No primeiro jogo pela Seleção principal Rafa e Ivan Cavaleiro tiveram a rara oportunidade de se estrearem a titulares, juntando-se a um clube restrito de atletas de elite. São o 21º e 22º jogadores lançados por Paulo Bento. Para além deles, também William Carvalho foi pela primeira vez titular, depois de se ter estreado no play-off com a Suécia, em que jogou 16 minutos.

O médio do Sp. Braga esteve 45 minutos em campo, enquanto o benfiquista jogou 69 minutos, sendo substituído por Varela, tendo ainda oportunidade para participar no 3-1, apontado por Fábio Coentrão. Dificilmente irão a tempo de serem integrados nos 23 elementos a ser anunciados a 19 de maio, o primeiro porque ainda não revelou capacidade para estar entre os melhores, o segundo porque enfrenta uma enorme concorrência, potencialmente ainda de Quaresma, para além de não ser utilizado com frequência no Benfica.

Praticamente certa é a presença de William Carvalho, que jogou pela primeira vez na sua carreira 75 minutos de um desafio pela Seleção e teve uma exibição muito tranquila. Com Miguel Veloso impedido de jogar devido à situação na Ucrânia, trata-se de uma solução importante para o meio-campo da equipa nacional, mesmo não se sabendo se Fernando vai ser convocado para o Mundial.  «Tenho que trabalhar muito até ao final do campeonato para ver se irei ser escolhido ou não», admite o jogador do Sporting.

Mas Paulo Bento não abre o jogo: «Quem fez a estreia hoje acabou por dar uma boa resposta. O William também fez a segunda internacionalização, a primeira a titular. Estamos satisfeitos, vamos depois decidir da melhor maneira.»



A comparação com os outros selecionadores

Paulo Bento tem vindo a testar várias soluções desde que é selecionador e, apesar das dificuldades de recrutamento, está ao nível ou ainda melhor do que os seus antecessores nos últimos dez anos. Já lançou 22 jogadores, o que só é comparável com Luís Felipe Scolari.

Os 20 anteriores na era Paulo Bento foram: Rui Patrício, Luís Neto, André Almeida, André Martins, Josué, Ruben Micael, Nélson Oliveira, Éder, Licá, João Pereira, Sereno, Miguel Lopes, Paulo Machado, André Santos, Custódio, Hélder Barbosa, Pizzi, Varela, Vieirinha e William Carvalho. O atual selecionador nacional champou ainda Anthony Lopes, Cédric, André Gomes, Adrien Silva, Ventura, Bruno Gama, Castro, Ruben Ferreira, Nuno André Coelho e Bruma, mas estes não tiveram oportunidade de jogar.

Em 40 jogos na Seleção, Paulo Bento estreou 22 jogadores, pelo que vem contrariar a ideia de que o treinador mantém sempre os mesmos jogadores, embora na equipa titular só Rui Patrício e João Pereira têm estatuto de titular, mas com jogadores a terem muitas oportunidades como Ruben Micael, Varela ou Vieirinha.

Entre os 22 internacionais que lançou em três anos, Paulo Bento promoveu diretamente ao onze dois estreantes absolutos em jogos de responsabilidade: João Pereira teve o batismo no primeiro jogo do selecionador, a vitória de tudo ou nada sobre a Dinamarca, e nunca mais deixou de contar com a confiança de Paulo Bento. Curiosamente, foi a lesão de João Pereira que forçou o selecionador proceder ao segundo batismo, dando a titularidade a André Almeida no recente jogo com Israel, quando Portugal ainda sonhava com o apuramento direto. O empate acabou por amargar a estreia, embora o desempenho do lateral tenha sido aprovado.

Estes números só são comparáveis a Luiz Felipe Scolari, que nos 75 jogos que realizou à frente de Portugal lançou 30 atletas, aproveitando o campo de recrutamento disponível nomeadamente antes do Euro 2004. Para além disso, há muitos nomes importantes nesta lista: Ronaldo, Deco, Ricardo Carvalho, Raul Meireles, Bruno Alves, Nani, Hélder Postiga, João Moutinho, Miguel, Maniche, Pepe, Hugo Almeida, Miguel Veloso, Quaresma, Bosingwa, Duda, Carlos Martins, Ricardo Costa, Manuel Fernandes, Luís Loureiro, Rogério Matias, Makukula, Alex, Antunes, Silas, Daniel Fernandes, João Alves, Tonel, Bruno Vale e Paulo Santos.

Carlos Queiroz lançou 16 jogadores em 29 jogos na Seleção: Fábio Coentrão, Eduardo, Danny, Rolando, Liedson, Rúben Amorim, Beto, Edinho, Eliseu, Nélson, Gonçalo Brandão, César Peixoto, Hilário, Moreira, Orlando Sá e Zé Castro. Agostinho Oliveira, por seu lado, aproveitou os seus dois jogos como selecionador para fazer dois novos internacionais: Sílvio e Yannick Djaló.