Nascer em janeiro ou nos primeiros meses do ano garante mais probabilidades de afirmação rápida no futebol. E nascer nos últimos meses é muitas vezes um obstáculo acrescido. Chama-se efeito da idade relativa, está estudado e agora tem mais dados a sustentar a teoria, reunidos pelo CIES/Observatório do Futebol.

A grande maioria das competições por escalões etários no desporto em geral, e também no futebol, está organizada em função do ano civil, ou seja, enquadra jogadores nascidos entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de determinado ano. As variações de desenvolvimento, físico e não só, aliadas a vários outros factores, potenciam que os jogadores mais velhos dentro de um mesmo escalão tenham tendência a afirmar-se mais rapidamente.

Este estudo procura quantificar essa tendência. Para isso, analisou uma amostra de 28,685 jogadores que jogaram naquelas que define como as 31 principais ligas europeias desde a época 2009/10. E conclui que há de facto um enviesamento: os jogadores nascidos em janeiro são quase o dobro dos que nasceram em dezembro. Os nascidos nos primeiros três meses do ano representam 30,5 por cento do total, contra 19,3 por cento dos que nasceram entre outubro e dezembro.

Este é um valor que se afasta da média da sociedade em geral: o estudo cita dados do Eurostat para constatar que os nascimentos na União Europeia se espalham de modo igual pelos meses do ano, não estão mais concentrados em determinado período. Mas os futebolistas não se distribuem do mesmo modo.



Nestas contas, Portugal aparece num registo a meio da tabela, num gráfico que tem num extremo a Turquia, o país onde há maior percentagem média de jogadores nascidos mais cedo no ano, e no outro a Inglaterra.
Sendo que o caso inglês confirma a tendência, por outra via.

É que em Inglaterra, diz o estudo, a idade dos escalões etários no futebol é definida em alinhamento com o sistema escolar. Ou seja, a partir de 1 de setembro. E no futebol inglês, ao contrário dos outros países analisados, há mais jogadores nascidos entre setembro e dezembro do que noutros períodos do ano: 39,9 por cento.



Embora recomende que as instâncias do futebol analisem esta questão, para que não haja à partida desigualdades entre candidatos a jogador, o estudo também admite que o efeito da idade relativa tende a esbater-se com o tempo. A partir dos 23 anos, a data de nascimento torna-se menos relevante. Um duplo movimento, o dos jogadores que se afirmaram mais cedo mas não conseguem prolongar esse efeito quando crescem e os que demoraram mais tempo mas acabam por impor-se mais tarde, determina que as diferenças sejam menores.



A terminar, o relatório do CIES apresenta um quadro com outros dados curiosos sobre esta questão da idade: o dia médio de nascimento dos jogadores das seleções nacionais. 1 de julho é bom para quem é português.