O título não mora na Amoreira, mas o Estoril mostrou força de campeão para bater um Nacional que soube aproveitar erros alheios e dificultar a vida aos canarinhos. E quando se fala em força, essa nas boas equipas vai desde a física à mental. A formação de Marco Silva esteve a perder, mas reergeu-se com a calma de quem já esteve sob pressão uma eternidade de vezes e assumiu o desafio como quem respira: naturalmente.

Que alegria contagiante

Comecemos por dizer que o que se viu na Amoreira foi uma equipa alegre, que contagiou a bancada, ou melhor, esteve em sintonia com a incansável e curiosa claque estorilista. Mas também é preciso realçar que o Nacional discutiu bem a primeira parte e foi por isso que chegou à vantagem

O jogo estava em bom ritmo, com ligeira supremacia do Estoril a meio-campo. Isso permitiu-lhe chegar mais vezes à área do Nacional, mas as jogadas saíam com pouca definição, ora no passe, ora também no remate. De forma estranha, depois de 20 minutos bons, o Estoril perdeu-se.

O Nacional fechou melhor o meio-campo, com Rondon a descer uns metros e a tapar um dos médios contrários, sobretudo Gonçalo Santos. A pressão madeirense fez com que os canarinhos começassem a errar demasiados passes no meio, enquanto atrás, tanto Bruno Miguel como Yohan Tavares tinham dificuldades em sair a jogar. Num desses lances, Rondon ganhou ao último daqueles centrais e meteu Djaniny frente a Vagner. O cabo-verdiano não perdoou.

Essa foi a fase negativa do Estoril, que contou com uma defesa de Vagner para salvar o 0-2. Depois, a equipa reencontrou-se e quando «voltou» ao jogo, espicaçada pelo que via no marcador, voltou melhor, muito melhor.

O que o Estoril tinha feito até aos 20 minutos reapareceu, mas com mais intensidade e com maior sequência. Evandro falhou um golo feito, mas redimiu-se num remate à entrada da área para o 1-1 e depois Carlitos no meio da confusão confirmou a reviravolta, com Gottardi a queixar-se de falta, comoYohan Tavares fez no 0-1.

Evandro resolve tudo e soltam-se «olés»

Na segunda parte ouviram-se «olés» das bancadas, com o Estoril confortável no jogo e no resultado. Manuel Machado tinha feito duas substituições, mas caiu tudo por terra com o 3-1 de Evandro logo aos 46 minutos.

A partir daí, e apesar da boa vontade do Nacional, o Estoril segurou o jogo. Mas sem ser uma equipa chata, ou seja, que aborrece o encontro, fechando e fechando, sem deixar jogar. Pelo contrário, garantiu os três pontos com excelente futebol, com a bola a rodar de um flanco ao outro e com a velocidade dos três avançados a fazer estremecer uma defesa madeirense que precisa claramente de ajustes.

O Estoril perdeu vários e importantes nomes da época passada para a outra. Mas não perdeu o mais importante: a identidade que Marco Silva deu à equipa, até porque os reforços têm mostrado estar à altura de quem vieram substituir.