A final. Apenas a segunda da história do futebol português em idade adulta. A segunda oportunidade – esta bem menos soberana do que a de 2004 – de conquistar um troféu que premeie tanto bom futebol Portugal apresentou nas últimas décadas. O estereótipo já não é o do Brasil da Europa, bem pelo contrário, é o de uma equipa bem mais realista que fantasista. Mas foi custa desse resultadismo que chegou à final do Euro 2016, e o povo está rendido e agradecido.

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Há 12 anos, a Seleção tinha, num Estádio da Luz em festa, todo o favoritismo. É verdade que perdera no primeiro jogo frente a essa mesma Grécia, mas consolidara as suas ideias a partir do momento em que Luiz Felipe Scolari se decidira por uma renovação do onze, tendo por ponto de partida o FC Porto campeão da Europa, e unira atrás de si o país inteiro, de bandeirinha na mão ou às janelas. No entanto, um golo de Charisteas provou o que parecia impossível: um raio pode cair mesmo duas vezes no mesmo sítio!

A equipas das quinas voltou a ameaçar depois, mas não voltou a um jogo decisivo até hoje. Portugal volta a marcar encontro com a história esta noite, em Saint Denis, no Stade de France, perante o país organizador. Terá pela frente uma seleção que não derrota há 40 anos, e que a bateu já duas vezes na era Fernando Santos, por 2-1 e 1-0. Poderia ser mais complicado? Dificilmente.

O selecionador teve, pelo menos, uma boa notícia para esta final. Pepe está apto para ajudar. Recuperou da lesão muscular que o afastou da meia-final com Gales. William Carvalho, já se sabia, também está disponível depois de ter cumprido castigo.

EQUIPAS PROVÁVEIS

Portugal – Rui Patrício; Cédric, Pepe, Fonte e Raphäel Guerreiro; William; Renato Sanches, Adrien e João Mário; Nani e Cristiano Ronaldo

França – Lloris; Sagna, Koscielny, Umtiti e Évra; Matuidi e Pogba; Sissoko, Griezmann e Payet; Giroud

A promessa cumprida

Fernando Santos cumpriu o que tinha prometido. Só volta amanhã, dia 11. Mas também garantiu que iria em casa em festa, por isso ainda falta essa parte do acordo. A Seleção tem sido criticada pela imprensa francesa pelo estilo de jogo, considerado demasiado defensivo, e apenas ganhou um jogo nos 90, precisamente frente a Gales, nas meias-finais.

A equipa francesa, depois de um início algo sofrível, eliminou na meia-final a Alemanha, com dois golos de Antoine Griezmann. O avançado chegou aos seis no torneio e é o melhor marcador. Didier Deschamps reúne finalmente consenso com a chegada à final, depois de ter sido inicialmente criticado por algumas decisões polémicas e até por fazer alinhar Griezmann nos primeiros jogos a partir da direita. Recorde-se que Les Bleus partiram para o seu Euro sem Varane, Sakho e Benzema, entre outros, e mesmo assim o técnico francês conseguiu fazer, para já, grande parte do caminho.

Do lado português, há ainda um recorde individual que pode ser batido. Cristiano Ronaldo, que viu o seu último golo ser considerado o melhor das meias-finais, pode marcar mais um e tornar-se o maior goleador de sempre, com dez golos.

O peso da história

O histórico, já se sabe, não é famoso para os portugueses. Cinco vitórias contra 18 dos franceses, registando-se ainda um empate. 28-49 em golos.

A Seleção tem três derrotas em meias-finais, duas em Europeus e uma de Mundial, com o seu adversário desta noite: 3-2, após prolongamento, em 1984; 2-1, novamente no tempo-extra, em 2000; e 1-0, em 2006. França bate Portugal há dez jogos consecutivos, o último em Lisboa por 1-0, com golo de Mathieu Valbuena. O derradeiro triunfo luso data de abril de 1975, no Parque dos Príncipes, com golos de Nené e Marinho.

Nas últimas três finais o vencido não marcou qualquer golo. Em 2000 disputou-se o último prolongamento, com o golo- de-ouro de David Trezeguet a decidir perante a Itália. E apenas um torneio se decidiu no desempate por penáltis, o de 1976, que sorriu à Checoslováquia e a Antonin Panenka.

Em festa, Fernando, OK?