Em poucos anos o Estrela de Portalegre passou do céu ao inferno futebolístico. O mesmo clube que em 2001/02 colocou o nome no livro do Guiness, depois de 19 vitórias consecutivas na III Divisão, está agora no último lugar desse mesmo campeonato, sem qualquer vitória conquistada.
Classificação da III Divisão
Em 16 jogos foram somados apenas três pontos, fruto de empates. Tudo o resto foram derrotas. Entre os adeptos, por certo, reina a saudade da época gloriosa do início da década, mas para o presidente Jorge Isidro é esse feito que explica os problemas actuais.
«Preferia que essa época nunca tivesse acontecido. Nesta altura o Estrela estava nos primeiros lugares da III Divisão e com as contas em dia. Nesses anos gastou-se muito dinheiro, o que desequilibrou as contas do clube», explicou o dirigente, em conversa com o Maisfutebol.
Quando o Estrela de Portalegre ganhou mediatismo nos jornais, Jorge Isidro ainda não era presidente. Entrou para a presidência do clube em 2003, e foi logo obrigado a tomar uma decisão difícil.
«O clube ficou em 2º lugar na segunda divisão, muito perto de conseguir à subida à Liga de Honra. Aceitei o desafio de assumir a presidência e tentar equilibrar as contas, mas o cenário que me foi apresentado era três vezes pior do que eu julgava. Decidi que não havia condições para fazer uma equipa competitiva e fomos para os distritais», explica.
As portas dos campeonatos profissionais fecharam e o Estrela foi parar ao Campeonato Distrital de Portalegre. Em termos desportivos a decisão teve efeitos muito negativos, mas o líder do clube considera que havia factores mais relevantes a ter em conta. «Construir uma boa equipa é fácil. Mas depois temos de pagar às pessoas. Temos de ser honestos. Não posso pagar só dois meses», explica.
Equipa made in Portalegre
Filipe Romão, um dos capitães de equipa, partilha da opinião do presidente. O jogador considera que «o recorde resultou na destruição do clube». «Não se consegue isso com uma equipa dita normal. Isso trouxe problemas financeiros», disse ao Maisfutebol.
O defesa frisa que o emblema alentejano tem as contas todas em dia, mas o rigor orçamental explica as limitações desportivas. «Agora o clube limita-se a ter jogadores do distrito. Só há um ou dois de fora porque ninguém quer vir para aqui a ganhar pouco», conta.
Apesar de estar em último lugar da Série E, com 13 derrotas, o Estrela de Portalegre não tem sofrido muitas goleadas. «O nosso resultado mais pesado foi 4-1, em Câmara de Lobos. Trabalhamos todos os dias para alcançar um resultado positivo mas não temos sido felizes. Não há explicação para isso, é uma frustração muito grande».