Além da vantagem de jogar em casa – que a ajudou, por exemplo, a conquistar o Europeu de 1984 e o Mundial de 1998 – e de, após bater a Rússia, nesta terça-feira, passar a somar sete vitórias nos últimos oito jogos, a França é, entre as 24 seleções participantes no próximo Europeu, a que tem mais jogadores a atuar em Ligas de topo. De acordo com um estudo, levado a efeito pelo Observatório do Futebol, do CIES (Centro Internacional de Estudos de Desporto), todos os 36 elementos utilizados por Didier Deschamps nos jogos realizados desde junho de 2015 alinham nos cinco principais campeonatos europeus, sendo 28 no estrangeiro e os restantes oito na Liga francesa.

Efetuado entre junho de 2015 e a atualidade, o estudo toma por medida o total de minutos em que cada seleção utilizou jogadores das cinco melhores Ligas. E, sem surpresas, são as seleções dessas mesmas Ligas de elite – França, Itália, Espanha, Inglaterra e Alemanha – que ocupam as primeiras cinco posições na tabela, precisamente por essa ordem.

Com 17 dos 46 utilizados por Fernando Santos a jogarem num dos melhores cinco campeonatos, a seleção portuguesa soma 28.059 minutos, surgindo na oitava posição nesta lista, que avalia a intensidade competitiva dos selecionados de cada um dos finalistas do Euro. Além dos países top-5, Portugal está ainda atrás da Suíça (22 jogadores e 33.166 minutos) e da Bélgica (19 jogadores e 29.483 minutos).

A seleção contou, no último ano, com quatro representantes da Liga espanhola - Beto, Carriço, Tiago, Pepe e Cristiano Ronaldo – oito da Liga francesa - Fábio Coentrão, João Moutinho, Ricardo Carvalho, Bernardo Silva, Ricardo Pereira, Anthony Lopes, Raphael Guerreiro e Éder – dois da Premier League – Fonte e Cédric – e ainda Vieirinha (Bundesliga) e Varela (que em junho ainda era jogador do Parma). O total, de 17 jogadores em 46, corresponde a 37%, e está abaixo da média das seleções que participam no Euro (50,3%).

No extremo oposto desta tabela estão a Rússia (apenas Cheryshev nas Ligas top-5) e a Hungria, adversária de Portugal na fase de grupos, que tem apenas quatro jogadores em campeonatos de elite. Outra adversária da seleção portuguesa na primeira fase, a Islândia, também ocupa os últimos lugares na tabela (20º em 24, com quatro jogadores), enquanto a Áustria surge precisamente a meio da tabela (12º, com 15 jogadores entre a elite).

Espanhóis são os mais baixos… e os mais valiosos

O estudo vai mais longe, avaliando a média pontual conseguida pelas equipas onde atuam os jogadores selecionador – e dá como resultado que os internacionais espanhóis são os mais valiosos: as suas equipas conseguem uma média pontual de 1,95, a mais alta de entre as 24 seleções. Os jogadores portugueses (com 1,67) surgem na sétima posição, ainda atrás de Itália, França, Alemanha, Bélgica e Eslováquia. A Hungria ocupa a posição mais baixa, sendo a única seleção cujos internacionais de elite não atingem a média de um ponto por jogo – o que indicia estarem em equipas da segunda metade da tabela.

Refira-se que este estudo é o desenvolvimento de um outro, mais alargado, publicado em janeiro e que, entre outras curiosidades, definia a Inglaterra como a seleção com média de idades mais baixa (25,6) enquanto Portugal surgia no 15º posto (28,2). A seleção portuguesa estava também no top-3 das equipas em que os jogadores acima dos 30 anos atuavam mais minutos (Eslováquia 42,7%, Irlanda do Norte 37,3% e Portugal 36,9%), enquanto Inglaterra, Polónia e Albânia eram as que davam mais espaço aos jovens sub-22.

No que se refere a estatura, Portugal está na cauda do pelotão, com 180,5 cm, ficando apenas à frente da atual campeã da Europa, a Espanha (179,2). Curiosamente os três adversário de Portugal na primeira fase – Hungria, Islândia e Áustria – são as seleções de maior estatura média do próximo Euro e, juntamente com a Suécia, as únicas a superar, em média, os 185 cm.