK Norrköping, que Vítor Gazimba conheceu Jens Gustafsson, o treinador que, depois de deixar os croatas do Hajduk Split, o convidou para este novo projeto na Polónia, onde acabámos por encontrar o nosso interlocutor na fria cidade de Szczecin [pode-se traduzir para Estetino], bem no norte da Polónia, mais perto de Berlim (150 km) do que de Varsóvia (566 km).

Maisfutebol: Noruega, Suécia e Polónia, como é que um alentejano foi trabalhar para o frio?

Vítor Gazimba: O clima é bastante diferente, mas a partir de certo ponto, como os noruegueses costumam dizer, não existe mau clima, existem é más roupas, roupas pouco adequadas. Claro que é diferente, claro que afeta a forma como nos preparamos. Mas, em qualquer um dos três países, encontrei sempre bons profissionais, depois tudo o resto é mais fácil. A adaptação foi facílima, também ajudou o ter integrado um clube campeão, com uma boa estrutura.

Como é que conheceu Jens Gustafsson, com quem trabalha agora no Pogon?

Foi durante as duas épocas que fiz no Orebro. Joguei contra ele várias vezes, o Norrk]oping era uma boa equipa, tivemos sempre bons jogos, perdemos um, ganhámos outro por 4-3. Foram sempre jogos muito atrativos, com duas equipas com intenções semelhantes. Nós queríamos pressionar alto, eles queriam-nos pressionar. O nosso primeiro contato foi de um respeito mútuo de parte a parte pela forma com ambas as equipas jogavam. Nunca tínhamos tido uma relação pessoal anterior, mas criámos uma relação de respeito, de quando se reconhece trabalho na equipa que estás a defrontar.

Foi Gustafsson que o convidou para integrar a equipa técnica do Pogon?

Sim, mais tarde, quando percebeu que eu estava disponível. Ele tinha estado no Hajduk Split, depois passou a liderar a seleção da Suécia de sub-21 por um período curto e recebeu esta proposta do Pogon. Assim que recebeu a proposta e soube que eu estava disponível, ligou-me a dizer que gostava que eu fizesse parte do staff dele.

O Vítor já estava há mais de oito anos na Escandinávia, primeiro na Noruega e depois na Suécia. Foi fácil sair dessa zona de conforto?

Foi fácil porque não foi a primeira mudança de país. É verdade que já estava confortável nos países nórdicos, já conhecia bem todas as ligas, a dinamarquesa, a sueca, a norueguesa, mas também já tinha mudado de Portugal para a Noruega e da Noruega para a Suécia. Quando há tantas mudanças, já não é tão pesado. Na nossa carreira é normal, quer as coisas corram bem ou não, mudar de clube, mudar de cidade ou até mesmo de país. O convite foi recebido com entusiasmo, sem problema nenhum.

Apesar de tudo, a liga polaca terá um contexto bem diferente do que já conhecia na Noruega e Suécia, não?

Não conhecia nada da liga polaca, mas claro que, antes de aceitar o convite, começámos a checar com mais profundidade, a ver mais jogos e todo esse trabalho. Mas antes disso não conhecia praticamente nada. Fiquei surpreendido desde o primeiro momento, um nível acima daquilo que considerava. Um nível mais elevado, tanto dos jogadores, como na preparação das equipas. Em termos de estrutura também. Especialmente aqui no Pogon. O clube ficou em terceiro lugar nos últimos dois anos. Entrámos com uma equipa bem estruturada, bem trabalhada, estreámos agora um estádio novo a 1 de outubro. Um estádio genial, ou seja, tudo o que apanhámos é basicamente novo, para estrear. Temos novos ginásios, vários campos de treino, temos muito boas condições. Temos tudo o que precisamos e tudo como novo, a estrear.

Quais são exatamente as suas funções na equipa técnica?

Sou o braço direito do treinador principal, sou uma espécie de extensão do treinador nas diferentes áreas de intervenção. Mais a nível tático, mas a todos os níveis de gestão. Quando o Gustafsson me convidou para vir para cá, ele sabia que fui treinador principal a vida inteira, não queria propriamente um adjunto, queria uma pessoa que pudesse assumir responsabilidade no clube e na equipa. Tenho responsabilidades a vários níveis. Temos uma relação de grande respeito, considero o Gustafsson um excelente treinador.

O ambiente nos estádios também será diferente, os adeptos polacos são conhecidos pelo seu fanatismo…

Sim, são mais próximos daquilo que temos em Portugal. Os estádios normalmente estão bem compostos, talvez com mais adeptos do que em Portugal. O adepto polaco é fanático, é um adepto que vive o clube com muita paixão. Todas as nossas vitórias ou derrotas, em qualquer sitio onde vamos, seja perto ou longe, eles fazem-se notar. A Polónia é um país muito grande. Szczecin é muito próximo de Berlim, estamos muito a norte, junto à fronteira com a Alemanha, logo abaixo de Copenhaga. Ou seja, qualquer viagem para nós, para qualquer ponto da Polónia, é sempre uma viagem muito longa. Muitas vezes temos de ir de avião, mas temos sempre uma presença grande de adeptos que vêm de Szczecin para apoiar a equipa em qualquer lado. Existe sempre um grande fervor em redor da equipa. Do Pogon e de todas as equipas da Polónia, temos sempre um grande ambiente.

Às vezes esse fanatismo leva a casos extremos da parte dos adeptos, já passou por algum momento mais complicado? O Josué, por exemplo, já teve problemas na Polónia

Sim, depois há essa parte do fanatismo, esses acidentes acontecem aqui, mas até ao momento, nesta minha experiência, nada tenho a registar de negativo. Bons ambientes que tornam os jogos ainda mais competitivos, mais entusiasmantes. Desse ponto de vista tem sido uma excelente experiência também.

A base do plantel do Pogon é constituída por jogadores polacos, mas conta com dez nacionalidades diferentes, é fácil de gerir?

Sim, já tenho alguma experiência nesse sentido. É preciso perceber as necessidades dos jogadores que vêm de diferentes partes do país ou que se estão a adaptar pela primeira vez à Polónia, como o Léo Borges que veio do Brasil. Estava no FC Porto B e veio para um país onde não se fala português e tivemos de o ajudar. É óbvio que um jogador polaco é diferente de um jogador dos Balcãs, é diferente de um jogador brasileiro, espanhol, português ou nórdico. Temos uma mistura saudável, o clube também tem um bom ambiente familiar, o que facilita em muito a adaptação dos jogadores novos. É um grupo unido, tranquilo, com diferentes nacionalidades, mas com uma coesão forte. Isso no balneário é crucial para depois desenvolvermos a equipa no campo.

Como é que se comunica no balneário, em inglês?

Sim, a maioria das vezes é em inglês. O nível de inglês é diferente da Noruega e da Suécia onde toda a gente fala inglês fluentemente, têm um nível de literacia muito elevado. Aqui na Polónia já não é bem assim, mas a comunicação é feita em inglês. Aliás, eu e o Jens [Gustafsson] somos os únicos da equipa técnica que não somos polacos, mas temos os adjuntos para traduzirem algum aspeto que consideremos mais importante.

Um plantel que tem um jogador português, Luís Mata, que fez a formação no FC Porto.

Temos o Luís Mata, temos o Léo Borges, que também veio da formação do FC Porto e fala português, e temos o Luka Zahovic, filho do Zlatko Zahovic, que também fala português.

O Luka Zahovic é um dos craques da equipa, não?

O Luka fala português melhor do que nós. Ele nasceu em Portugal, em Guimarães, depois esteve no Porto e no Benfica, fala perfeitamente português. É um excelente jogador, muito ao nível do jogador português. Um jogador técnico, que lê muito bem o jogo, sabe os espaços onde pisar, é inteligente tanto a atacar como a defender. Um jogador muito ao nível da academia portuguesa. É um produto que também é nosso. É um dos destaques da equipa, sem dúvida. Depois tivemos também o Jean Carlos, metade brasileiro, metade espanhol, que agora foi vendido ao Raków, a equipa que lidera a liga polaca. Temos também o Leonardo Koutris, defesa esquerdo, que tem dupla nacionalidade, é grego e brasileiro. Temos uma mistura interessante, mas com vários elementos a falarem português.

Também têm um avançado sueco, Pontus Almqvist. Foi já uma aposta da nova equipa técnica?

Foi. Também cheguei a jogar contra ele, o Pontus estava na equipa do Jens Gustafsson na Suécia. Fez lá a formação e, mais tarde, foi vendido para os russos do Rostov. Veio agora por empréstimo, mas já o conhecíamos há muito tempo. Agora em janeiro recebemos mais um sueco, o Linus Wahlqvist que também veio do Norrköping.

Reparei que os cinco primeiros classificados da liga polaca têm todos portugueses. O líder Raków tem o Fábio Sturgeon, o histórico Legia Varsóvia tem o Yuri Ribeiro e o Josué, depois há ainda Fábio Nunes (Widzew Lodz), Joel Pereira, Pedro Rebocho, Afonso Sousa e João Amaral (todos no Lech Poznan). Os portugueses estão bem cotados na Polónia?

Muito bem cotados e com razão de ser, todos têm evidenciado boa qualidade. O Josué, por exemplo, é capitão do Legia. O Pedro Rebocho, João Amaral, Afonso Sousa e o Joel Pereira foram campeões com o Lech Poznan na época passada. Dão sempre uma excelente imagem de si próprios. É um mercado muito atrativo. Eles aqui têm boas condições de trabalho, a todos os níveis, é cada vez mais fácil atrair talento. O crescimento do futebol polaco tem sido feito com estes jogadores que acrescentam valor ao campeonato. Não estão só nos cinco primeiros, diria que há portugueses espalhados pela liga toda e, agora, temos também o selecionador que também é português.

Já lá vamos ao Fernando Santos, olhando para a classificação, o Pogon, no início da segunda volta, está no terceiro lugar, com os mesmos 30 pontos do que o Widzew Lodz e do que o campeão Lech Poznan. Quais foram os objetivos definidos no início da época?

Os objetivos estão muito claros desde que entrámos. No contrato de três anos que temos com o clube está previsto, no prazo desse contrato, que alcancemos títulos. Claro que existe um período de adaptação, precisamos de algum tempo para implementar o nosso projeto, mas a expetativa é competir por títulos ao longo destes três anos.

O Pogon já tem alguma história, mas não tem títulos no primeiro escalão. Ficou duas vezes em segundo e foi por três vezes à final da Taça da Polónia, mas tem ainda o «museu» vazio, não é?

Exatamente, quando assinámos foi essa a intenção do clube, apontar para os títulos. Eles querem apontar para o primeiro título da história. Apesar de terem um bom registo nos últimos anos, ficaram duas vezes em terceiro, evoluíram de forma sustentada, mas agora o toda a gente no clube quer é dar o próximo passo e atacar os títulos. Temos de olhar para cima no campeonato.

O estádio novo também é um estímulo, reforça as ambições do clube?

Foi um investimento muito grande e com retorno, temos tido o estádio sempre cheio. A atmosfera no estádio é espetacular. O dia da inauguração, a 1 de outubro, foi uma festa fantástica. É um estádio moderno, com uma excelente atmosfera.

O Pogon está em terceiro, mas até podia estar melhor. Na última jornada esteve a ganhar ao Widzew Lodz, com um golo aos 90, mas permitiu o empate 3-3 nos descontos. Grande desilusão?

Estivemos a ganhar por três vezes, 1-0, 2-1 e 3-2, mas houve um penálti um pouco duvidoso mesmo no final, na última jogada do desafio e acabou 3-3. Esperávamos estar com mais dois pontos neste momento, é verdade.

Na Taça da Polónia, o Pogon também teve uma eliminatória épica, num jogo que acabou 3-3, com um hat-trick de Zahovic e uma série infindável de penáltis.

Foi com o Rekord Bielsko-Biala, uma equipa de uma divisão inferior, mas conseguimos passar. Foi um jogo difícil, o relvado não estava em boas condições. Tivemos que ir a prolongamento e depois passamos nos penáltis. Foram mais de vinte, foi um jogo estranho, com muitas lesões, mas no final conseguimos passar. Depois fomos eliminados pelo Raków que venceu a Taça nos últimos dois anos e está no primeiro lugar do campeonato. Bateram-nos com um livre direto.

Há pouco falou no Fernando Santos. A Polónia já tinha tido uma experiência pouco positiva com Paulo Sousa, como é que o país recebeu a notícia da escolha do antigo selecionador português?

A forma como eles viram o Paulo Sousa sair - acabou por forçar a saída para o Flamengo, numa altura em que estavam a disputar o play-off para o Mundial - deixou uma marca. Os polacos receberam bem a chegada de Paulo Sousa, mas não gostaram da forma como abalou naquele momento critico. Não pensei que fossem apostar novamente num treinador português, apesar de terem surgido alguns nomes na comunicação social. A sensação que tinha aqui no clube, quando falámos sobre isso, era que não seria no imediato um novo treinador português. Quando perceberam que havia a possibilidade de contratar Fernando Santos, avançaram, não por ser um treinador português, mas por ser o Fernando Santos em si.

Tem um perfil que eles queriam na federação. É um treinador campeão europeu, com larga experiência na Liga dos campeões, no Benfica, no Sporting e FC Porto. Já tinha a experiência na Grécia, portanto, experiência tanto em clubes, como nas seleções, com presenças em Mundiais. Diria que toda esta experiência acumulada que ele tem e a forma que tem de estar como um gentleman jogou a seu favor. Pelo que me foi dado a perceber, foi uma nomeação muito bem-recebida pelos polacos.

O Fernando Santos em Portugal tinha o Cristiano Ronaldo, agora na Polónia também vai ter Lewandowski…

É verdade, mas ele tem essa experiência acumulada e já lidou com grandes figuras do futebol mundial. Foi isso também que o tornou num alvo extremamente apetecível para a Polónia. É um treinador cujo currículo fala por si. Não só pelo que alcançou, mas também pela quantidade de jogadores de topo com os quais lidou ao longo da carreira. O Lewandowski é provavelmente o melhor jogador da história da seleção polaca.

A seleção polaca está a passar por um momento de renovação. O Vítor, pelo que já viu, acha que Fernando Santos tem «matéria» e talento para formar uma boa seleção?

Existe talento como há em todo o lado, é um país muito grande, a paixão pelo futebol é muito grande, portanto, se houver vontade de fazer essa renovação, com certeza que não irão faltar jogadores de qualidade ao mister Fernando Santos. Claro que precisa de tempo, isso não se faz de um dia para o outro, mas existe muita qualidade. Nos últimos anos aqui na Polónia as equipas têm de jogar sempre com um jogador jovem sub-23. A liga polaca pretende, com esta regra, também promover o talento polaco. A médio prazo vão acabar por recolher frutos e isso vai permitir a Fernando Santos tirar máximo proveito daquilo que tem sido feito.

Em Portugal não há muitos jogadores polacos, mas o Benfica está novamente a apostar em jogadores nórdicos, como já o tinha feito nos anos oitenta e noventa, nos tempos de Sven Goran Eriksson, com Stomberg, Schwarz, Jonas Thern, Magnusson… Agora chegaram dois dinamarqueses (Alexander Bah e Casper Tengstedt) e dois noruegueses (Fredrik Aursnes e Andreas Schjelderup). Com a experiência que tem no futebol escandinavo, está surpreendido com esta aposta?

Não, pelo contrário, surpreendia-me era se uma equipa como o Benfica ou as equipas portuguesas no geral não olhassem para esse mercado. É um bom mercado, são jogadores com cada vez melhor educação. Existiu um desenvolvimento muito grande nas academias, na forma de trabalhar. As seleções jovens norueguesas são cada vez mais atrativas, estão quase sempre presentes nas fases finais. O talento que exportam é cada vez melhor. O Aursnes tem feito um excelente trabalho.

O Fredrik integrou-se bem no Benfica, mas os portugueses ainda não conhecem bem o Andreas Schjelderup. O que nos pode contar sobre este jovem talento que ainda não jogou na liga portuguesa?

Já o conhecia do Nordsjaelland, é uma equipa que aposta muito na academia e tem muitos jogadores nas seleções jovens. Também cheguei a jogar contra o Aursnes quando ele ainda estava no Molde, um bom jogador, sempre muito dominante no meio-campo, com bom toque, não apenas de intensidade como era antigamente visto o futebol nórdico, mas um jogador que cumpre muito bem taticamente. É inteligente e ao mesmo tempo tem bom toque e enquadra-se perfeitamente naquilo que o Benfica espera dele.

Regressando à Polónia, está a viver mesmo em Szczecin ou Estetino como se diz em português? Fale-nos um pouco da cidade…

É uma cidade que fica muito próxima da fronteira com a Alemanha, aliás, quando fazemos viagens grandes, o mais fácil é utilizar o aeroporto de Berlim. É uma cidade relativamente grande, tem uma história e uma cultura muito enraizada, mas ao mesmo tempo tem uma forte influência alemã [fez parte da Alemanha até ao final da II Grande Guerra]. Mas também existe um forte orgulho polaco, o povo polaco é muito orgulhoso, bastante trabalhador, é um país que foi capaz de reerguer-se depois de tudo o que passou com o comunismo.

Está bem instalado então?

Sim, estou aqui com a minha esposa, a adaptação tem sido boa. Estamos praticamente no centro da cidade, temos tudo o que necessitamos. Aqui estamos mais próximos daquilo que é viver em Portugal do que passámos, com a questão do clima, na Suécia e na Noruega. É um estilo mais próximo do estilo de vida em Portugal.

Por falar em Portugal, tem agora um contrato para os próximos três anos, mas tenciona um dia voltar a trabalhar no seu país, certo?

Claro que existe sempre essa expetativa, mas depende um pouco do que surgir. A carreira que tenho construído fora de Portugal tem sido solida e bem sustentada, penso que tenho deixado uma boa imagem por onde tenho passado. É natural que o meu maior mercado seja mais nesta zona geográfica, entre a Noruega, Dinamarca, Suécia e Polónia. É natural que regresse a um desses mercados para a expansão em termos de carreira, mas claro que um dia mais tarde, não sei quando, um regresso a Portugal seria sempre visto com bons olhos. Teria de ser um projeto que considerasse de facto bastante apelativo. Caso contrário, continuamos por aqui a construir a carreira.

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