*Enviado-especial ao Euro 2016

Lars Lagerback sublinhou que não vai dizer a ninguém fora do grupo o 11 que vai fazer alinhar esta terça-feira frente a Portugal, quando confrontado com uma questão sobre o esquema da equipa: iria jogar com um ou dois avançados.

Sendo que na fase de qualificação alinhou sempre em 4x4x2, com dois avançados, o selecionador islandês garantiu apenas que a sua equipa «vai querer jogar o mais agressivo que puder, com um ou dois avançados».

Lagerback também esclareceu as suas próprias declarações sobre a teatralidade de alguns jogadores portugueses, explicando que não se referindo especificamente à Seleção portuguesa, mas sim a Pepe e à sua atitude na final da Liga dos Campeões. «Digo há muitos anos que não gosto de teatro no campo, e que os jogadores que o fazem deveriam ser castigados, sobretudo quando tentam influenciar um cartão vermelho. Não falei de Portugal de nenhuma maneira. Portugal veio à conversa porque estava a falar de uma situação de Pepe na final da Liga dos Campeões. O que fez foi um facto e falei de factos. Quando alguém faz teatro para que um adversário veja um cartão amarelo ou seja expulsão, sobretudo numa competição pequena, é injusto. É muito chato quando se fica com um jogador suspenso por teatro», disse, depois de não ter percebido uma pergunta sobre o mesmo tema, sobre quem iria ser o melhor ator em campo amanhã: «Não sou especialista nessa área, temos de esperar e ver.»

O técnico brincou ainda com mais uma questão, sobre a capacidade que tem na motivação dos jogadores. «Se calhar deve perguntar aos jogadores. Eles talvez não tenham a mesma opinião. Temos as mesmas ideias desde que chegámos sobre a forma como jogamos, treinamos e qual a nossa atitude. Não há um discurso isolado, tentamos que seja parte de um processo que começou há bastante tempo. Não é fácil de explicar. Talvez como uma hora pudesse explicar muito mais. Para os jogadores, no sentido de que possam jogar bem, tivemos ontem a melhor conversa.»

Lars Lagerback rejeita ainda a ideia de um discurso motivacional antes de a equipa entrar em campo. «Não sou eu que falo, é o capitão quem diz as últimas palavras. Temos a equipa preparada, depois se dizemos algo é individual. Claro que se há algo inesperado na outra equipa falamos coletivamente, mas normalmente é Aron Gunnarson que fala para colocar o resto dos jogadores com os sentimentos certos quando o pontapé de saída se der.

Apesar de hesitar, o treinador sueco aceitou falar um pouco de si. «É difícil termos consciência de qual a nossa quota-parte nos resultados. Aprendi cedo que é importante trabalhar sobre factos, e depois sim se mantivermos os olhos e os ouvidos abertos aprendemos mais. Estou neste trabalho há muitos anos, e sei que os factos não mentem. Por enquanto, e até ao final do Euro [abandona o cargo] vou ficar com os factos para mim.»

O responsável acrescentou ainda ao discurso do médio Gylfi Sigurdsson sobre a importância dos adeptos para a equipa, com um remate, que aludiu às cenas recentes de violência em Marselha. «Tenho a certeza que o povo islandês vai comportar-se muito bem, e que os franceses vão gostar muito dele.»