Ponto prévio: tal como Portugal, a Hungria também é superior à Islândia. Tem jogadores mais, tecnicistas, joga mais tempo no meio campo adversário, tem mais bola e remata mais.

Quer isto dizer que tudo o que está a acontecer à Islândia neste Europeu (o apuramento para os oitavos ao virar da esquina na estreia numa grande competição internacional) deve-se apenas à sorte? Nada disso! É que a seleção nórdica até saiu do jogo com a Hungria com razões para se queixar dela (já lá vamos a essa parte).

A Islândia vai para o último jogo do Grupo F com sólidas hipóteses para garantir um lugar nos oitavos de final do Euro.

E isso deve-se, sobretudo, a um conhecimento profundo das suas limitações. Com poucos jogadores com capacidade para pôr a equipa a jogar o tal futebol bonito e perfumado, os islandeses vão fazendo de um bloco defensivo compacto a principal arma.

O resto faz-se aproveitando os deslizes dos adversários. Foi assim contra Portugal, quando Pepe e Vieirinha andaram aos papéis, e voltou a ser neste sábado. Aos 39 minutos, Király falhou numa saída dos postes e deixou a bola à mercê dos islandeses. Gunnarsson tentou visar a baliza mas acabou no chão, alegadamente por derrube de Kádár. Um lance aparentemente controlado acabou num castigo máximo convertido por Gylfi Sigurdsson.

Resultado justo? Se é verdade que a Hungria alugava o seu meio campo, convém sublinhar que não conseguia encontrar a receita para furar a boa organização islandesa. A ofensiva magiar resumia-se essencialmente a boas jogadas individuais de Dzsdudzsák e de Kleinheisler. A Islândia atacava pela certa e antes do golo até esteve perto de abrir a contagem. Aos 32’, Gudmundsson rodou bem sobre um defesa mas rematou para boa intervenção de Király.

Na segunda parte, a Hungria apertou o cerco à área islandesa. O conjunto nórdico baixou linhas e acorrentou-se até à entrada da área, mas usar a usar o adjetivo desespero para descrever o comportamento da Islândia a partir de uma certa altura da etapa complementar é excessivo. Continuavam arrumados e a resolver a maior parte dos problemas causados pelo conjunto orientado por Bernd Storck, que apostou todas as fichas nos minutos finais, altura em que lançou o avançado Szalai para o lugar do central Juhász.

A Islândia esteve perto de praticamente selar o apuramento para os oitavos do Europeu perante uma Hungria que só conseguiu quebrar o iceberg nórdico aos 88 minutos. Adam Nagy descobriu Nikolic na direita. O avançado húngaro cruzou para a zona da pequena área e Saevarsson acabou por marcar na própria baliza quando tentava evitar o desvio certeiro de Bode.

A Hungria salvou-se sobre o gongo e, depois de ver as contas complicadas, recuperou a posição privilegiada na luta por um lugar que dá acesso aos oitavos de final do Euro.